A humanidade, para esse autor, está em constante evolução, o que seria caracterizado pelo aumento dos papéis sociais ou funções. Por exemplo, para Durkheim, existem sociedades que organizam-se sob a forma de um tipo de solidariedade denominada mecânica e outras sociedades organizam-se sob a forma de solidariedade orgânica.
As sociedades organizadas sob a forma de solidariedade mecânica seriam aquelas nas quais existiriam poucos papéis sociais. Segundo Durkheim, nessas sociedades, os membros viveriam de maneira semelhante e, geralmente, ligados por crenças e sentimentos comuns, o que ele chama de consciência coletiva. Neste tipo de sociedade existiria pouco espaço para individualidades, pois qualquer tentativa de atitude “individualista” seria percebida e corrigida pelos demais membros.
A organização de algumas aldeias indígenas poderiam servir de exemplo de como se dá a solidariedade mecânica: grupos de pessoas vivendo e trabalhando semelhantemente, ligados por suas crenças e valores. Nesses grupos, se alguém começasse a agir por conta própria, seria fácil perceber quem estaria “tumultuando” o modo de vida local. Outro exemplo que pode caracterizar a solidariedade mecânica são os mutirões para colheita em regiões agrárias ou para reconstruir casas devastadas por vendavais e, ainda, são exemplos também as campanhas para coletar alimentos.
Diferentemente das sociedades organizadas em solidariedade mecânica, nas sociedades de solidariedade orgânica – típicas do mundo moderno - existem muitos papéis sociais. Pense na quantidade de tarefas que pode haver nas áreas urbanas, nas cidades: são muitas as funções e atividades. Durkheim acreditava que mesmo com uma grande divisão e variedade de atividades, todas elas deveriam cooperar entre si. Por isso, deu o nome de orgânica (como se fosse um organismo).
Mas, nessas sociedades, diante da existência de inúmeros papéis sociais, diminui o grau de controle da sociedade sobre cada pessoa. A individualidade, sob menor controle, passa a ser uma porta para que a pessoa pretenda aumentar, ainda mais, o seu raio de ação ou de posições dentro da sociedade.
Uma das maiores expressões da anomia no mundo moderno, segundo Durkheim, seria esta: o egoísmo das pessoas. E a causa desta atitude seria a fragilidade das normas e controles sobre a individualidade, normas e controles que nas sociedades de solidariedade mecânica funcionam com maior eficácia.
Qual seria, então, a solução para o mundo moderno, segundo Durkheim?
Já que ele compara a sociedade com um corpo, deve haver algo nela que não está cumprindo sua função e gerando a patologia (a anomia, a doença). O corpo precisa de diagnóstico e remédio. Segundo ele, a Sociologia teria esse papel, ou seja, o de encontrar as “partes” da sociedade que estão produzindo fatos sociais patológicos e apontar para a solução do problema. Durkheim chegou a fazer, para as escolas francesas, propostas de valores tais como ‘o respeito da razão, da ciência, das ideias e sentimentos em que se baseia a moral democrática’, visando contribuir à restauração da ordem social naquela sociedade.
Livro didático público. Disponível em SEED-PR
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