1. (Ufpr 2023) Maquiavel considera que é muito útil “poder acusar perante o povo, perante um magistrado ou mesmo perante um conselho, os cidadãos que praticarem algum ato contra o estado livre”. Pois, com isso, escreve ele, “se institui um lugar para o desafogo daqueles humores que crescem nas cidades contra qualquer cidadão. Quando estes humores não têm onde se desafogar ordinariamente, buscam modos extraordinários”.

(MAQUIAVEL, Nicolau. Discursos sobre a Primeira década de Tito Livio. In: MARÇAL, J. (org.). Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009. p. 437.)

Nessa passagem, Maquiavel elogia a instituição romana da acusação pública porque ela:

a) reconhece os direitos dos cidadãos de maneira equitativa.   

b) confere soberania ao povo, reconhecendo-o como a fonte das leis.   

c) oferece um lugar institucional para a manifestação de conflitos.   

d) garante a todos os indivíduos a plena liberdade de expressão.   

e) impõe obediência às leis.   

2. (Fcmscsp 2022) Leia o trecho de uma carta.

À noite, eu retorno à minha casa e visto-me com gala real e pontifical para conviver com homens da Antiguidade greco-romana. Recebido por eles com afabilidade, eu os interrogo sobre os motivos e as razões de suas ações e atitudes e eles, em virtude de seu humanismo, respondem-me com atenção. E, durante quatro horas, não sinto o menor aborrecimento, esqueço meus tormentos e deixo de temer a pobreza e a morte.

(Nicolas Machiavel. “À Francesco Vettori”. Lettres familières. Oeuvres complètes, 1982. Adaptado.)

Nicolau Maquiavel estava exilado no interior da Toscana quando escreveu essa carta a um amigo, datada de 10 de dezembro de 1513. O conteúdo da carta

a) demonstra a inferioridade filosófica do Renascimento face ao mundo clássico.   

b) revela um princípio central da renovação cultural do Renascimento italiano.   

c) comprova a presença no renascimento do teocentrismo medieval.   

d) atesta o descompromisso do Renascimento para com o momento histórico italiano.   

e) idealiza a Antiguidade em contraposição à pobreza da sociedade renascentista.   

3. (Ufu 2022) É necessário a um príncipe, para se manter no poder, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade. E ainda, que não lhe importe incorrer na fama de ter certos defeitos, sem os quais dificilmente poderia salvar o governo, pois, considerando bem, podemos encontrar coisas que parecem virtudes e que, se praticadas o levariam à ruína, e outras que poderão parecer vícios e que, sendo seguidas, trazem a segurança e o bem estar do governante [...].

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 69.

De acordo com a teoria política de Maquiavel (1469-1527), assinale a alternativa correta.

a) Maquiavel afirma que um bom governante precisa, antes de tudo, ser amado pelos seus súditos.   

b) Segundo Maquiavel, a ação política não pode ser autônoma em relação aos preceitos da religião e da moralidade.   

c) Para manter o poder, segundo Maquiavel, o governante deve considerar como virtudes o que todos consideram como vícios e vice-versa.    

d) Maquiavel destaca como virtude de um governante menos suas qualidades morais ou sua obediência a preceitos teóricos e mais sua astúcia com regras práticas.   

4. (Unesp 2022) Ora resta examinar quais devem ser os procedimentos e as resoluções do príncipe com relação aos seus súditos e aos seus aliados. Há uma grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseje manter-se príncipe aprender a não usar [apenas] a bondade.

(Nicolau Maquiavel. O Príncipe, 1998. Adaptado.)

O tema abordado por Maquiavel no excerto também está relacionado ao seu conceito de fortuna, que diz respeito ao fato de o governante

a) privilegiar a vontade popular.   

b) valorizar a vontade divina.   

c) agir com virtude na vida privada.   

d) conseguir equilibrar as riquezas reais.   

e) saber lidar com imprevistos.   

5. (Ufpr 2022) Há em toda república dois humores diversos, quais sejam, aquele do povo e aquele dos grandes, (…) todas as leis que são feitas em favor da liberdade nascem desta desunião.

(MAQUIAVEL. Discursos sobre a Primeira década de Tito Livio. Seleção de textos, tradução e notas Carlo Gabriel Kzsam Pancera. In: MARÇAL, J. (org.) Antologia de textos filosóficos, SEED, 2009, p. 432.)

 

De acordo com a passagem acima e com a obra de que foi extraída, é correto afirmar que, segundo Maquiavel:

a) as leis nascem do conflito e levam à sua superação, produzindo harmonia social.   

b) as leis não passam de um instrumento de dominação do povo pelos grandes.   

c) para que haja liberdade, as leis devem ser feitas pelo povo, que é soberano.   

d) o conflito entre os grandes e o povo é o motor da vida política, o que produz e aperfeiçoa as leis.   

e) cabe aos grandes fazer as leis, mas sem retirar a liberdade do povo.   

6. (Ueg 2020) Nasce daí o debate: se é melhor ser amado que temido ou o inverso. Dizem que o ideal seria viver-se em ambas as condições, mas, visto que é difícil acordá-las entre si, muito mais seguro é fazer-se temido que amado, quando se tem de renunciar a uma das duas.

MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2008. p. 80.

A famosa citação de O Príncipe explica a estratégia de funcionamento das monarquias absolutistas, nas quais o rei

a) vale-se da prática de suplícios e execuções públicas, como enforcamento e decapitações, para reforçar o temor de seus súditos.   

b) promove a transformação dos servos em soldados por meio de recrutamento compulsório e treinamento militar rigoroso e cruel.   

c) rompe com a Igreja, uma vez que o exercício do poder não pode ser conciliado com a doutrina de amor universal dos evangelhos.   

d) estimula a perseguição de heréticos, tornando-se, a partir da permissão do Papa, o chefe honorário do Tribunal da Santa Inquisição.   

e) permite a livre manifestação da opinião dos intelectuais para difundir uma imagem pública ambígua que perpassa pelo temor e o amor.   

7. (Famerp 2020) [Maquiavel] elogia a República romana como tendo sido a mais perfeita forma de governo e um verdadeiro Estado unido pelo espírito público de seus cidadãos; no entanto, numa época como a sua, seria necessário um líder que utilizasse a força como princípio, tese que desenvolve em O Príncipe.

(Teresa Aline Pereira de Queiroz. O Renascimento, 1995.)

A obra O Príncipe foi escrita por Maquiavel em 1513 e publicada em 1532. Nela, o pensador florentino

a) rejeita a noção de república, valorizando o princípio de participação política direta de todos os cidadãos.   

b) defende a submissão do poder secular ao poder atemporal, reconhecendo a Igreja como o centro da vida política.   

c) analisa experiências políticas do passado e do presente, propondo um modelo de atuação do governante.   

d) celebra o princípio da experiência do indivíduo, identificando os conselhos dos anciãos como origem de todo poder.   

e) questiona o militarismo da Roma Antiga, sugerindo aos governantes abandonar projetos imperiais e expansionistas.   

8. (Unesp 2022) Ora resta examinar quais devem ser os procedimentos e as resoluções do príncipe com relação aos seus súditos e aos seus aliados. Há uma grande distância entre o modo como se vive e o modo como se deveria viver, que aquele que em detrimento do que se faz privilegia o que se deveria fazer mais aprende a cair em desgraça que a preservar a sua própria pessoa. Ora, um homem que de profissão queira fazer-se permanentemente bom não poderá evitar a sua ruína, cercado de tantos que bons não são. Assim, é necessário a um príncipe que deseje manter-se príncipe aprender a não usar [apenas] a bondade.

(Nicolau Maquiavel. O Príncipe, 1998. Adaptado.)

O tema abordado por Maquiavel no excerto também está relacionado ao seu conceito de fortuna, que diz respeito ao fato de o governante

a) privilegiar a vontade popular.   

b) valorizar a vontade divina.   

c) agir com virtude na vida privada.   

d) conseguir equilibrar as riquezas reais.   

e) saber lidar com imprevistos.   

9. (Ucs 2022) “Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci”

 

            Leonardo da Vinci (1452-1519), um dos maiores gênios da humanidade, não foi só o pintor de Mona Lisa, a obra mais famosa já pintada, reproduzida e parodiada de todos os tempos; ele também era matemático, engenheiro, cientista, inventor, botânico, poeta e músico. Por volta de 1490, Da Vinci produziu vários desenhos para um diário. Entre eles, está o celebre Homem Vitruviano, baseado em uma passagem do arquiteto Marcus Vitruvius Pollio na sua série de dez livros intitulada “De Architectura”, em que, no terceiro livro, são descritas as proporções do corpo humano masculino.

Segundo Leonardo da Vinci, a natureza possuía um código, uma razão que a ordenava e que se pronunciava em caracteres matemáticos. Seus estudos sobre o Homem Vitruviano indicavam que as relações de medida, de proporção e suas regularidades expressavam a harmonia cósmica, o equilíbrio universal, sendo o homem seu mais significativo exemplo. Logo, seria possível ao homem decodificar a natureza, espelhá-la, dominá-la, e a ferramenta para isso seria a experiência, tendo a matemática como fundamento de toda a certeza. Assim como Da Vinci observa que a experiência jamais engana e que o erro é resultado do pensamento especulativo, também Nicolau Maquiavel propõe estudar a sociedade pela análise da verdade efetiva dos fatos humanos, sem perder-se em especulações. O objeto de suas reflexões não é a matemática, e sim a realidade política, pensada como prática humana, concreta, e o centro maior do seu interesse é o fenômeno do poder, formalizado na instituição do Estado. Não se trata de estudar o tipo ideal de Estado, mas de compreender como as organizações políticas se fundam, desenvolvem-se, persistem e decaem. Ao centrar o objeto de suas reflexões na política e colocar o poder do Estado como seu interesse de investigação, Maquiavel é considerado o fundador da ciência política moderna, com a qual se estabelecem as bases do poder político como se conhecem até os dias atuais.

Fonte: ABBAGNANO, Nicola. Origens da ciência. 1970. p. 9. In: Maquiavel. Os pensadores: Introdução. São Paulo: Nova Cultural, 1999, p. 16-17. (Parcial e adaptado.)

De acordo com as ideias defendidas por Maquiavel, é correto afirmar que ele

a) vincula a política à religião e à moral (ética), afirmando que o poder do Estado tem razões que justificam seus atos. Ao desenvolver essa ideia, ele emprega os conceitos de riqueza e virtude.   

b) usa o conceito filosófico de fortuna, que deve ser entendido como resultado do acúmulo de riquezas. Tal conceito remete à ideia de poder, ou seja, do que está ao alcance, pois depende da vontade individual.   

c) reconhece que a ética é imprescindível para a vida cotidiana, no trato que as pessoas comuns estabelecem no seu dia a dia. Contudo, essa ética não serve para reger a política, cuja lógica é diferente da vida comum.   

d) emprega o conceito de virtú, que significa virtude. Essa ideia não está relacionada à determinação utilizada para a conquista de algo e nem à capacidade que um governante deve ter para enfrentar as mais variadas situações provocadas pela fortuna, mas sim a práticas morais que visam combatê-la.   

e) defende uma virtú aliada à ética, porque, segundo ele, a política deve ser compreendida como um campo unido à moral presente entre os indivíduos. Essa união visa a dar autonomia ao Estado, a qual apenas se tornará realidade se a moral individual for elevada.   

10. (Ufpr 2022) Há em toda república dois humores diversos, quais sejam, aquele do povo e aquele dos grandes, (…) todas as leis que são feitas em favor da liberdade nascem desta desunião.

(MAQUIAVEL. Discursos sobre a Primeira década de Tito Livio. Seleção de textos, tradução e notas Carlo Gabriel Kzsam Pancera. In: MARÇAL, J. (org.) Antologia de textos filosóficos, SEED, 2009, p. 432.)

De acordo com a passagem acima e com a obra de que foi extraída, é correto afirmar que, segundo Maquiavel:

a) as leis nascem do conflito e levam à sua superação, produzindo harmonia social.   

b) as leis não passam de um instrumento de dominação do povo pelos grandes.   

c) para que haja liberdade, as leis devem ser feitas pelo povo, que é soberano.   

d) o conflito entre os grandes e o povo é o motor da vida política, o que produz e aperfeiçoa as leis.   

e) cabe aos grandes fazer as leis, mas sem retirar a liberdade do povo.   

11. (Ufu 2021) “Maquiavel subverteu a abordagem tradicional da teoria política feita pelos gregos e medievais, e por isso é considerado o fundador da ciência política, ao enveredar por novos caminhos ‘ainda não trilhados’ como ele mesmo diz. Pode-se dizer que Maquiavel é realista, ao se basear em ‘como o homem age de fato’”.

ARANHA, M.L.A. e MARTINS, M.H.P. Filosofando. São Paulo, Moderna: 2009, p. 200.

A teoria política de Maquiavel não leva em conta os imperativos da

a) metafísica e da religião.   

b) história e da realidade.   

c) realidade de seu tempo.   

d) conjuntura política real.   

12. (Uece 2020) A seguinte passagem reflete a novidade do pensamento político de Maquiavel:

“Falar no ‘realismo' de Maquiavel equivale, portanto, a ter aceitado o ponto de vista de Maquiavel: o ‘mal’ é politicamente mais significativo, mais ‘real’ do que o ‘bem’. Para contrastá-lo com Aristóteles, diríamos que descreveu a vida política dentro da perspectiva de seus primórdios ou suas origens – amiúde violentas e injustas – e não mais dentro da perspectiva de seu fim”.

MANENT, Pierre. História intelectual do liberalismo: dez lições. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1990. P. 27-29. Adaptado.

A partir da leitura do excerto acima e considerando o pensamento político de Maquiavel, assinale a afirmação verdadeira.

a) Maquiavel consolidou a visão política dos antigos filósofos de uma natureza fundamentalmente boa da ação política, modernizando-a para adaptá-la ao contexto das disputas renascentistas.   

b) Maquiavel inovou ao propor a ação política a partir de uma moral não cristã. Esta política realizaria o bem da cidade e este bem não estaria ligado aos valores espirituais, mas ao jogo de poderes existentes.   

c) Seguindo seus contemporâneos, o pensador florentino expressou uma visão idealista da política a ser executada por um líder forte e cruel: o príncipe.   

d) Seguindo a perspectiva político-teológica medieval, Maquiavel propôs uma visão de política que conciliava o poder papal da igreja e o poder em ascensão dos nobres e príncipes a quem servia.   

13. (Uece 2020) Observe a seguinte passagem que reflete o pensamento político de Maquiavel:

“Para Maquiavel não havia um bem, por maior que fosse, que pudesse ser avaliado como um bem sem restrições. Para ele não há um bem absoluto, também o mal não é sempre um mal incontrastado. Maquiavel foi o primeiro a declarar que o bem e o mal não têm sentido na vida sociopolítica se forem abstratamente dissociados”.

Moreira, Manuel Marques. O Pensamento Político de Maquiavel in O Príncipe. Martin Claret. 2002. P.48 (adaptado).

Considerando a passagem acima e o pensamento de Nicolau Maquiavel, analise as seguintes afirmações:

I. Maquiavel foi inovador no pensamento político por analisar o contexto real dos acontecimentos de uma Itália mergulhada na instabilidade política. Ele foi o primeiro a pensar a política como ela era, na prática, e não como idealmente deveria ser.

II. O pensamento político de Maquiavel é uma ampliação da visão política medieval com a indissociável relação entre poder espiritual da igreja e poder temporal do estado. O príncipe de Maquiavel deveria se aconselhar das orientações espirituais do papado.

III. A filosofia política de Maquiavel reestruturou a relação entre ética e política. Em seu pensamento, a política passou a ser vista de forma autônoma em relação aos imperativos de ordem moral e em relação às concepções de bem e mal de origem cristã.

É correto o que se afirma em

a) I, II e III.   

b) I e II apenas.   

c) II e III apenas.   

d) I e III apenas.   

14. (Ufpr 2020) Considere a passagem abaixo:

A substituição do reino do dever ser, que marca a filosofia anterior, pelo reino do ser, da realidade, leva Maquiavel a se perguntar: como fazer reinar a ordem, como instaurar um Estado estável? O problema central de sua análise política é descobrir como pode ser resolvido o inevitável ciclo de estabilidade e caos. Ao formular e buscar resolver esta questão, Maquiavel provoca uma ruptura com o saber repetido pelos séculos. Trata-se de uma indagação radical e de uma nova articulação sobre o pensar e fazer política, que põe fim à ideia de uma ordem natural eterna. A ordem, produto necessário da política, não é natural, nem a materialização de uma vontade extraterrena, e tampouco resulta do jogo de dados do acaso. Ao contrário, a ordem tem um imperativo: deve ser construída pelos homens para se evitar o caos e a barbárie, e, uma vez alcançada, ela não será definitiva, pois há sempre, em germe, o seu trabalho em negativo, isto é, a ameaça de que seja desfeita.

(SADEK, Maria Tereza. Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtù. In: WEFFORT, Francisco (org.). Clássicos da política, vol. 01. São Paulo: Ática, 2001. p. 17-18.)

Considerando o argumento de Maria Tereza Sadek, em seu texto intitulado Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtù, é correto afirmar:

a) Os estudos de Maquiavel sobre o reino do ser na política levam em consideração a tradição idealista de Platão, Aristóteles e São Tomás de Aquino e rejeitam as interpretações de historiadores antigos, como Tácito, Políbio, Tucídides e Tito Lívio.   

b) Em sua obra, Maquiavel coloca em relevo a dimensão efetivamente social, histórica e política das relações humanas, explicitando que sua regra metodológica implica o exame da realidade tal como ela é e não como se gostaria que ela fosse.   

c) A política, segundo Maquiavel, tem correspondência com as ideias inatistas, ou seja, de que os indivíduos são predestinados a um tipo de condição que lhes é inerente, não havendo possibilidade de mudança ou qualquer outra forma de alterar as estruturas de poder, por ele denominada de “maquiavélicas”.   

d) Segundo Sadek, ao formular uma explicação sobre essa questão, Maquiavel não rompeu com os paradigmas que fundavam a política de seu tempo, por conseguinte, favorecendo a perpetuação de tiranias nos séculos XV e XVI.    

e) Para Maquiavel, o problema central da política foi a democracia, e sua construção implicava o fortalecimento de governos descentralizados, o que aproximava seus estudos de liberais como John Locke e Thomas Hobbes.   

15. (Uece 2020) O florentino Nicolau Maquiavel é considerado pela maioria dos historiadores da política como o primeiro grande pensador moderno a romper com a visão aristotélica sobre o sentido da vida política. Se para o filósofo grego o exercício da vida na polis representava a consumação da natureza racional do homem e a manifestação maior da sua excelência e do bem, Maquiavel, nas palavras de Pierre Manent: “foi o primeiro dos mestres da suspeita... o primeiro a trazer a suspeita para o ponto estratégico da vida dos homens: seu convívio, sua vida política. Se empenhou, Maquiavel, em nos convencer do caráter central ou substancial do mal na coisa pública”.

MANENT, Pierre. História intelectual do liberalismo: dez lições. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1990. P. 28-29/ adaptado.

A partir da leitura do trecho acima e levando em consideração o surgimento do pensamento político moderno, em Maquiavel, analise as seguintes proposições:

I. O pensamento político de Maquiavel foi inovador em relação ao pensamento clássico, por considerar que não há um “bem” absoluto em contraposição a um “mal” a ser combatido. Em certas situações, o “bem” advém e é mantido pelo “mal”.

II. Maquiavel e praticamente todos os filósofos da modernidade negavam a existência do bem comum. Uma característica marcante na concepção de política moderna era a de que a conquista e o exercício do poder político era o principal elemento a considerar.

III. Muito influenciado pelas disputas políticas de seu tempo, Maquiavel baseou-se na experiência concreta da coisa pública. Ao contrário dos antigos que viam a política como a realização do fim último da cidadania, ele procurou descrever o processo político de seu tempo.

É correto o que se afirma em

a) I e III apenas.   

b) I e II apenas.   

c) II e III apenas.   

d) I, II e III.   

16. (Ufu 2020) Leia o Texto 1, recorte de uma reportagem publicada em Comunica UFU, e o Texto 2, excerto da obra O Príncipe, de Maquiavel (1469–1527).

Texto 1

“Muitas cidades brasileiras sofrem com problemas de inundação em períodos de chuvas intensas e no território uberlandense não é diferente. Isso acontece em decorrência da impermeabilização de grandes áreas, da canalização de córregos e da retirada de vegetação natural.”

Disponível em: comunica.ufu.br/notícia. Acesso em: 22. jan. 2020.

Texto 2

“Comparo-a a um desses rios impetuosos que, quando se encolerizam, alagam as planícies, destroem as árvores, os edifícios, arrastam montes de terra de um lugar para outro: tudo foge diante dele, tudo cede ao seu ímpeto [...] não é menos verdade que os homens, quando volta a calma, podem fazer reparos e barragens, de modo que, em outra cheia, aqueles rios correrão por um canal e o seu ímpeto não será tão livre nem tão danoso”

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Coleção Os Pensadores. Trad. Lívio Xavier. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 107.

Assinale a alternativa que apresenta a temática que correlaciona os dois textos.

a) Falta de sorte dos habitantes, por residirem em cidades construídas em áreas de vazantes de rios e de riachos.   

b) Falta de virtù dos governantes que são incapazes de agir corretamente para evitar as constantes enchentes.   

c) Falta de informações geográficas sobre clima, hidrografia e planejamento urbano, o que resulta em enchentes.   

d) Falta de fortuna, no sentido maquiaveliano, ou seja, falta de recursos financeiros para prevenir enchentes.   

17. (Ufu 2019) “Deveis saber, portanto, que existem duas formas de se combater: uma, pelas leis, outra, pela força. A primeira é própria do homem; a segunda, dos animais. Como, porém, muitas vezes a primeira não é suficiente, é preciso recorrer à segunda. [...] um príncipe obrigado a bem servir-se da natureza dos animais deve dela tirar as qualidades da raposa e do leão, pois este não tem defesa alguma contra laços, e a raposa, contra os lobos. Precisa, pois, ser raposa para conhecer os laços e leão para aterrorizar os lobos. Os que se fizeram unicamente leões não serão bem sucedidos”.

MAQUIAVEL, Nicolau. O Príncipe. Trad. XAVIER, L. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

Conforme o excerto acima, conclui-se que, para Maquiavel,

a) quem governa deve usar a astúcia e a força.   

b) somente a força é o bastante para governar.   

c) somente as leis bastam para bem governar.   

d) a raposa significa a força e o leão, a astúcia.   

18. (Ufpr 2019) Quando se conquistam Estados habituados a reger-se por leis próprias e em liberdade, há três modos de manter a sua posse: primeiro, arruiná-los; segundo, ir habitá-los; terceiro, deixá-los viver com suas leis, arrecadando um tributo e criando um governo de poucos, que se conserve amigos. [...] Quem se torna senhor de uma cidade tradicionalmente livre e não a destrói será destruído por ela. Tais cidades têm sempre por bandeira, nas rebeliões, a liberdade e suas antigas leis, que não esquecem nunca, nem com o correr do tempo, nem por influência dos benefícios recebidos. Por muito que se faça, quaisquer que sejam as precauções tomadas, se não se promovem o dissídio e a desagregação dos habitantes, não deixam eles de se lembrar daqueles princípios e, em toda oportunidade, em qualquer situação, a eles recorrem [...]. Assim, para conservar uma república conquistada, o caminho mais seguro é destruí-la ou habitá-la pessoalmente.

(MAQUIAVEL, N. O príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1983, p. 21-22.)

Com base nessa passagem, extraída da obra O Príncipe, de Maquiavel, assinale a alternativa correta. 

a) O poder emanado do príncipe deve ter a capacidade de não apenas levar a cabo os planos de expansão de seu próprio governo, mas sobretudo criar condições para que esse poder mantenha-se de forma plena e garanta a legitimidade da própria dominação.    

b) A passagem refere-se em especial às repúblicas que ainda não passaram por um processo de amadurecimento de suas instituições democráticas. Repúblicas que dependem de orientação externa e de outras nações na formação da sua própria identidade política, a fim de suplantar o ódio típico dessas repúblicas.    

c) Para Maquiavel, “habitar” a república conquistada é uma possibilidade mais condizente com a posição do Príncipe. Considerando que o autor tinha laços com o pensamento humanista, “destruir” uma república conquistada implicaria lançar mão da força militar, com a qual Maquiavel não concordava.    

d) No mundo moderno e contemporâneo, o Príncipe, garantidor da ordem e da segurança pública, pode e deve intervir com o argumento de preservar as instituições democráticas e republicanas, mesmo que para isso seja necessário o uso da força.    

e) O Príncipe pode, por meio de pleito eleitoral, plebiscito ou consulta popular, agir em nome do povo e garantir a soberania de seu Estado. Pode invadir as nações que coloquem em risco a sua própria liberdade. Pode combater o ódio das outras repúblicas, e que essa nação seja destruída ou habitada pelo Príncipe, a fim de assegurar a ordem democrática.    

19. (Uemg 2013) O Absolutismo como forma de governo esteve presente na península Ibérica, na França e na Inglaterra, tendo impactado e influenciado as maiores economias de seu tempo.

Seus pensadores mais conhecidos e suas teorias foram:

a) Nicolau Maquiavel e sua teoria de que o indivíduo estava subordinado ao Estado; Thomas Hobbes, criador da teoria do Contrato; Jacques Bossuet e Jean Bodin, que defenderam que o Rei era um representante divino.   

b) Nicolau Maquiavel e a teoria do Contrato; Thomas Hobbes e a teoria da supremacia do Rei como representante divino; Jacques Bossuet e Jean Bodin, que defenderam a subordinação do indivíduo ao Estado.   

c) Maquiavel, Jacques Bossuet e Jean Bodin, cujas teorias só se diferenciaram na aplicabilidade teológica, bem como Thomas Hobbes, que preconizou o indivíduo como senhor de seus direitos. 

d) Maquiavel e Thomas Hobbes, que conceberam o Contrato Social, Jacques Bossuet, que estabeleceu o conceito de individualismo primordial, e Jean Bodin, que defendeu a primazia da esfera governamental.   

20. (Unioeste 2018) Considerando-se o seguinte fragmento de Maquiavel, indique qual das alternativas abaixo está CORRETA.

“Um príncipe prudente deve, portanto, conduzir-se de uma terceira maneira escolhendo no seu Estado homens sábios, e só a esses deve dar o direito de falar-lhe a verdade a respeito, porém apenas das coisas que ele lhes perguntar. Deve consultá-los a respeito de tudo e ouvir-lhes a opinião e deliberar depois como bem entender e com conselhos daqueles; conduzir-se de tal modo que eles percebam que com quanto mais liberdade falarem, mais facilmente as suas opiniões serão seguidas”

(MAQUIAVEL, 1973, p. 105).

 

a) De acordo com Maquiavel, o príncipe, na direção do seu Estado, não deve consultar ninguém ao tomar decisões.    

b) Maquiavel considera que todos têm o direito de criticar as ações do príncipe.    

c) Maquiavel afirma que homens sábios podem falar ao príncipe o que quiserem, e na hora que bem entenderem, sendo obrigação do príncipe acatá-los.    

d) Conforme Maquiavel, o príncipe deve cercar-se de conselheiros sábios, mas eles nunca devem ter liberdade para falar a verdade.    

e) Maquiavel defende que, como o príncipe precisa da opinião livre dos sábios, deve dar-lhes o direito de falar-lhes a verdade, mas apenas das coisas que ele lhe perguntar.    

21. (Unicamp 2016) Quanto seja louvável a um príncipe manter a fé, aparentar virtudes e viver com integridade, não com astúcia, todos o compreendem; contudo, observa-se, pela experiência, em nossos tempos, que houve príncipes que fizeram grandes coisas, mas em pouca conta tiveram a palavra dada, e souberam, pela astúcia, transtornar a cabeça dos homens, superando, enfim, os que foram leais (...). Um príncipe prudente não pode nem deve guardar a palavra dada quando isso se lhe torne prejudicial e quando as causas que o determinaram cessem de existir.

(Nicolau Maquiavel, O Príncipe. São Paulo: Nova Cultural, 1997, p. 73-85.)

A partir desse excerto da obra, publicada em 1513, é correto afirmar que:

a) O jogo das aparências e a lógica da força são algumas das principais artimanhas da política moderna explicitadas por Maquiavel.   

b) A prudência, para ser vista como uma virtude, não depende dos resultados, mas de estar de acordo com os princípios da fé.   

c) Os princípios e não os resultados é que definem o julgamento que as pessoas fazem do governante, por isso é louvável a integridade do príncipe.   

d) A questão da manutenção do poder é o principal desafio ao príncipe e, por isso, ele não precisa cumprir a palavra dada, desde que autorizado pela Igreja.   

22. (Uel 2014) A República de Veneza e o Ducado de Milão ao norte, o reino de Nápoles ao sul, os Estados papais e a república de Florença no centro formavam ao final do século XV o que se pode chamar de mosaico da Itália sujeita a constantes invasões estrangeiras e conflitos internos. Nesse cenário, o florentino Maquiavel desenvolveu reflexões sobre como aplacar o caos e instaurar a ordem necessária para a unificação e a regeneração da Itália.

(Adaptado de: SADEK, M. T. “Nicolau Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual de virtú”. In: WEFORT, F. C. (Org.). Clássicos da política. v.2. São Paulo: Ática, 2003. p.11-24.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a filosofia política de Maquiavel, assinale a alternativa correta.

a) A anarquia e a desordem no Estado são aplacadas com a existência de um Príncipe que age segundo a moralidade convencional e cristã.   

b) A estabilidade do Estado resulta de ações humanas concretas que pretendem evitar a barbárie, mesmo que a realidade seja móvel e a ordem possa ser desfeita.   

c) A história é compreendida como retilínea, portanto a ordem é resultado necessário do desenvolvimento e aprimoramento humano, sendo impossível que o caos se repita.   

d) A ordem na política é inevitável, uma vez que o âmbito dos assuntos humanos é resultante da materialização de uma vontade superior e divina.   

e) Há uma ordem natural e eterna em todas as questões humanas e em todo o fazer político, de modo que a estabilidade e a certeza são constantes nessa dimensão.   

23. (Ufpa 2013) Ao pensar como deve comportar-se um príncipe com seus súditos, Maquiavel questiona as concepções vigentes em sua época, segundo as quais consideravam o bom governo depende das boas qualidades morais dos homens que dirigem as instituições. Para o autor, “um homem que quiser fazer profissão de bondade é natural que se arruíne entre tantos que são maus. Assim, é necessário a um príncipe, para se manter, que aprenda a poder ser mau e que se valha ou deixe de valer-se disso segundo a necessidade”.

Maquiavel, O Príncipe, São Paulo: Abril cultural, Os Pensadores, 1973, p.69.

Sobre o pensamento de Maquiavel, a respeito do comportamento de um príncipe, é correto afirmar que

a) a atitude do governante para com os governados deve estar pautada em sólidos valores éticos, devendo o príncipe punir aqueles que não agem eticamente.   

b) o Bem comum e a justiça não são os princípios fundadores da política; esta, em função da finalidade que lhe é própria e das dificuldades concretas de realizá-la, não está relacionada com a ética.   

c) o governante deve ser um modelo de virtude, e é precisamente por saber como governar a si próprio e não se deixar influenciar pelos maus que ele está qualificado a governar os outros, isto é, a conduzi-los à virtude.   

d) o Bem supremo é o que norteia as ações do governante, mesmo nas situações em que seus atos pareçam maus.   

e) a ética e a política são inseparáveis, pois o bem dos indivíduos só é possível no âmbito de uma comunidade política onde o governante age conforme a virtude.   

24. (Enem 2013) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.

MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser

a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.   

b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.   

c) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.   

d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.   

e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.   

25. (Ufu 2013) Em seus estudos sobre o Estado, Maquiavel busca decifrar o que diz ser uma verità effettuale, a “verdade efetiva” das coisas que permeiam os movimentos da multifacetada história humana/política através dos tempos. Segundo ele, há certos traços humanos comuns e imutáveis no decorrer daquela história. Afirma, por exemplo, que os homens são “ingratos, volúveis, simuladores, covardes ante os perigos, ávidos de lucro”. (O Príncipe, cap. XVII)

Para Maquiavel: 

a) A “verdade efetiva” das coisas encontra-se em plano especulativo e, portanto, no “dever-ser”.    

b) Fazer política só é possível por meio de um moralismo piedoso, que redime o homem em âmbito estatal.    

c) Fortuna é poder cego, inabalável, fechado a qualquer influência, que distribui bens de forma indiscriminada.    

d) A Virtù possibilita o domínio sobre a Fortuna. Esta é atraída pela coragem do homem que possui Virtù.    






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