1. (Unicamp 2022) Texto I
Texto II
Para que as memórias e tradições permaneçam vivas, o Museu da Pessoa, a Rádio Yandê e Ailton Krenak vão realizar uma formação virtual em memória e mídias para que jovens das comunidades originárias registrem as histórias de vida de seus anciãos e anciãs.
O ditado “Cada ancião que morre é uma biblioteca que se queima” é válido para os povos indígenas, portanto nosso lema é “Cada ancião que se preserva é uma biblioteca que se salva”. Na tradição dos povos indígenas, todo conhecimento de plantas, de cura, de mitos e narrativas é produzido de maneira oral. “A gente não sabe até quando que vão ter esse conhecimento completo. A gente vai morrendo e vai se apagando tudo. A gente não é igual vocês, que fica tudo guardado em algum lugar (...)”.
No texto II (Projeto
Vidas Indígenas), é utilizada uma metáfora que relaciona “ancião” e
“biblioteca”. As citações a seguir tratam da importância de anciãos e anciãs
indígenas para a transmissão do conhecimento. Assinale aquela que também faz
uso de uma metáfora.
a) “Perder
um ancião é o mesmo que fechar um livro. Ou mesmo queimar um livro” (Comissão
Pró-Índio, Twitter, via @g1).
b) “Morte
de anciãos indígenas na pandemia pode fazer línguas inteiras desaparecerem”
(manchete da BBC Brasil News).
c) “A morte
de uma anciã ou um ancião é tratada como se uma biblioteca fosse perdida” (site
“Racismo Ambiental”).
d) “Nikaiti Mekranotire é mais uma vítima do covid-19. Perdemos uma enciclopédia” (Mayalú Txucarramãe, Twitter).
2. (Fuvest-Ete 2022)
Tendo como objetivo aumentar o estoque de sangue do HEMORIO, a campanha publicitária faz uso dos seguintes recursos linguísticos:
a) intertextualidade
e prosopopeia.
b) ambiguidade
e paradoxo.
c) neologia
e polissíndeto.
d) ambiguidade
e paronímia.
e) intertextualidade e polissemia.
3. (Ufgd 2022)
Com base na tirinha Mamu e Le Fan, de
autoria de Digo Freitas, assinale a alternativa correta.
a) Os
personagens discutem sobre as inovações tecnológicas e como a Internet tem
facilitado o acesso a conteúdos, antes encontrados apenas em livros raros e
estrangeiros.
b) A
facilidade de acesso à informação por parte das novas gerações, por si só,
justifica a falência do sistema educacional independentemente da plataforma
utilizada.
c) Há
ironia na fala do personagem, no segundo quadrinho, ao apresentar uma
alternativa de estudo que possa suprir as necessidades de aprendizado de seu
interlocutor.
d) Um dos
personagens deveria ser excluído da cena e suas falas canceladas, uma vez que
sua opinião contraria a expectativa do colega e torna a tirinha politicamente
incorreta.
e) É evidente o preconceito dos personagens em relação à educação a distância, pois ambos assumem que é impossível aprender algo de qualidade pela Internet, por mais que se assistam aos vídeos tutoriais.
4. (Famema 2022) Assinale a opção que indica a frase que se
estrutura a partir de uma metáfora.
a) A melhor
maneira de formar crianças boas é fazê-las felizes.
b)
Crianças são as mensagens vivas para um tempo
que não veremos.
c) Você
pode aprender muito com crianças; observe-as.
d) Seja
legal com suas crianças. Elas escolherão seu asilo.
e) As crianças encontram tudo em nada.
5. (Espcex (Aman) 2022) Leia os versos a seguir.
As armas e os barões assinalados
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana
Quanto à estrofe apresentada, é correto afirmar que
a) a
presença da sinestesia evoca a bravura decorrente do espírito expansionista dos
navegadores lusitanos.
b) pertence
à terceira fase do Romantismo: o Condoreirismo, como ocorrem em Castro Alves no
Navio Negreiro.
c) se trata
de um resgate ao Classicismo pelos poetas árcades, ao retomar a medida nova,
versos decassílabos.
d) se trata
de uma epopeia camoniana, ao cantar os feitos heroicos dos portugueses durante
o expansionismo marítimo.
e) aborda a
crise espiritual do Barroco: o paganismo decorrente do expansionismo marítimo;
e a religiosidade decorrente de uma retomada ao teocentrismo medieval.
6. (Fmj 2022) Leia o poema “Cristais”, de Cruz e Sousa.
No poema, o autor faz uso, sobretudo,
a) da
sinestesia.
b) da
ironia.
c) da
hipérbole.
d) do
paradoxo.
e) do eufemismo.
7. (Ufjf-pism 3 2022) As cousas do mundo
Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa,
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
Gregório de Matos
No verso “Bengala
hoje na mão, ontem garlopa”, Gregório de Matos repete sua crítica social
comparando situações de sujeitos que enriquecem ilicitamente, mobilizando uma
sutil ironia na oposição bengala (índice de fidalguia na época) e garlopa
(instrumento de marcenaria usado em trabalhos manuais). Assim, pode-se
compreender que:
a) trata-se de metonímias da condição social.
b) são hipérboles acerca do enriquecimento.
c) paradoxo é uma figura de estilo recorrente do Barroco.
d) houve emprego proposital de uma elipse, que mascara passagem entre dois
estados.
e) há um eufemismo ao caracterizar o enriquecimento por uma bengala.
8. (Unicamp 2021) “Repartimos a vida em idades, em anos, em meses, em
dias, em horas, mas todas estas partes são tão duvidosas, e tão incertas, que
não há idade tão florente, nem saúde tão robusta, nem vida tão bem regrada, que
tenha um só momento seguro.”
(Antonio Vieira, “Sermão de Quarta-feira de Cinza – ano de 1673”, em A arte de morrer. São Paulo: Nova Alexandria, 1994, p. 79.)
Nesta passagem de um sermão proferido em 1673, Antônio Vieira retomou os argumentos da pregação que fizera no ano anterior e acrescentou novas características à morte. Para comover os ouvintes, recorreu ao uso de anáforas.
Assinale a alternativa que corresponde ao efeito
produzido pelas repetições no sermão.
a) A
repetição busca sensibilizar os fiéis para o desengano da passagem do tempo.
b) A
repetição busca demonstrar aos fiéis o temor de uma vida longeva.
c) A
repetição busca sensibilizar os fiéis para o valor de cada etapa da vida.
d) A repetição busca demonstrar aos fiéis a insegurança de uma vida cristã.
9. (Enem 2021) O pavão vermelho
Ora, a alegria, este pavão vermelho,
está morando em meu quintal agora.
Vem pousar como um sol em meu joelho
quando é estridente em meu quintal a aurora.
Clarim de lacre, este pavão vermelho
sobrepuja os pavões que estão lá fora.
É uma festa de púrpura. E o assemelho
a uma chama do lábaro da aurora.
É o próprio doge a se mirar no espelho.
E a cor vermelha chega a ser sonora
neste pavão pomposo e de chavelho.
Pavões lilases possuí outrora.
Depois que amei este pavão vermelho,
os meus outros pavões foram-se embora.
Na construção do soneto, as cores representam um
recurso poético que configura uma imagem com a qual o eu lírico
a) revela a
intenção de isolar-se em seu espaço.
b) simboliza
a beleza e o esplendor da natureza.
c) experimenta
a fusão de percepções sensoriais.
d) metaforiza
a conquista de sua plena realização.
e) expressa uma visão de mundo mística e espiritualizada.
10. (Unifesp 2021) Examine o cartum de Quino.
Contribui para o efeito de humor do cartum o
recurso
a) à
antítese.
b) ao
eufemismo.
c) à
personificação.
d) à
hipérbole.
e) ao paradoxo.
11. (Unicamp 2021) Entre os versos de Gilberto Gil transcritos a
seguir, podemos identificar uma relação paradoxal em:
a) “Sou
viramundo virado / pelo mundo do sertão.”
b) “Louvo a
luta repetida / da vida pra não morrer.”
c) “De dia,
Diadorim, / de noite, estrela sem fim.”
d) “Toda saudade é presença / da ausência de alguém.”
12. (Ufu 2021) O ambiente artístico da Rússia nos anos anteriores
à Revolução de 1917 era de uma efervescência impressionante. A cada dia surgia
um novo movimento de vanguarda, um novo manifesto era lido nos bares de Moscou,
frequentados por jovens artistas. Serge Diaghilev, numa entrevista datada de
1913, quando chegou a Paris, disse, a propósito do ambiente artístico de Moscou
naquela época: “Vinte escolas nascem em um mês. O Futurismo e o Cubismo são a
antiguidade, a pré-história. Em três dias, a gente se torna acadêmico”.
GULLAR, Ferreira. As vanguardas russas. Arte e informação. Ano 1, nº 5, dez. 2001. São Paulo: Editora Ar de Paris. (Fragmento)
No fragmento acima, a força do depoimento de Serge
Diaghilev e sua consequente força argumentativa, no trecho considerado, decorre
do emprego que Diaghilev faz do recurso da
a) metonímia.
b) metáfora.
c) gradação.
d) hipérbole.
13. (cftmg 2020) Eu li e reli, virei o Rei Lear de cabeça para baixo, e nem sinal da frase fundamental, se é que ela existia. Mas continuei procurando, como se achá-la fosse o único jeito de superar o impacto do filme.
Mais duas semanas se passaram. Durante todo esse tempo, eu não liguei para o professor Nabuco, nem ele para mim. Por um momento, temi que, enquanto eu digeria psicologicamente a carnificina, ralando, queimando a mufa atrás da tal frase, ele talvez já nem lembrasse mais da minha existência. [...]
Ao tocar a campainha do sobrado, me senti
diferente. É verdade. A peça funcionou para mim como o buraco de uma fechadura
interior, por onde eu olhei e vi mil coisas antes escondidas. Nem o bom Juca,
nem o bom Eça, ninguém me deu, como o Shakespeare, tamanho soco de humanidade,
com tantos vícios, virtudes e sentimentos.
LACERDA, Rodrigo. O Fazedor de Velhos. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. p. 64-65.
No fragmento, a metáfora do buraco de uma fechadura
foi usada pelo narrador com o objetivo de
a) reforçar
os enigmas do texto teatral.
b) representar
o conhecimento adquirido pela leitura.
c) expressar
um comportamento curioso e observador.
d) sinalizar a busca pela frase fundamental de Shakespeare.
14. (Enem PPL 2019) Canção
No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas…
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.
Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto.
Quando as ondas te carregaram
meus olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo quanto existe alheias.
Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.
E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.
Na composição do poema, o tom elegíaco e solene
manifesta uma concepção de lirismo fundada na
a) contradição
entre a vontade da espera pelo ser amado e o desejo de fuga.
b) expressão
do desencanto diante da impossibilidade da realização amorosa.
c) associação
de imagens díspares indicativas de esperança no amor futuro.
d) recusa à
aceitação da impermanência do sentimento pela pessoa amada.
e) consciência da inutilidade do amor em relação à inevitabilidade da morte.
15. (Ifsul 2019)
A figura de
linguagem que fundamenta o humor do texto é
a) ironia.
b) hipérbole.
c) eufemismo.
d) prosopopeia.
16. (Unicamp 2016) Morro da Babilônia
À noite, do morro
descem vozes que criam o terror
(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,
e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua
Geral).
Quando houve revolução, os soldados
espalharam no morro,
o quartel pegou fogo, eles não voltaram.
Alguns, chumbados, morreram.
O morro ficou mais encantado.
Mas as vozes do morro
não são propriamente lúgubres.
Há mesmo um cavaquinho bem afinado
que domina os ruídos da pedra e da folhagem
e desce até nós, modesto e recreativo,
como uma gentileza do morro.
No poema “Morro da Babilônia”, de
Carlos Drummond de Andrade,
a) a menção à cidade do Rio de Janeiro é feita de
modo indireto, metonimicamente, pela referência ao Morro da Babilônia.
b) o sentimento do mundo é representado pela
percepção particular sobre a cidade do Rio de Janeiro, aludida pela metáfora do
Morro da Babilônia.
c) o tratamento dado ao Morro da Babilônia
assemelha-se ao que é dado a uma pessoa, o que caracteriza a figura de estilo
denominada paronomásia.
d) a referência ao Morro da Babilônia produz, no percurso figurativo do poema, um oxímoro: a relação entre terror e gentileza no espaço urbano.
17. (IFBA 2016) Analise a imagem a seguir e identifique a figura de linguagem em evidência no título da manchete.
a) Metáfora.
b) Hipérbole.
c) Hipérbato.
d) Metonímia.
e) Pleonasmo.
18. (Uerj 2016)
O personagem presente no último quadrinho é um ácaro, um ser microscópico. Suas falas têm relação direta com seu tamanho. No contexto, é possível compreender a imagem do personagem como uma metonímia.
Essa metonímia representa algo que se
define como:
a) invisível
b) expressivo
c) inexistente
d) contraditório
19. (IFPE 2016) Responda à questão com base na tirinha abaixo.
O humor da tirinha foi conferido,
sobretudo, pela não compreensão por parte da personagem Chico Bento da figura
de linguagem utilizada por seu interlocutor. A essa referida figura de
linguagem dá-se o nome de
a) anáfora.
b) metonímia.
c) perífrase.
d) hipérbole.
e) aliteração.
20. (Ufsm 2015) Ele elevou à
décima potência a disseminação do conhecimento. Ele nos permite viajar sem sair
do lugar, mas, além disso, pode guardar informações por séculos. Romanos 2escreviam
em tábuas, 1egípcios, em papiros, 3e os maias e
astecas tinham uma espécie de livro feito com casca de árvore. Mas o papel,
desenvolvido no século 2 pelos chineses, e a prensa de Gutenberg, do século 15,
foram as criações mais importantes para o surgimento do livro da forma como o
temos hoje. A primeira impressão ocorreu em 1442. Depois que o uso da prensa se
consolidou, comerciantes lançaram uma variedade de títulos, muitos deles
originários de manuscritos antigos. Mas o boom ocorreu mesmo
no século 19. A Revolução Industrial trouxe inovações tecnológicas para o
papel, tornando-o mais barato e acessível às editoras. Sem esses calhamaços de
folhas, provavelmente boa parte da história da humanidade teria se perdido.
Fonte: SUPERINTERESSANTE. As 101 maiores invenções da humanidade. Ed. Especial. 2013, p. 60. (Adaptado).
Com relação ao emprego de recursos de
coesão e de pontuação no texto, considere as afirmativas a seguir.
I. O livro é referido, ao longo do texto, duas
vezes pelo pronome “Ele” e duas vezes pelo pronome “o”.
II. A vírgula que sucede “egípcios” (ref. 1) foi
usada para indicar a elipse da palavra “escreviam” (ref. 2), evitando sua
repetição.
III. A vírgula que antecede “e os maias e astecas” (ref. 3) poderia ser eliminada, sem prejuízo à norma-padrão.
Está(ão) correta(s)
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas I e II.
e) I, II e III.
21. (Fuvest 2013) São Paulo gigante, torrão adorado/ Estou abraçado com meu violão/ Feito de pinheiro da mata selvagem/ Que enfeita a paisagem lá do meu sertão
Tonico e Tinoco, São Paulo Gigante.
Nos versos da canção dos paulistas
Tonico e Tinoco, o termo “sertão” deve ser compreendido como
a) descritivo da paisagem e da vegetação típicas do
sertão existente na região Nordeste do país.
b) contraposição ao litoral, na concepção dada
pelos caiçaras, que identificam o sertão com a presença dos pinheiros.
c) analogia à paisagem predominante no Centro-Oeste
brasileiro, tal como foi encontrada pelos bandeirantes no século XVII.
d) metáfora da cidade-metrópole, referindo-se à
aridez do concreto e das construções.
e) generalização do ambiente rural,
independentemente das características de sua vegetação.
22. (Uerj 2014)
A namorada
Havia um muro alto entre nossas casas.
1Difícil
de mandar recado para ela.
Não havia e-mail.
2O
pai era uma onça.
A gente amarrava o bilhete numa pedra presa por
um cordão
E pinchava a pedra no quintal da casa dela.
Se a namorada respondesse pela mesma pedra
Era uma glória!
Mas por vezes o bilhete enganchava nos galhos da
goiabeira
E então era agonia.
No tempo do onça era assim.
O pai era uma onça. (ref. 2). Nesse
verso, a palavra onça está empregada em um sentido que se define como:
a) enfático
b) antitético
c) metafórico
d) metonímico
23. (Uerj 2014) O tempo em que o mundo tinha a nossa idade
5Nesse entretempo, ele nos chamava para escutarmos seus imprevistos improvisos. 1As estórias dele faziam o nosso lugarzinho crescer até ficar maior que o mundo. Nenhuma narração tinha fim, o sono lhe apagava a boca antes do desfecho. 9Éramos nós que recolhíamos seu corpo dorminhoso. 6Não lhe deitávamos dentro da casa: ele sempre recusara cama feita. 10Seu conceito era que a morte nos apanha deitados sobre a moleza de uma esteira. Leito dele era o puro chão, lugar onde a chuva também gosta de deitar. Nós simplesmente lhe encostávamos na parede da casa. Ali ficava até de manhã. Lhe encontrávamos coberto de formigas. Parece que os insectos gostavam do suor docicado do velho Taímo. 7Ele nem sentia o corrupio do formigueiro em sua pele.
− Chiças: transpiro mais que palmeira!
Proferia tontices enquanto ia acordando. 8Nós lhe sacudíamos os infatigáveis bichos. Taímo nos sacudia a nós, incomodado por lhe dedicarmos cuidados.
2Meu pai sofria de sonhos, saía pela noite de olhos transabertos. Como dormia fora, nem dávamos conta. Minha mãe, manhã seguinte, é que nos convocava:
− Venham: papá teve um sonho!
3E nos juntávamos, todos completos, para escutar as verdades que lhe tinham sido reveladas. Taímo recebia notícia do futuro por via dos antepassados. Dizia tantas previsões que nem havia tempo de provar nenhuma. Eu me perguntava sobre a verdade daquelas visões do velho, estorinhador como ele era.
− Nem duvidem, avisava mamã, suspeitando-nos.
E assim seguia nossa criancice, tempos afora. 4Nesses
anos ainda tudo tinha sentido: a razão deste mundo estava num outro mundo
inexplicável. 11Os mais velhos faziam a ponte entre esses dois
mundos. (...)
Mia Couto. Terra sonâmbula. São Paulo, Cia das Letras, 2007.
Um elemento importante na organização
do texto é o uso de algumas personificações. Uma dessas personificações
encontra-se em:
a) Éramos nós que recolhíamos seu corpo dorminhoso.
(ref. 9)
b) Seu conceito era que a morte nos apanha deitados
sobre a moleza de uma esteira. (ref. 10)
c) Nós lhe sacudíamos os infatigáveis bichos. (ref.
8)
d) Os mais velhos faziam a ponte entre esses dois
mundos. (ref. 11)
24. (Uerj 2014) A invasão dos blablablás
O planeta é dividido entre as pessoas que falam no cinema − e as que não falam. É uma divisão recente. Por décadas, os falantes foram minoria. E uma minoria reprimida. Quando alguém abria a boca na sala escura, recebia logo um shhhhhhhhhhhhh. E voltava ao estado silencioso de onde nunca deveria ter saído. Todo pai ou mãe que honrava seu lugar de educador ensinava a seus filhos que o cinema era um lugar de reverência. Sentados na poltrona, as luzes se apagavam, uma música solene saía das caixas de som, as cortinas se abriam e um novo mundo começava. Sem sair do lugar, vivíamos outras vidas, viajávamos por lugares desconhecidos, chorávamos, ríamos, nos apaixonávamos. Sentados ao lado de desconhecidos, passávamos por todos os estados de alma de uma vida inteira sem trocar uma palavra. Comungávamos em silêncio do mesmo encantamento. (...)
Percebi na sexta-feira que não ia ao cinema havia três meses. Não por falta de tempo, porque trabalhar muito não é uma novidade para mim. Mas porque fui expulsa do cinema. Devagar, aos poucos, mas expulsa. Pertenço, desde sempre, às fileiras dos silenciosos. Anos atrás, nem imaginava que pudesse haver outro comportamento além do silêncio absoluto no cinema. Assim como não imagino alguém cochichando em qualquer lugar onde entramos com o compromisso de escutar.
Não é uma questão de estilo, de gosto. Pertence ao campo do respeito, da ética. Cinema é a experiência da escuta de uma vida outra, que fala à nossa, mas nós não falamos uns com os outros. 1No cinema, só quem fala são os atores do filme. Nós calamos para que eles possam falar. Nossa vida cala para que outra fale.
2Isso era cinema. Agora mudou. É estarrecedor, mas
os blablablás venceram. Tomaram conta das salas de cinema. E, sem nenhuma
repressão, vão expulsando a todos que entram no cinema para assistir ao filme
sem importunar ninguém.
(...)
Eliane Brum. revistaepoca.globo.com, 10/08/2009
No cinema, só quem fala são os atores
do filme. Nós calamos para que eles possam falar. Nossa vida cala para que
outra fale. (ref. 1)
O trecho acima usa uma figura de
linguagem chamada de:
a) metáfora
b) hipérbole
c) eufemismo
d) metonímia
25. (Insper 2013) POÇAS D’ÁGUA
As poças d´água são um mundo mágico
Um céu quebrado no chão
Onde em vez de tristes estrelas
Brilham os letreiros de gás Néon.
(Mario Quintana, Preparativos de
viagem, São Paulo, Globo, 1994.)
Levando-se em conta o texto como um todo,
é correto afirmar que a metáfora presente no primeiro verso se justifica porque
as poças
a) estimulam a imaginação.
b) permitem ver as estrelas.
c) são iluminadas pelo Néon.
d) se opõem à tristeza das estrelas.
e) revelam a realidade como espelhos.
26. (Espcex (Aman) 2013) Leia a
estrofe que segue e assinale a alternativa correta, quanto às suas
características.
“Visões, salmos e cânticos serenos
Surdinas de órgãos flébeis,
soluçantes...
Dormências de volúpicos venenos
Sutis e suaves, mórbidos, radiantes...”
a) valorização da forma como expressão do belo e a
busca pela palavra mais rara – Parnasianismo.
b) linguagem rebuscada, jogos de palavras e jogos
de imagens, característica do cultismo – corrente do Barroco.
c) incidência de sons consonantais (aliterações)
explorando o caráter melódico da linguagem – Simbolismo.
d) pessimismo da segunda geração romântica, marcada
por vocábulos que aludem a uma existência mais depressiva – Romantismo.
e) lírica amorosa marcada pela sensualidade explícita que substitui as virgens inacessíveis por mulheres reais, lascivas e sedutoras – Naturalismo.
27. (Uepb 2013) Da imagem, que foi capa
da Revista Veja em 20 de agosto de 2008, pode-se compreender:
a) O registro do modelo de ensino representado pelo
uso ultrapassado da tecnologia do giz.
b) Uma constatação de que os alunos não precisam
escrever à mão.
c) Um apelo de aluno para que melhore o ensino.
d) Uma crítica irônica em relação à situação do
ensino na escola brasileira.
e) Uma afirmação de que a relação entre ler e escrever não é explorada na escola.
28. (Ufrn 2013) Em diversas
passagens das Crônicas de origem, Luís da Câmara Cascudo serve-se de
procedimentos de linguagem que tornam seus textos esteticamente notáveis. Entre
esses procedimentos, a metáfora é um dos mais frequentes, como se constata na
passagem:
a) “Andava como se levasse o andor do Nosso Senhor
dos Passos”. (p. 99)
b) “Natal parecia um cemitério”. (p. 102)
c) “Na treva o clarão dos vagos lampeões sangrava”.
(p. 102)
d) “O doutor Alarico ficava manso só em falar nisso”. (p. 99)
29. (Insper 2013) O "gilete"
dos tablets
Num mundo capitalista como este em que vivemos, onde as empresas concorrem para posicionar suas marcas e fixar logotipos e slogans na cabeça dos consumidores, a síndrome do "Gillette" pode ser decisiva para a perpetuação de um produto. É isso que preocupa a concorrência do iPad, tablet da Apple.
Assim como a marca de lâminas de
barbear tornou-se sinônimo de toda a categoria de barbeadores, eclipsando o
nome das marcas que ofereciam produtos similares, o mesmo pode estar
acontecendo com o tablet lançado por Steve Jobs. O maior temor do mercado é que
as pessoas passem a se referir aos tablets como "iPad" em geral,
dizendo "iPad da Samsumg" ou "iPad da Motorola", e assim
por diante.
(http://revistalingua.uol.com.br/textos/blog-edgard/o-gilete-dos-tablets-260395-1.asp)
No campo da estilística, a figura de linguagem abordada na matéria acima recebe o nome de
a) metáfora, por haver uma comparação subentendida
entre a marca e o produto.
b) hipérbole, por haver exagero dos consumidores na
associação do produto com a marca.
c) catacrese, por haver um empréstimo linguístico
na referência à marca do produto famoso.
d) metonímia, por haver substituição do produto
pela marca, numa relação de semelhança.
e) perífrase, por haver a designação de um objeto através de seus atributos ou de um fato que o celebrizou.
30. (Enem 2012)
O efeito de sentido da charge é
provocado pela combinação de informações visuais e recursos linguísticos. No
contexto da ilustração, a frase proferida recorre à
a) polissemia, ou seja, aos múltiplos sentidos da
expressão “rede social” para transmitir a ideia que pretende veicular.
b) ironia para conferir um novo significado ao
termo “outra coisa”.
c) homonímia para opor, a partir do advérbio de
lugar, o espaço da população pobre e o espaço da população rica.
d) personificação para opor o mundo real pobre ao
mundo virtual rico.
e) antonímia para comparar a rede mundial de computadores com a rede caseira de descanso da família.
31. (Uftm 2011) Leia os quadrinhos.
O elemento-surpresa da história é
explorado por meio de
a) sequência de verbos no futuro do presente,
formando uma gradação.
b) ambiguidades, decorrentes do emprego de pronomes
demonstrativos.
c) frases cujos sujeitos não podem ser recuperados
pelo contexto.
d) elipses dos complementos verbais e emprego de
termos de sentido vago.
e) reiteração de palavras de sentido negativo, para reforçar a recusa do pedido.
32. (Insper 2011)
No pico da manhã, velocidade também caiu; principal explicação é a
expansão da frota - em 2009, SP ganhou mais de 335 mil veículos.
(Folha de São Paulo, 05/03/2010)
A respeito do título “No rush, carro
está tão veloz quanto galinha”, é correto afirmar que ele
a) cria, por meio da polissemia da palavra “rush”,
o pressuposto de que a lentidão do tráfego paulistano é algo premeditado.
b) apresenta uma variante coloquial de linguagem,
incompatível com a seriedade exigida por esse gênero textual.
c) recorre ao grau superlativo analítico com o
intuito de produzir um efeito de realce a um grave problema da capital
paulista.
d) emprega o grau comparativo de igualdade como
recurso irônico, já que, em geral, o adjetivo “veloz” não se aplica a
“galinha”.
e) utiliza a comparação para criticar o aumento da frota paulistana, principal agente poluidor da cidade.
33. (IFSP 2011) O desgaste
das palavras
Era um corretor de imóveis querendo me vender um
lançamento.
− Qual era a urgência? − perguntei, irritado.
− Bem... Estamos selecionando alguns clientes e...
Conversa mole. As pessoas usam a palavra “urgente” em mensagens de todo tipo. Ainda sou daqueles que se assustam de leve com um e-mail “urgente” para, logo depois, descobrir que se trata de um assunto muito corriqueiro. A palavra está perdendo a força. Daqui a pouco não vai significar mais nada.
A mesma coisa acontece com o verbo “revelar”. Abro uma revista e vejo: atriz “revela” que vai pintar o cabelo de loiro. Isso é revelação que se preze? Resultado: quando se quer realmente revelar algo se usa “denuncia” ou “confessa”.
E vip? A sigla surgiu como abreviação de “very important people”. Os vips tinham acesso preferencial a festas e eventos de todo tipo. Obviamente, todo mundo quis ser tratado como vip. Alguns shows e camarotes carnavalescos ficam lotados por manadas de vips. Para diferenciar “vips” entre si, nos lugares mais disputados surgiram chiqueirinhos para os “supervips” ou “vips dos vips”. Em resumo: “vip” não significa absolutamente coisa nenhuma − somente que a pessoa é rápida para descolar um convite com pulseirinha.
Os anúncios imobiliários são pródigos em detonar palavras. “Exclusivo” é um exemplo. Quase todos falam em “condomínio exclusivo”, “espaço exclusivo” (e não havia de ser, se o proprietário está pagando?). De tão comum, “exclusivo” deixou de ser “exclusivo”. Veio o “diferenciado”. Ou “único”. Mas como um apartamento pode ser “diferenciado” ou “único” se está em um prédio com mais cinquenta iguais?
A palavra “amigo” é incrível. Implica uma relação especial, mas a maioria fala em “amigos” referindo-se a conhecidos distantes. O mesmo ocorre com “abraço”. Terminar a mensagem com um “abraço” era suficiente, pois era uma forma de oferecer nosso carinho à pessoa. Foi tão banalizado que agora se usa “grande abraço”, “forte abraço”, mas agora é pouco, pois já surgiu o “beijo no coração”. A seguir, o que virá?
Por que deixar que as palavras se desgastem? Se o que têm de mais belo é
justamente sua história e o sentimento que contêm? Enfim, tudo o que lhes dá
realmente significado.
(Walcyr Carrasco, Veja SP, 13.08.2008. Adaptado)
Considere a tirinha.
Considerando a tirinha e o texto “O
desgaste das palavras”, pode-se concluir que, em ambos os textos, está presente
a função da linguagem denominada
a) fática, pois vários termos, embora desprovidos
de significado, permitem o início do processo comunicativo.
b) metalinguística, pois se reflete sobre o valor
das palavras, isto é, sobre o uso da língua e sua função social.
c) apelativa, pois está ausente a intenção de
atingir o receptor com o intuito de modificar o seu comportamento.
d) emotiva, pois o eu lírico pode expressar
livremente as emoções com as quais está em conflito.
e) poética, pois o importante é passar as informações de forma clara e objetiva, desprezando-se a preocupação com a elaboração da linguagem.
34. (Enem 2008) A EMA
O surgimento da figura da Ema no céu, ao leste, no anoitecer, na segunda quinzena de junho, indica o início do inverno para os índios do sul do Brasil e o começo da estação seca para os do norte. É limitada pelas constelações de Escorpião e do Cruzeiro do Sul, ou Cut'uxu. Segundo o mito guarani, o Cut'uxu segura a cabeça da ave para garantir a vida na Terra, porque, se ela se soltar, beberá toda a água do nosso planeta. Os tupis-guaranis utilizam o Cut'uxu para se orientar e determinar a duração das noites e as estações do ano.
Uma das figuras a seguir é uma representação dos corpos celestes que constituem a constelação da Ema, na percepção indígena.
A outra figura mostra, em campo de
visão ampliado, como povos de culturas não-indígenas percebem o espaço estelar
em que a Ema é vista.
Assinale a opção correta a respeito da linguagem empregada no texto "A Ema".
a) A palavra Cut'uxu é um regionalismo utilizado
pelas populações próximas às aldeias indígenas.
b) O autor se expressa em linguagem formal em todos
os períodos do texto.
c) A ausência da palavra Ema no início do período
"É limitada (...)" caracteriza registro oral.
d) A palavra Cut'uxu está destacada em itálico
porque integra o vocabulário da linguagem informal.
e) No texto, predomina a linguagem coloquial porque ele consta de um almanaque.
35. (Ufpr 2008)
Tendo em vista a charge de Fausto,
considere as seguintes afirmativas:
1. O efeito de humor é obtido, dentre outras
coisas, pela recuperação do sentido literal da frase do último quadrinho.
2. A expressão "trem-bala" constitui uma
metáfora: veloz como uma bala. Fausto associa, à já metaforizada expressão, um
novo sentido.
3. O mico retratado no último quadrinho simboliza a
vergonha do povo brasileiro diante dos infortúnios.
4. O desenho do Congresso Nacional no último quadro permite associar as figuras humanas retratadas nesse quadro com os políticos brasileiros, que se revoltam com os escândalos divulgados nos últimos meses.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
e) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
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