1. (Upe-ssa 1 2022) Leia o texto de Marilena Chauí a seguir:
[...] Os chineses desenvolveram um pensamento muito profundo sobre a existência de coisas, seres e ações contrários ou opostos, que formam a realidade. Deram às oposições o nome de dois princípios: Yin e Yang. Yin é o princípio feminino passivo na Natureza, representado pela escuridão, o frio e a umidade; Yang é o princípio masculino ativo na Natureza, representado pela luz, pelo calor e pelo seco. Os dois princípios se combinam e formam todas as coisas, que, por isso, são feitas de contrários ou de oposições. O mundo, portanto, é feito da atividade masculina e da passividade feminina.
Tomemos agora um filósofo grego, por exemplo, o próprio Pitágoras. Que diz ele? Que a Natureza é feita de um sistema de relações ou de proporções matemáticas produzidas a partir da unidade (o número 1 e o ponto), da oposição entre os números pares e ímpares, e da combinação entre as superfícies e os volumes (as figuras geométricas), de tal modo que essas proporções e combinações aparecem para nossos órgãos dos sentidos sob a forma de qualidades contrárias: quente-frio, seco-úmido, áspero-liso, claro-escuro, grande-pequeno, doce-amargo, duro-mole etc. Para Pitágoras, o pensamento alcança a realidade em sua estrutura matemática, enquanto nossos sentidos, ou nossa percepção, alcançam o modo como a estrutura matemática da Natureza aparece para nós, isto é, sob a forma de qualidades opostas.
Qual a diferença entre o pensamento chinês e o do filósofo grego?
O
pensamento chinês toma duas características (masculino e feminino) existentes
em alguns seres (os animais e os humanos) e considera que o Universo inteiro é
feito da oposição entre qualidades atribuídas a dois sexos diferentes, de sorte
que o mundo é organizado pelo princípio da sexualidade animal ou humana. O
pensamento de Pitágoras apanha a Natureza numa generalidade muito mais ampla
que a sexualidade própria a alguns seres da Natureza e faz distinção entre as
qualidades sensoriais que nos aparecem e a estrutura invisível da Natureza,
que, para ele, é de tipo matemático e alcançada apenas pelo intelecto, ou
inteligência.
Convite à Filosofia – Marilena Chauí (Adaptado).
Assinale
a alternativa que corresponde ao debate estabelecido por Chauí no texto acima.
a)
Embora existam diversas formas de pensar, a filosofia é um fenômeno
grego e, portanto, ocidental.
b)
O fato de a filosofia ocorrer no mundo ocidental é prova da
superioridade intelectual da cultura grega.
c)
A filosofia existia em toda parte do mundo, contudo, foram os gregos que
melhor a definiram.
d)
A filosofia chinesa é bem mais elaborada que a filosofia grega, pois
existia há muito mais tempo.
e) O pensamento de Pitágoras é considerado filosofia, pois, assim como o pensamento chinês, estabelece uma relação entre a natureza e a matemática.
2. (Upe-ssa 1 2022) A Filosofia aparece na Grécia por volta do século VII, antes de nossa era. Os primeiros filósofos foram designados pré-socráticos; Tales, Heráclito e Parmênides são alguns desses primeiros filósofos. Embora cada um deles tivesse um pensamento bastante peculiar, havia um problema comum que norteava a filosofia em seus primeiros anos de vida.
Assinale
a alternativa que corresponde ao debate fundamental dos pré-socráticos.
a)
Procuravam definir o princípio de todas as coisas, isto é, aquilo pelo
qual existem e subsistem todas as coisas.
b)
Procuravam definir a essência de Deus, ou seja, como é possível criar o
mundo a partir de seu exterior.
c)
Procuravam estabelecer quais as melhores leis para a Pólis, isto é, qual
a melhor forma de governo.
d)
Procuravam distinguir a essência humana da essência dos outros seres,
quer dizer, as características basilares do gênero humano.
e) Procuravam estabelecer um método científico, ou seja, comprovar empiricamente a importância da filosofia.
3.
(Unesp 2022) A filosofia, além do privilégio histórico de ter
sido a primeira tentativa de compreensão do mito, tem consciência, desde a sua
origem, do seu parentesco com ele. A filosofia, se não é filha, é, pelo menos,
irmã mais nova do mito e estabeleceu desde o seu berço uma fascinante relação
de amizade e confronto com esse irmão mais velho. O alvorecer da filosofia na
tradição ocidental mistura as suas luzes e sombras com as do mito que a
precedeu na odisseia da humanidade.
(Marcelo Perine. “Mito e filosofia”. In: Philosophos, 2002. Adaptado.)
A
relação apresentada no texto expressa uma passagem transformadora na filosofia
referente à
a)
organização da pólis.
b)
reflexão sobre a ética.
c)
expansão do território grego.
d)
valorização das figuras divinas.
e) racionalização da natureza.
4. (Uece 2022) “Como
se sabe , a palavra mŷthos raramente
foi empregada por Heródoto. Caracterizar um logos
(narrativa) como mŷthos era para ele
um meio claro de rejeitá-lo como duvidoso e inconvincente. [...] Situado em
algum lugar além do que é visível, um mýthos
não pode ser provado. [...] Não obstante, Heródoto sempre se refere à sua
própria narrativa como lógos ou lógoi. [...] Parte de um lógos podia ser circunscrito como mŷthos e, ao mesmo tempo, o autor podia
ser designado como logopoiós, ou
seja, como alguém que expõe uma forma de conhecimento sem fundamento apropriado
ou de impossível verificação. ”
HARTOG, F. Os
antigos, o passado e o presente. Trad. bras. Sonia Lacerda et al. Brasília,
Editora da UnB, 2003, p. 37-38.
Com base no que diz François Hartog, é correto
afirmar que
a)
mŷthos
se refere a uma narrativa improvável, inverificável, e lógos a uma narrativa ou argumento que pretende possuir fundamento.
b)
a distinção entre mŷthos e lógos é arbitrária, pois não se
fundamenta em nenhum uso culto da língua grega no período clássico.
c)
há um processo cultural em que mŷthos
e logos se aproximam semanticamente
na língua grega, terminando por se identificarem.
d) a distinção entre mŷthos e lógos não tem importância para Heródoto, sendo-lhe bem relativa, embora efetivamente existente.
5.
(Unichristus - Medicina 2022) Os estudos acadêmicos
convencionam que o período pré-socrático foi o primeiro período da Filosofia
ocidental. Os primeiros filósofos surgiram na Grécia, há mais ou menos 2600
anos. Uma série de fatores levou os gregos a criarem um modo de pensar autônomo
e racional.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia. Acesso em: 29 maio 2021.
Entre
os fatores aludidos no texto, evidencia-se a
a)
preocupação com verdades absolutas, que apenas a fé pode explicar.
b)
crença no sagrado, na qual as “coisas” são explicadas por si só.
c)
necessidade de contrapor as ideias mitológicas acerca da origem do
Universo.
d)
ideia de infalibilidade e de exatidão, pois se trata da busca por uma
verdade sobrenatural.
e) unidade de povos que compunham a região da Grécia Antiga.
6.
(Uece 2021) Considere o seguinte trecho da obra de John Burnet
sobre o surgimento da filosofia na Grécia: “Foi somente após se desarticularem
a visão tradicional do mundo e as normas costumeiras de vida que os gregos
começaram a sentir as necessidades que a filosofia da natureza e da conduta
procuram satisfazer”.
Burnet, J. A aurora da filosofia grega. Trad. bras. Vera Ribeiro. Rio de janeiro: Editora PUC-Rio, 2006.
No
que diz respeito ao surgimento da filosofia na Grécia, a tese de John Burnet
defende que
a)
a filosofia rearticula a visão tradicional do mundo e as formas de
conduta.
b)
há uma ruptura entre a filosofia da natureza e da conduta e a visão
tradicional.
c)
a filosofia mantém, transmutando-a numa nova forma dircursiva, a
mitologia.
d) a filosofia, embora tenha mudado a visão da natureza, mantém a ética anterior.
7.
(Uece 2021) “Na origem, mythos
não se opõe a logos. As duas palavras
significam ‘palavra’, ‘relato’, qual seja seu conteúdo. É somente no curso do
século V que, entre certos autores, seus campos de aplicação vão se dissociar, mythos passando a designar [...] o que
se opõe [...] aos domínios do demonstrado, do verificado, do verossímil, do
conveniente”.
Vernant, J.-P. Fronteiras do mito. In: Vernant, J.-P.; Funari, P. P.; Hingley, R. Repensando o mundo antigo. Trad. bras. Renata C. Beleboni e Renata S. Garraffoni. Campinas, SP: IFCH/Unicamp, 2005.
Acerca
das relações históricas, filológicas e filosóficas entre mythos e lógos, é correto
afirmar, com base em Jean-Pierre Vernant, que
a)
mythos
e lógos mantêm o mesmo significado,
permanecendo para toda forma de discurso, apesar das tentativas de alguns
autores de os diferenciar.
b)
mythos
e lógos se diferenciam quando surgem
a filosofia e a oposição entre verdade e falsidade, com toda a forma de mito
recusada como falsa.
c)
lógos
se diferencia do mythos no processo
histórico de constituição da pólis grega, com o aumento de importância da
argumentação e da demonstração.
d) mythos antecede e prepara o lógos, de modo que o discurso argumentativo é apenas a forma política das antigas representações narradas de mundo.
8. (Uece 2020) Leia a seguinte passagem, que relaciona o regramento democrático ao desenvolvimento de uma prática social baseada na razão:
“A
democracia representa exatamente a possibilidade de se resolverem, através do
entendimento mútuo, e de leis iguais para todos, as diferenças e divergências
existentes em nome de um interesse comum. As decisões serão tomadas por
consenso, o que acarreta persuadir, convencer, justificar, explicar.
Anteriormente, havia a imposição, a violência, a obediência. A linguagem, o
diálogo e a discussão rompem com a violência na medida em que todos os falantes
têm, no diálogo, os mesmos direitos (isegoria): interrogar, questionar,
contra-argumentar. A razão se sobrepõe à força”.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à história da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar Ed.1998. Adaptado.
Considerando a passagem acima, analise as seguintes afirmações:
I.
O surgimento de todas as formas de manifestação cultural, entre elas a
filosofia, a arte e a narrativa histórica deve ser entendido a partir do
contexto social e histórico no qual determinada sociedade está imersa.
II.
O alvorecer da filosofia, no mundo antigo, teve como motivação o
desenvolvimento de uma vida social democrática, mais voltada à harmonia e
conciliação de interesses diversos, o que requeria o uso do argumento racional.
III.
O processo democrático na Grécia antiga inaugurou a obediência ao poder de
todos e para todos e isso se refletiu no surgimento de um pensamento racional
que, embora fosse inovador, continuava prisioneiro de uma visão autoritária de
sociedade.
É
correto o que se afirma em
a)
I e III apenas.
b)
I e II apenas.
c)
II e III apenas.
d) I, II e III.
9.
(Uece 2020) Atente para a seguinte passagem, que trata do
alvorecer da filosofia: “A derrocada do sistema micênico ultrapassa,
largamente, em suas consequências, o domínio da história política e social. Ela
repercute no próprio homem grego; modifica seu universo espiritual, transforma
algumas de suas atitudes psicológicas. A Grécia se reconhece numa certa forma
de vida social, num tipo de reflexão que definem a seus próprios olhos sua
originalidade, sua superioridade sobre o mundo bárbaro: no lugar do Rei cuja
onipotência se exerce sem controle, sem limite, no recesso de seu palácio, a
vida política grega pretende ser o objeto de um debate público, em plena luz do
Sol, na Ágora, da parte de cidadãos definidos como iguais e de quem o Estado é
a questão comum; no lugar das antigas cosmogonias associadas a rituais reais e
a mitos de soberania, um pensamento novo procura estabelecer a ordem do mundo
em relações de simetria, de equilíbrio, de igualdade entre os diversos
elementos que compõem o cosmos”.
VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996, p.6/adaptado.
Com
base na passagem acima, é correto afirmar que
a)
a filosofia decorre fundamentalmente de um longo processo de evolução
dos mitos antigos, não havendo relação direta entre seu desenvolvimento e o
processo social e político dos povos que deram origem à civilização grega.
b)
o poder despótico, característico dos povos da antiguidade, consolidou
de forma gradual e constante o surgimento de movimentos sociais de contestação
na Grécia antiga, o que foi fundamental para o surgimento da razão filosófica,
no período clássico.
c)
a mudança de pensamento do povo grego e a originalidade de sua reflexão
sobre o cosmo se relacionam às transformações da vida política grega, na qual o
debate público por parte de cidadãos iguais substituiu a onipotência do poder
real ancorada em mitos de soberania.
d) não há diferenças significativas entre os sistema de organização social dos povos que viveram na Grécia micênica e os processos sociais que vigoraram nos períodos subsequentes, seja no período homérico, seja nos períodos arcaico e período clássico.
10.
(Ufpr 2019) Quando soube daquele oráculo, pus-me a refletir
assim: “Que quererá dizer o Deus? Que sentido oculto pôs na resposta? Eu cá não
tenho consciência de ser nem muito sábio nem pouco; que quererá ele então
significar declarando-me o mais sábio? Naturalmente não está mentindo, porque
isso lhe é impossível”. Por longo tempo fiquei nessa incerteza sobre o sentido;
por fim, muito contra meu gosto, decidi-me por uma investigação, que passo a
expor.
(PLATÃO. Defesa de Sócrates. Trad. Jaime Bruna. Coleção Os Pensadores. Vol. II. São Paulo: Victor Civita, 1972, p. 14.)
O texto acima pode ser tomado como
um exemplo para ilustrar o modo como se estabelece, entre os gregos, a passagem
do mito para a filosofia. Essa passagem é caracterizada:
a)
pela transição de um tipo de conhecimento racional para um conhecimento
centrado na fabulação.
b)
pela dedicação dos filósofos em resolver as incertezas por meio da
razão.
c)
pela aceitação passiva do que era afirmado pela divindade.
d)
por um acento cada vez maior do valor conferido ao discurso de cunho
religioso.
e) pelo ateísmo radical dos pensadores gregos, sendo Sócrates, inclusive, condenado por isso.
11.
(Uece 2019) “É no plano político que a Razão, na Grécia,
primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou-se. A experiência social só
pôde tornar-se entre os gregos objetos de uma reflexão positiva, porque se
prestava, na cidade, a um debate público de argumentos. O declínio do mito data
do dia em que os primeiros Sábios puseram em discussão a ordem humana,
procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la em fórmulas acessíveis à sua
inteligência, aplicar-lhe a norma do número e da medida.”
VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 1989, p. 94.
Com
base nessa citação, é correto afirmar que a filosofia nasce
a)
após o declínio das ideias mitológicas, não havendo nenhuma linha de
continuidade entre estas últimas e as novas ciências gregas.
b)
das representações religiosas míticas que se transpõem nas novas
representações cosmológicas jônicas.
c)
da experiência do espanto, a maravilha com um mundo ordenado e,
portanto, belo.
d) da experiência política grega de debate, argumentação e contra-argumentação, que põe em crise as representações míticas.
12.
(Uece 2019) “Como se sabe, a palavra mythos raramente
foi empregada por Heródoto (apenas duas vezes). Caracterizar um logos (narrativa)
como mythos era para ele um meio claro de rejeitá-lo como duvidoso e
inconvincente. [...] Situado em algum lugar além do que é visível, um mythos
não pode ser provado.”
HARTOG, F. Os antigos, o passado e o presente. Brasília, Editora da UnB, 2003, p. 37.
Sobre
a diferença entre mythos e logos acima sugerida, é INCORRETO
afirmar que
a)
o problema do mythos era limitar-se ao que é visível e, por isso,
não podia ser pensado.
b)
filosofia e história nasceram, na Grécia clássica, com base numa mesma
reivindicação do logos contra o mythos.
c)
o mythos não poderia ser submetido à clarificação argumentativa e
à prova — demonstração — discursiva.
d) em contraposição ao mythos, o logos era um uso argumentativo da linguagem, capaz de criar as condições do convencimento.
13. (Upe-ssa 1 2017) Observe o texto a seguir sobre a gênese do pensamento filosófico.
Com a filosofia, novo critério de
verdade se impunha: o critério da logicidade. Verdade é aquilo, que concorda
com as leis do lógos (pensamento, razão). É a razão, que nos dá garantia da
verdade, porque o real é racional.
LARA, Tiago Adão. A Filosofia nas
suas origens gregas, 1989, p. 54.
Sobre
a gênese do pensamento filosófico, está CORRETO afirmar que
a)
a evidência da verdade com o crivo da racionalidade tem resposta no
mito.
b)
o critério da logicidade está presente na adesão à crença e ao mito.
c)
a gênese do pensar filosófico e a inspiração criadora de sentidos
consistem na fantasia.
d)
a origem do pensamento filosófico surge entre os gregos, no século VI
a.C., na busca por explicação do sobrenatural com a força do divino.
e) o despertar da filosofia grega surge na verdade argumentada da razão com o critério da interpretação.
14. (Uem 2017) Platão registra, em seu diálogo Crátilo, a análise de Sócrates acerca do valor das lições dos sofistas:
“Sócrates
– O ensino sobre os termos não é assunto de pouca importância. Se eu tivesse
ouvido a lição de Pródico [de Ceós] de cinquenta dracmas, a qual garantia ao
ouvinte ficar inteiramente formado acerca deste assunto, como ele assevera,
nada te impediria de saber imediatamente toda a verdade acerca do uso correto
das palavras. Mas só ouvi a lição no valor de um dracma.”
PLATÃO, Crátilo, 483B apud FIGUEIREDO, V. de (org.). Filósofos na sala de aula. São Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2007, vol. 2, p. 28.
Com
fundamento no texto acima, assinale o que for correto.
01)
Não havia na sofística qualquer alusão à lógica e ao estudo da
argumentação, restando apenas lugar à retórica, voltada à noção de argumento
correto no contexto dos intensos debates públicos das assembleias democráticas.
02)
A preocupação com o uso da palavra ocorre no contexto da pólis grega,
em que isegoria e participação política contrapunham o discurso mitológico ao
discurso político. Neste prevaleciam a sagacidade, a discussão e a
argumentação.
04)
O “ensino sobre os termos” era voltado ao desenvolvimento da
argumentação, da habilidade retórica e da análise de doutrinas divergentes ou
antilogias. Insuficiências nesse aprendizado eram prejudiciais aos negócios
públicos e privados.
08)
Ao cobrarem pelo ensino de conceitos e de estratégias para estabelecer
as teses pretendidas, os sofistas contribuíram para valorizar o saber,
inaugurando uma forma de magistério que despertou a admiração de filósofos como
Platão e Aristóteles.
16) O apreço dos sofistas pelos discursos duplos (dissoi logoi) demonstra certa tendência antidogmática, o que teria levado esses autores, filósofos e pensadores, à formulação de concepções flexíveis sobre o gênero humano, a sociedade e a realidade.
15. (Upe-ssa 1 2016) Sobre a gênese da filosofia entre os gregos, observe o texto a seguir:
Seja
como termo, seja como conceito, a filosofia é considerada pela quase totalidade
dos estudiosos como uma criação própria do gênio dos gregos. Quem não levar
isso em conta não poderá compreender por que, sob o impulso dos gregos, a
civilização ocidental tomou uma direção completamente diferente da oriental.
(ANTISERI, Dario e RELAE, Giovanni. História da Filosofia, 1990, p. 11).
Sobre
a gênese do pensamento filosófico entre os gregos, é CORRETO afirmar que
a)
a experiência concreta da racionalidade estava isenta da vida política
na Pólis Grega.
b)
a prática político-democrática, atrelada ao enfoque irracional da vida
em sociedade, foi o terreno fértil para a gênese do pensamento filosófico.
c)
sob o impulso dos gregos, a dimensão racional se impõe como critério de
verdade. A filosofia é fruto desse projeto da razão.
d)
a filosofia é fruto do momento cultural em que a sensibilidade e a
fantasia impõem-se sobre a razão.
e) na gênese do pensamento filosófico grego, na civilização ocidental, a forma de sabedoria que se sobrepunha à ciência filosófica, eram as convicções religiosas fundamentadas na razão pura.
16. (Uema 2015) Leia a fábula de La Fontaine, uma possível explicação para a expressão ¯ ”o amor é cego”.
No amor tudo é mistério: suas flechas e
sua aljava, sua chama e sua infância eterna. Mas por que o amor é cego?
Aconteceu que num certo dia o Amor e a Loucura brincavam juntos. Aquele ainda
não era cego. Surgiu entre eles um desentendimento qualquer. Pretendeu então o
Amor que se reunisse para tratar do assunto o conselho dos deuses. Mas a
Loucura, impaciente, deu-lhe uma pancada tão violenta que lhe privou da visão.
Vênus, mãe e mulher, pôs-se a clamar por vingança, aos gritos. Diante de
Júpiter, de Nêmesis – a deusa da vingança – e de todos os juízos do inferno,
Vênus exigiu que aquele crime fosse reparado. Seu filho não podia ficar cego.
Depois de estudar detalhadamente o caso, a sentença do supremo tribunal celeste
consistiu em declarar a loucura a servir de guia ao Amor.
Fonte: LA FONTAINE, Jean de. O amor e a loucura. In: Os melhores contos de loucura. Flávio Moreira da Costa (Org.). Rio de Janeiro: Ediouro, 2007.
A fábula traz uma explicação oriunda
dos deuses para uma realidade humana. Esse tipo de explicação classifica-se
como
b) filosófica.
c) mitológica.
d) científica.
e) crítica.
17. (Uel 2015) Leia os textos a seguir.
Sim bem primeiro nasceu Caos, depois
também Terra de amplo seio, de todos sede irresvalável sempre.
HESÍODO. Teogonia: a origem dos deuses. 3.ed. Trad. de Jaa Torrano. São Paulo: Iluminuras, 1995. p.91.
Segundo a mitologia ioruba, no início
dos tempos havia dois mundos: Orum, espaço sagrado dos orixás, e Aiyê, que
seria dos homens, feito apenas de caos e água. Por ordem de Olorum, o deus
supremo, o orixá Oduduá veio à Terra trazendo uma cabaça com ingredientes
especiais, entre eles a terra escura que jogaria sobre o oceano para garantir
morada e sustento aos homens.
“A Criação do Mundo”. SuperInteressante. jul. 2008. Disponível em: <http://super.abril.com.br/religiao/criacaomundo-447670.shtm>. Acesso em: 1 abr. 2014.
No começo do tempo, tudo era caos, e
este caos tinha a forma de um ovo de galinha. Dentro do ovo estavam Yin e Yang,
as duas forças opostas que compõem o universo. Yin e Yang são escuridão e luz,
feminino e masculino, frio e calor, seco e molhado.
PHILIP, N. O Livro Ilustrado dos Mitos: contos e lendas do mundo. Ilustrado por Nilesh Mistry. Trad. de Felipe Lindoso. São Paulo: Marco Zero, 1996. p.22.
Com base nos textos e nos conhecimentos
sobre a passagem do mito para o logos na filosofia, considere as afirmativas a
seguir.
I.
As diversas narrativas míticas da
origem do mundo, dos seres e das coisas são genealogias que concebem o nascimento
ordenado dos seres; são discursos que buscam o princípio que causa e ordena
tudo que existe.
II.
Os mitos representam um relato de algo
fabuloso que afirmam ter ocorrido em um passado remoto e impreciso, em geral
grandes feitos apresentados como fundamento e começo da história de dada
comunidade.
III.
Para Platão, a narrativa mitológica foi considerada, em certa medida, um modo
de expressar determinadas verdades que fogem ao raciocínio, sendo, com
frequência, algo mais do que uma opinião provável ao exprimir o vir-a-ser.
IV. Quando tomado como um relato alegórico, o mito é reduzido a um conto fictício desprovido de qualquer correspondência com algum tipo de acontecimento, em que inexiste relação entre o real e o narrado.
Assinale a alternativa correta.
b) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
18. (Ueg 2015) A cultura grega marca a
origem da civilização ocidental e ainda hoje podemos observar sua influência
nas ciências, nas artes, na política e na ética. Dentre os legados da cultura
grega para o Ocidente, destaca-se a ideia de que
a) a natureza opera obedecendo a leis e princípios
necessários e universais que podem ser plenamente conhecidos pelo nosso
pensamento.
b) nosso pensamento também opera obedecendo a
emoções e sentimentos alheios à razão, mas que nos ajudam a distinguir o
verdadeiro do falso.
c) as práticas humanas, a ação moral, política, as
técnicas e as artes dependem do destino, o que negaria a existência de uma
vontade livre.
d) as ações humanas escapam ao controle da razão, uma vez que agimos obedecendo aos instintos como mostra hoje a psicanálise.
19. (Uel 2015) Leia o texto a seguir e responda à próxima questão.
De onde vem o mundo? De onde vem o
universo? Tudo o que existe tem que ter um começo. Portanto, em algum momento,
o universo também tinha de ter surgido a partir de uma outra coisa. Mas, se o
universo de repente tivesse surgido de alguma outra coisa, então essa outra
coisa também devia ter surgido de alguma outra coisa algum dia. Sofia entendeu
que só tinha transferido o problema de lugar. Afinal de contas, algum dia,
alguma coisa tinha de ter surgido do nada. Existe uma substância básica a
partir da qual tudo é feito? A grande questão para os primeiros filósofos não
era saber como tudo surgiu do nada. O que os instigava era saber como a água
podia se transformar em peixes vivos, ou como a terra sem vida podia se
transformar em árvores frondosas ou flores multicoloridas.
Adaptado de: GAARDER, J. O Mundo de Sofia. Trad. de João Azenha Jr. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. p.43-44.
Com base no texto e nos conhecimentos
sobre o surgimento da filosofia, assinale a alternativa correta.
a) Os pensadores pré-socráticos explicavam os
fenômenos e as transformações da natureza e porque a vida é como é, tendo como
limitador e princípio de verdade irrefutável as histórias contadas acerca do
mundo dos deuses.
b) Os primeiros filósofos da natureza tinham a
convicção de que havia alguma substância básica, uma causa oculta, que estava
por trás de todas as transformações na natureza e, a partir da observação,
buscavam descobrir leis naturais que fossem eternas.
c) Os teóricos da natureza que desenvolveram seus
sistemas de pensamento por volta do século VI a.C. partiram da ideia unânime de
que a água era o princípio original do mundo por sua enorme capacidade de
transformação.
d) A filosofia da natureza nascente adotou a imagem
homérica do mundo e reforçou o antropomorfismo do mundo dos deuses em
detrimento de uma explicação natural e regular acerca dos primeiros princípios
que originam todas as coisas.
e) Para os pensadores jônicos da natureza, Tales,
Anaxímenes e Heráclito, há um princípio originário único denominado o
ilimitado, que é a reprodução da aparência sensível que os olhos humanos podem
observar no nascimento e na degeneração das coisas.
20. (Ueg 2013) O ser humano, desde sua
origem, em sua existência cotidiana, faz afirmações, nega, deseja, recusa e
aprova coisas e pessoas, elaborando juízos de fato e de valor por meio dos
quais procura orientar seu comportamento teórico e prático. Entretanto, houve
um momento em sua evolução histórico-social em que o ser humano começa a
conferir um caráter filosófico às suas indagações e perplexidades, questionando
racionalmente suas crenças, valores e escolhas. Nesse sentido, pode-se afirmar
que a filosofia
a) é algo inerente ao ser humano desde sua origem e
que, por meio da elaboração dos sentimentos, das percepções e dos anseios
humanos, procura consolidar nossas crenças e opiniões.
b) existe desde que existe o ser humano, não
havendo um local ou uma época específica para seu nascimento, o que nos
autoriza a afirmar que mesmo a mentalidade mítica é também filosófica e exige o
trabalho da razão.
c) inicia sua investigação quando aceitamos os
dogmas e as certezas cotidianas que nos são impostos pela tradição e pela
sociedade, visando educar o ser humano como cidadão.
d) surge quando o ser humano começa a exigir provas e justificações racionais que validam ou invalidam suas crenças, seus valores e suas práticas, em detrimento da verdade revelada pela codificação mítica.
21. (Ueg 2013) O surgimento da
filosofia entre os gregos (Séc. VII a.C.) é marcado por um crescente processo
de racionalização da vida na cidade, em que o ser humano abandona a verdade
revelada pela codificação mítica e passa a exigir uma explicação racional para
a compreensão do mundo humano e do mundo natural. Dentre os legados da
filosofia grega para o Ocidente, destaca-se:
a) a concepção política expressa em A República, de
Platão, segundo a qual os mais fortes devem governar sob um regime político
oligárquico.
b) a criação de instituições universitárias como a
Academia, de Platão, e o Liceu, de Aristóteles.
c) a filosofia, tal como surgiu na Grécia,
deixou-nos como legado a recusa de uma fé inabalável na razão humana e a crença
de que sempre devemos acreditar nos sentimentos.
d) a recusa em apresentar explicações preestabelecidas mediante a exigência de que, para cada fato, ação ou discurso, seja encontrado um fundamento racional.
22. (Unb 2012) No início do século XX, estudiosos esforçaram-se em mostrar a continuidade, na Grécia Antiga, entre mito e filosofia, opondo-se a teses anteriores, que advogavam a descontinuidade entre ambos.
A continuidade entre mito e filosofia, no entanto, não foi entendida univocamente. Alguns estudiosos, como Cornford e Jaeger, consideraram que as perguntas acerca da origem do mundo e das coisas haviam sido respondidas pelos mitos e pela filosofia nascente, dado que os primeiros filósofos haviam suprimido os aspectos antropomórficos e fantásticos dos mitos.
Ainda no século XX, Vernant, mesmo
aceitando certa continuidade entre mito e filosofia, criticou seus
predecessores, ao rejeitar a ideia de que a filosofia apenas afirmava, de outra
maneira, o mesmo que o mito. Assim, a discussão sobre a especificidade da
filosofia em relação ao mito foi retomada.
Considerando o breve histórico acima,
concernente à relação entre o mito e a filosofia nascente, assinale a opção que
expressa, de forma mais adequada, essa relação na Grécia Antiga.
a) O mito é a expressão mais acabada da
religiosidade arcaica, e a filosofia corresponde ao advento da razão liberada
da religiosidade.
b) O mito é uma narrativa em que a origem do mundo
é apresentada imaginativamente, e a filosofia caracteriza-se como explicação
racional que retoma questões presentes no mito.
c) O mito fundamenta-se no rito, é infantil,
pré-lógico e irracional, e a filosofia, também fundamentada no rito, corresponde
ao surgimento da razão na Grécia Antiga.
d) O mito descreve nascimentos sucessivos, incluída a origem do ser, e a filosofia descreve a origem do ser a partir do dilema insuperável entre caos e medida.
23. (Unicentro 2012) A passagem do Mito
ao Logos na Grécia antiga foi fruto de um amadurecimento lento e processual.
Por muito tempo, essas duas maneiras de explicação do real conviveram sem que
se traçasse um corte temporal mais preciso. Com base nessa afirmativa, é
correto afirmar:
a) O modo de vida fechado do povo grego facilitou a
passagem do Mito ao Logos.
b) A passagem do Mito ao Logos, na Grécia, foi
responsabilidade dos tiranos de Siracusa.
c) A economia grega estava baseada na
industrialização, e isso facilitou a passagem do Mito ao Logos.
d) O povo grego antigo, nas viagens, se encontrava
com outros povos com as mesmas preocupações e culturas, o que contribuiu para a
passagem do Mito ao Logos.
e) A atividade comercial e as constantes viagens oportunizaram a troca de informações/conhecimentos, a observação/assimilação dos modos de vida de outros povos, contribuindo, assim, de modo decisivo, para a construção da passagem do Mito ao Logos.
24. (Unesp 2012) Aedo e adivinho têm em
comum um mesmo dom de “vidência”, privilégio que tiveram de pagar pelo preço
dos seus olhos. Cegos para a luz, eles veem o invisível. O deus que os inspira
mostra-lhes, em uma espécie de revelação, as realidades que escapam ao olhar
humano. Sua visão particular age sobre as partes do tempo inacessíveis às criaturas
mortais: o que aconteceu outrora, o que ainda não é.
(Jean-Pierre Vernant. Mito e pensamento entre os gregos, 1990. Adaptado.)
O texto refere-se à cultura grega
antiga e menciona, entre outros aspectos,
a) o papel exercido pelos poetas, responsáveis pela
transmissão oral das tradições, dos mitos e da memória.
b) a prática da feitiçaria, estimulada
especialmente nos períodos de seca ou de infertilidade da terra.
c) o caráter monoteísta da sociedade, que impedia a
difusão dos cultos aos deuses da tradição clássica.
d) a forma como a história era escrita e lida entre
os povos da península balcânica.
e) o esforço de diferenciar as cidades-estados e reforçar o isolamento e a autonomia em que viviam.
25. (Ifsp 2011) Comparando-se mito e
filosofia, é correto afirmar o seguinte:
a) A autoridade do mito depende da confiança
inspirada pelo narrador, ao passo que a autoridade da filosofia repousa na
razão humana, sendo independente da pessoa do filósofo.
b) Tanto o mito quanto a filosofia se ocupam da
explicação de realidades passadas a partir da interação entre forças naturais
personalizadas, criando um discurso que se aproxima do da história e se opõe ao
da ciência.
c) Enquanto a função do mito é fornecer uma explicação
parcial da realidade, limitando-se ao universo da cultura grega, a filosofia
tem um caráter universal, buscando respostas para as inquietações de todos os
homens.
d) Mito e filosofia dedicam-se à busca pelas
verdades absolutas e são, em essência, faces distintas do mesmo processo de
conhecimento que culminou com o desenvolvimento do pensamento científico.
e) A filosofia é a negação do mito, pois não aceita
contradições ou fabulações, admitindo apenas explicações que possam ser
comprovadas pela observação direta ou pela experiência.
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