1. (Ueg 2022) Leia o texto a seguir.
O
primeiro que, tendo cercado um terreno, arriscou-se a dizer: “isso é meu”, e
encontrou pessoas bastante simples para acreditar nele, foi o verdadeiro
fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras, mortes, misérias e
horrores não teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas,
(...) tivesse gritado a seus semelhantes: “fugi às palavras desse impostor,
estareis perdidos se esquecerdes que os frutos pertencem a todos e que a terra
é de ninguém”.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. São Paulo: Ática, 1989. p. 84.
A
partir da leitura desse fragmento, é possível estabelecer que a filosofia
política de Jean-Jacques Rousseau destoa das bases fundamentais do pensamento
iluminista porque
a)
acreditava que a razão filosófica foi desvirtuada pela evolução técnica
e era incapaz de fornecer as bases para a mudança social.
b)
negava a possibilidade de revolução social porque tais movimentos
acarretavam no aumento da violência e injustiça.
c)
rejeitava a ideia de progresso material e idealizava uma sociedade
perfeita a partir de valores simples e contato com a natureza.
d)
acusava a simplicidade e falta de organização dos camponeses como
responsáveis pela desigualdade reinante no Antigo Regime.
e) defendia o fim da propriedade privada e a coletivização dos meios de produção como única forma de acabar com a desigualdade.
2. (Uece 2022) “A
extrema desigualdade na maneira de viver, o excesso de ociosidade por parte de
uns, o excesso de trabalho de outros, [...] os alimentos demasiadamente
requintados, que nos nutrem de sucos abrasantes e nos sobrecarregam de
indigestões, a má alimentação dos pobres, [...]: eis, pois, as funestas
garantias de que a maioria dos males é fruto de nossa própria obra, e de que
seriam quase todos evitados se conservássemos a maneira simples, uniforme e
solitária de viver, que nos foi prescrita pela Natureza.”
Rousseau, J.-J. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1999, p. 61 – Coleção Os Pensadores.
Por meio do trecho acima, é correto concluir que,
para Rousseau,
a)
as desigualdades existentes entre os homens não são naturais, mas
decorrentes da sociedade.
b)
alguns homens vivem melhor, pois trabalham mais, enquanto outros vivem
no ócio e na pobreza.
c)
as desigualdades entre os homens são resultado da natureza e independem
da vontade humana.
d) a natureza humana impede que haja desigualdades entre os homens, mesmo na vida em sociedade.
3. (Pucgo Medicina 2022) Leia o fragmento de texto a seguir:
Nesta
quarta-feira (17), o Projeto Educação falou sobre os filósofos contratualistas
e suas obras. O professor de filosofia Fábio Medeiros respondeu a uma pergunta enviada
por um grupo de alunos da Escola Técnica Estadual (ETE) Almirante Soares Dutra,
no bairro de Santo Amaro, no Centro do Recife.
[...]
Segundo
o professor Fábio Medeiros, existem três pensadores da era moderna, conhecidos
como os filósofos contratualistas: Thomas Hobbes, que escreveu o livro Leviatã;
John Locke, autor de Dois Tratados sobre o Governo Civil’; e Jean-Jacques
Rousseau, escritor do Contrato Social. Eles são considerados contratualistas
porque afirmam que é necessário um contrato social para que a vida civilizada
possa acontecer. A partir desse princípio, cada um deles tem sua linha de pensamento.
[...]
(Disponível em: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/educacao/noticia/2018/10/17/projeto-educacao-saiba-quem-são-os-filosofos-contratualistas-e-sus-deias.ghtml. Acesso em: 30 out. 2021. Adaptado.)
Considere as informações contidas no fragmento e analise as assertivas que se seguem, sob a perspectiva da filosofia dos contratualistas:
I.
Sob a perspectiva da teoria de Hobbes, os seres humanos vivem em uma sociedade
que não é civilizada e possuem uma natureza má. Daí vem a afirmação: “O homem é
o lobo do homem” e, por esse motivo, é necessário estabelecer a vida civilizada
por meio de um pacto, na qual há uma pessoa governando.
II.
Sob a perspectiva da teoria de Locke, o homem é naturalmente desigual.
Portanto, a sociedade estimula as competições e potencializa as diferenças entre
os homens. Locke é responsável por propor que, para a sociedade existir
civilizadamente, é preciso superar a desigualdade social oriunda da propriedade
privada.
III.
Sob a perspectiva da teoria de Rousseau, o Estado deve ser absoluto, ou seja,
para que a sociedade se organize, é importante sair do estado de natureza e
adentrar no estado de se autogovernar. Por esse motivo, é necessário que o
Estado seja o representante absoluto do estado civil.
IV. Sob a perspectiva da teoria de Locke, o Estado se formaria porque ninguém é bom juiz de si mesmo. Logo, o Estado se tornaria necessário para intermediar os conflitos entre as pessoas. Por conseguinte, as pessoas poderiam esperar que o Estado assegurasse os direitos e as liberdades individuais de todos.
Marque
a única alternativa cujos itens contêm uma análise correta, de acordo com a
filosofia dos autores contratualistas:
a)
I e II apenas.
b)
I e IV apenas.
c)
II e III apenas.
d) II e IV apenas.
4.
(Unesp 2021) Aquele que ousa empreender a instituição de um povo
deve sentir-se com capacidade para, por assim dizer, mudar a natureza humana,
transformar cada indivíduo, que por si mesmo é um todo perfeito e solitário, em
parte de um todo maior, do qual de certo modo esse indivíduo recebe sua vida e
seu ser; alterar a constituição do homem para fortificá-la; substituir a
existência física e independente, que todos nós recebemos da natureza, por uma
existência parcial e moral. Em uma palavra, é preciso que destitua o homem de
suas próprias forças para lhe dar outras […] das quais não possa fazer uso sem
socorro alheio.
(Jean-Jacques Rousseau. Do contrato social, 1978.)
De
acordo com a teoria contratualista de Rousseau, é necessário superar a natureza
humana para
a)
assegurar a integridade do soberano.
b)
conservar as desigualdades sociais.
c)
evitar a guerra de todos contra todos.
d)
promover a efetivação da vontade geral.
e) garantir a preservação da vida.
5.
(Enem PPL 2020) Antes que a arte polisse nossas maneiras e ensinasse
nossas paixões a falarem a linguagem apurada, nossos costumes eram rústicos.
Não era melhor, mas os homens encontravam sua segurança na facilidade para se
reconhecerem reciprocamente, e essa vantagem, de cujo valor não temos mais a
noção, poupava-lhes muitos vícios.
ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre as ciências e as artes. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (adaptado).
No
presente excerto, o filósofo Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) exalta uma
condição que teria sido vivenciada pelo homem em qual situação?
a)
No sistema monástico, pela valorização da religião.
b)
Na existência em comunidade, pela comunhão de valores.
c)
No modelo de autogestão, pela emancipação do sujeito.
d)
No estado de natureza, pelo exercício da liberdade.
e) Na vida em sociedade, pela abundância de bens.
6.
(Unisinos 2021) Os contratualistas, pensadores do contrato social para
regular as relações entre o homem em estado de natureza e o Estado, entendiam
que o poder emanava de um contrato humano; que a legitimidade emanava de um
contrato entre homens, entre a sociedade e o Estado. Qual das alternativas a
seguir apresenta contratualistas?
a)
Herbert Spencer, Nicolau Copérnico, Napoleão Bonaparte.
b)
Thomas Hobbes, John Locke, Jean-Jacques Rousseau.
c)
Nicolau Maquiavel, Santo Tomás de Aquino, Adam Smith.
d)
Tarquínio Prisco, Tito Lívio, Dionísio de Alicarnasso.
e) Wladimir Lênin, Karl Marx, Theodor Adorno.
7.
(Unesp 2020) Cada um de nós põe em comum sua pessoa e todo o seu
poder sob a direção suprema da vontade geral, e recebemos, enquanto corpo, cada
membro como parte indivisível do todo. [...] um corpo moral e coletivo,
composto de tantos membros quantos são os votos da assembleia [...]. Essa
pessoa pública, que se forma, desse modo, pela união de todas as outras, tomava
antigamente o nome de cidade e, hoje, o de república ou de corpo
político, o qual é chamado por seus membros de Estado [...].
(Jean-Jacques Rousseau. Os pensadores, 1983.)
O
texto, produzido no âmbito do Iluminismo francês, apresenta a doutrina política
do
a)
coletivismo, manifesto na rejeição da propriedade privada e na defesa
dos programas socialistas de estatização.
b)
humanismo, presente no projeto liberal de valorizar o indivíduo e sua
realização no trabalho.
c)
socialismo, presente na crítica ao absolutismo monárquico e na defesa da
completa igualdade socioeconômica.
d)
corporativismo, presente na proposta fascista de unir o povo em torno da
identidade e da vontade nacional.
e) contratualismo, manifesto na reação ao Antigo Regime e na defesa dos direitos de cidadania.
8.
(Uel 2020) A “Querela do luxo” foi um dos mais intensos
debates do século XVIII na França e consistiu em defender o luxo como sinal do
progresso da humanidade, ou em atacá-lo como signo de decadência. Rousseau,
partidário da segunda via, num dos seus textos, afirma:
A
vaidade e a ociosidade, que engendram nossas ciências, também engendram o luxo.
[...] Eis como o luxo, a dissolução e a escravidão foram [...] o castigo dos
esforços orgulhosos que fizemos para sair da ignorância feliz na qual nos
colocara a sabedoria eterna. [...] Creem embaçar-me terrivelmente
perguntando-me até onde se deve limitar o luxo. Minha opinião é que
absolutamente não se precisa dele. Para além da necessidade física, tudo é
fonte de mal.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre as ciências e as artes. Trad. Lourdes Santos Machado, 3ª ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p.395; 341; 410.
Com
base no texto e nos conhecimentos sobre a teoria política e antropológica de
Rousseau e a compreensão do autor acerca das ciências, das artes e do luxo,
considere as afirmativas a seguir.
I.
A crítica de Rousseau às ciências e às artes e, por extensão, ao luxo, resulta
da sua compreensão da natureza humana, na qual a necessidade física é o
critério decisivo sobre o que é bom para a humanidade.
II.
Em sua teoria política, Rousseau dirige a crítica às ciências, às artes e ao
luxo, por identificar neles a vigência de um princípio que sacrifica a
possibilidade da criação de uma sociedade minimamente justa.
III.
A vaidade e a ociosidade, que engendram o luxo, são uma constante da natureza
humana, razão pela qual também as ciências e as artes são expressões
necessárias da natureza humana.
IV. A defesa da feliz ignorância, na qual nasce cada ser humano, leva Rousseau a legitimar formas de governo caracterizadas pelo sacrifício da inteligência e da crítica e pela obediência a um poder soberano.
Assinale
a alternativa correta.
a)
Somente as afirmativas I e II são corretas.
b)
Somente as afirmativas I e IV são corretas.
c)
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d)
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
9. (Uece 2019) No Brasil, na Argentina e em outros países da América Latina, os governos estão promovendo mudanças econômicas e de políticas públicas, mudanças essas conhecidas como liberais ou neoliberais. Nessas mais recentes políticas governamentais, o poder público transfere à economia de mercado a satisfação de determinadas carências dos cidadãos, que devem provê-las a partir do próprio esforço individual em uma economia mais fortemente caracterizada pela concorrência entre os indivíduos e por menos direitos sociais. Em seu tempo, o filósofo contratualista Jean-Jacques Rousseau, em seu Do Contrato Social, afirma que quanto menos felicidade a República é capaz de proporcionar aos cidadãos, mais eles terão que buscar, individualmente, a felicidade. A consequência é uma sociedade cada vez mais egoísta, desinteressada pela política e, por fim, agrilhoada por um déspota qualquer ou pela cobiça.
O
texto acima apresenta duas opiniões conflitantes sobre a condução das políticas
públicas. Considerando essas opiniões, assinale a afirmação verdadeira.
a)
O governo brasileiro defende uma posição socialista, que consiste no
provimento estatal daquilo que é necessário para a felicidade geral, enquanto
Rousseau apresenta uma ideia liberal de economia e livre-iniciativa.
b)
Rousseau é um contumaz representante do marxismo cultural, que produz
suas críticas ao governo Bolsonaro com o único objetivo de desestabilizar o
Brasil e inviabilizar as reformas econômicas liberalizantes.
c)
Rousseau apresenta um argumento contrário ao individualismo liberal, uma
vez que o indivíduo, despreocupado com a política e engajado nos ganhos
econômicos, se distancia dos assuntos públicos e corre risco de perder sua
liberdade.
d) A posição do governo brasileiro, ao apresentar um menor aporte para as universidades públicas, quando amplia a rede de universidades privadas, é condizente com o pensamento de Rousseau, que tem em foco o bem público e não a busca individualizada por felicidade.
10. (Enem PPL 2019) TEXTO I
Eu
queria movimento e não um curso calmo da existência. Queria excitação e perigo
e a oportunidade de sacrificar-me por meu amor. Sentia em mim uma superabundância
de energia que não encontrava escoadouro em nossa vida.
TOLSTÓI, L. Felicidade familiar. Apud KRAKAUER, J. Na natureza selvagem. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.
TEXTO II
Meu
lema me obrigava, mais que a qualquer outro homem, a um enunciado mais exato da
verdade; não sendo suficiente que eu lhe sacrificasse em tudo o meu interesse e
as minhas simpatias, era preciso sacrificar-lhe também minha fraqueza e minha
natureza tímida. Era preciso ter a coragem e a força de ser sempre verdadeiro
em todas as ocasiões.
ROUSSEAU, J.-J. Os devaneios do caminhante solitário. Porto Alegre: L&PM, 2009.
Os
textos de Tolstói e Rousseau retratam ideais da existência humana e defendem
uma experiência
a)
lógico-racional, focada na objetividade, clareza e imparcialidade.
b)
místico-religiosa, ligada à sacralidade, elevação e espiritualidade.
c)
sociopolítica, constituída por integração, solidariedade e organização.
d)
naturalista-científica, marcada pela experimentação, análise e
explicação.
e) estético-romântica, caracterizada por sinceridade, vitalidade e impulsividade.
11.
(Uel 2019) Por que só o homem é suscetível de tornar-se
imbecil? [...] O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que,
tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas
suficientemente simples para acreditá-lo.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Trad. Lourdes Santos Machado, 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. pp. 243; 259.
Com
base nos conhecimentos sobre sociedade civil, propriedade e natureza humana no
pensamento de Rousseau, assinale a alternativa correta.
a)
A instauração da propriedade decorre de um ato legítimo da sociedade
civil, na medida em que busca atender às necessidades do homem em estado de
natureza.
b)
A instauração da propriedade e da sociedade civil cria uma ruptura
radical do homem consigo mesmo e de distanciamento da natureza.
c)
A fundação da sociedade civil é legitimada pela racionalidade e pela universalidade
do ato de instauração da propriedade privada.
d)
O sentimento mais primitivo do homem, que o leva a instituir a
propriedade, é o reconhecimento da necessidade da propriedade para garantir a
subsistência.
e) A sociedade civil e a propriedade são expressões da perfectibilidade humana, ou seja, da sua capacidade de aperfeiçoamento.
12.
(Ufu 2018) Com relação à noção de estado de natureza, que é o
estado em que os seres humanos se achavam antes da formação da sociedade,
podem-se identificar, na filosofia política moderna, três tendências:
1. Os seres humanos são
naturalmente egoístas e, no estado de natureza, se achavam numa guerra de todos
contra todos daí que, por medo uns dos outros, aceitam renunciar à liberdade e
constituir um Soberano, o estado, que garanta a paz.
2. Não é por medo uns
dos outros, e sim para garantir o direito à propriedade e à segurança que os
seres humanos consentem em criar uma autoridade que possa tornar isso possível.
3. No estado de natureza, os seres humanos eram felizes e foi o advento da propriedade privada e da sociedade civil que tornou alguns escravos de outros.
Podem-se
atribuir essas três concepções, respectivamente, a
a)
Hobbes, Rousseau e Maquiavel.
b) Hobbes, Locke e Rousseau.
c)
Maquiavel, Hobbes e Locke.
d) Rousseau, Maquiavel e Locke.
13. (Pucpr 2015) Leia o fragmento a seguir, extraído do Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, de Rousseau:
“É do homem que devo falar, e a questão
que examino me indica que vou falar a homens, pois não se propõem questões
semelhantes quando se teme honrar a verdade. Defenderei, pois, com confiança a
causa da humanidade perante os sábios que a isso me convidam e não ficarei
descontente comigo mesmo se me tornar digno de meu assunto e de meus juízes”.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1999, p.159.
A partir da teoria contratualista de
Rousseau, assinale a alternativa que representa aquilo que o filósofo de
Genebra pretende defender na obra.
a) Que a desigualdade social é permitida pela lei
natural e, portanto, o Estado não é responsável pelo conflito social.
b) Que a desigualdade social é autorizada pela lei natural,
ou seja, que a natureza não se encontra submetida à lei.
c) Que no estado natural existe apenas o direito de
propriedade.
d) Que a desigualdade moral ou política é uma
continuidade daquilo que já está presente no estado natural.
e) Que há, na espécie humana, duas espécies de
desigualdade: a primeira, natural, e a segunda, moral ou política.
14. (Unesp 2014) A China é a segunda
maior economia do mundo. Quer garantir a hegemonia no seu quintal, como fizeram
os Estados Unidos no Caribe depois da guerra civil. As Filipinas temem por um
atol de rochas desabitado que disputam com a China. O Japão está de plantão por
umas ilhotas de pedra e vento, que a China diz que lhe pertencem. Mesmo o
Vietnã desconfia mais da China do que dos Estados Unidos. As autoridades de
Hanói gostam de lembrar que o gigante americano invadiu o México uma vez. O
gigante chinês invadiu o Vietnã dezessete.
(André Petry. O Século do Pacífico. Veja, 24.04.2013. Adaptado.)
A persistência histórica dos conflitos
geopolíticos descritos na reportagem pode ser filosoficamente compreendida pela
teoria
a) iluminista, que preconiza a possibilidade de um
estado de emancipação racional da humanidade.
b) maquiavélica, que postula o encontro da virtude
com a fortuna como princípios básicos da geopolítica.
c) política de Rousseau, para quem a submissão à
vontade geral é condição para experiências de liberdade.
d) teológica de Santo Agostinho, que considera que
o processo de iluminação divina afasta os homens do pecado.
e) política de Hobbes, que conceitua a competição e a desconfiança como condições básicas da natureza humana.
15. (Uel 2013) A questão não está mais
em se um homem é honesto, mas se é inteligente. Não perguntamos se um livro é
proveitoso, mas se está bem escrito. As recompensas são prodigalizadas ao
engenho e ficam sem glórias as virtudes. Há mil prêmios para os belos discursos,
nenhum para as belas ações.
(ROUSSEAU, J. J. Discurso sobre as ciências e as artes. 3.ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p.348. Coleção Os Pensadores.)
O texto apresenta um dos argumentos de Rousseau à questão colocada em 1749, pela Academia de Dijon, sobre o seguinte problema: O restabelecimento das Ciências e das Artes terá contribuído para aprimorar os costumes?
Com base nas críticas de Rousseau à
sociedade, assinale a alternativa correta.
a) As artes e as ciências geralmente floresceram em
sociedades que se encontravam em pleno vigor moral, em que a honra era a
principal preocupação dos cidadãos.
b) A emancipação advém da posse e do consumo
exclusivo e diferenciado de bens de primeira linha, uma vez que o luxo concede
prestígio para quem o possui.
c) Os envolvidos com as ciências e as artes
adquirem, com maior grau de eficiência, conhecimentos que lhes permitem
perceber a igualdade entre todos.
d) O amor-próprio é um sentimento positivo por meio
do qual o indivíduo é levado a agir moralmente e a reconhecer a liberdade e o
valor dos demais.
e) O objetivo das investigações era atingir celebridade, pois os indivíduos estavam obcecados em exibir-se, esquecendo-se do amor à verdade.
16. (Enem 2012) O homem natural é tudo
para si mesmo; é a unidade numérica, o inteiro absoluto, que só se relaciona
consigo mesmo ou com seu semelhante. O homem civil é apenas uma unidade
fracionária que se liga ao denominador, e cujo valor está em sua relação com o
todo, que é o corpo social. As boas instituições sociais são as que melhor
sabem desnaturar o homem, retirar-lhe sua existência absoluta para dar-lhe uma
relativa, e transferir o eu para a unidade comum, de sorte que cada particular
não se julgue mais como tal, e sim como uma parte da unidade, e só seja
percebido no todo.
ROUSSEAU, J. J. Emílio ou da Educação. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
A visão de Rousseau em relação à
natureza humana, conforme expressa o texto, diz que
a) o homem civil é formado a partir do desvio de
sua própria natureza.
b) as instituições sociais formam o homem de acordo
com a sua essência natural.
c) o homem civil é um todo no corpo social, pois as
instituições sociais dependem dele.
d) o homem é forçado a sair da natureza para se
tornar absoluto.
e) as instituições sociais expressam a natureza humana, pois o homem é um ser político.
17. (Unioeste 2011) “A passagem do
estado de natureza para o estado civil determina no homem uma mudança muito
notável, substituindo na sua conduta o instinto pela justiça dando às suas
ações a moralidade que antes lhes faltava. É só então que, tomando a voz do
dever o lugar do impulso físico, e o direito o lugar do apetite, o homem, até
aí levando em consideração apenas sua pessoa, vê-se forçado a agir baseado em
outros princípios e a consultar e ouvir a razão antes de ouvir suas
inclinações. Embora nesse estado se prive de muitas vantagens que frui da
natureza, ganha outras de igual monta: suas faculdades se exercem e se
desenvolvem, suas ideias se alargam, seus sentimentos se enobrecem, toda sua
alma se eleva a tal ponto que (...) deveria sem cessar bendizer o instante
feliz que dela o arrancou para sempre e fez, de um animal estúpido e limitado,
um ser inteligente e um homem”.
Rousseau.
Com base no texto, seguem as seguintes
afirmativas:
I. A mudança significativa que ocorre para o homem,
na passagem do estado natural para o estado civil, é a de que o homem passa a
conduzir-se pelos instintos, como um “animal estúpido e limitado”.
II. A conduta do homem, no estado natural, é
baseada na justiça e na moralidade e em conformidade com princípios fundados na
razão.
III. Ao ingressar no estado civil, na sua conduta,
o homem substitui a justiça pelo instinto e apetite, orientando-se, apenas,
pelas suas inclinações e não pela “voz do dever” e sem “ouvir a razão”.
IV. Com a passagem do estado de natureza para o
estado civil, o homem passa a agir baseado em princípios da justiça e da
moralidade, orientando-se antes pela razão do que pelas inclinações.
V. Com a passagem do estado de natureza para o estado civil, o homem obtém vantagens que o faz um “ser inteligente e um homem”, obtendo, assim a “liberdade civil”, submetendo-se, apenas, “à lei que prescrevemos a nós mesmos”.
Assinale a alternativa correta.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I e V estão corretas.
d) Apenas IV e V estão corretas.
e) Apenas II e V estão corretas.
18. (Ufpa 2011) “A soberania não pode ser representada pela mesma razão por que não pode ser alienada, consiste essencialmente na vontade geral e a vontade absolutamente não se representa. (...). Os deputados do povo não são nem podem ser seus representantes; não passam de comissários seus, nada podendo concluir definitivamente. É nula toda lei que o povo diretamente não ratificar; em absoluto, não é lei.”
(ROSSEAU, J.J. Do Contrato social, São Paulo, Abril Cultural, 1973, livro III, cap. XV, p. 108-109)
Rousseau, ao negar que a soberania
possa ser representada preconiza como regime político:
a) um sistema misto de democracia semidireta, no
qual atuariam mecanismos corretivos das distorções da representação política
tradicional.
b) a constituição de uma República, na qual os
deputados teriam uma participação política limitada.
c) a democracia direta ou participativa, mantida
por meio de assembleias frequentes de todos os cidadãos.
d) a democracia indireta, pois as leis seriam
elaboradas pelos deputados distritais e aprovadas pelo povo.
e) um regime comunista no qual o poder seria extinto, assim como as diferenças entre cidadão e súdito.
19. (Uel 2010) [...] só a vontade
geral pode dirigir as forças do Estado de acordo com a finalidade de sua
instituição, que é o bem comum, porque, se a oposição dos interesses
particulares tornou necessário o estabelecimento das sociedades, foi o acordo
desses mesmos interesses que o possibilitou. O que existe de comum nesses
vários interesses forma o liame social e, se não houvesse um ponto em que todos
os interesses concordassem, nenhuma sociedade poderia existir. Ora, somente com
base nesse interesse comum é que a sociedade deve ser governada.
(ROUSSEAU, J. J. Do contrato social. 5. edição. São Paulo: Nova Cultural, 1991, p.43).
Com base no texto e nos conhecimentos
sobre a relação entre contrato social e vontade geral no pensamento de
Rousseau, é correto afirmar:
a) A vontade geral, fundamento da ordem social e
política, consiste na soma e, por sua vez, na concordância de todas as vontades
individuais, as quais por natureza tendem para a igualdade.
b) Pelo contrato social, a multidão promete
obedecer a um senhor, a quem transmite a vontade coletiva e, por este ato de
doação, torna-se povo e institui-se o corpo político.
c) Pelo direito natural, a vontade geral se realiza
na concordância manifesta pela maioria das vontades particulares, reunidas em
assembleia, que reivindicam para si o poder soberano da comunidade.
d) Por força do contrato social, a lei se torna ato
da vontade geral e, como tal, expressão da soberania do povo e vontade do corpo
político, que deve partir de todos para aplicar-se a todos.
e) O contrato social, pelo qual o povo adquire sua soberania, decorre da predisposição natural de cada associado, permitindo-lhe manter o seu poder, de seus bens e da própria liberdade.
20. (Ufpa 2010) Em O Contrato Social,
após reconhecer as vantagens da instituição do estado civil, Rousseau afirma a
necessidade de se acrescentar à aquisição deste estado a liberdade moral, pois
só assim o homem torna-se senhor de si mesmo.
Com base nessa concepção, é correto
afirmar:
a) O estado civil é o único em que o homem pode
viver em liberdade.
b) No estado de natureza, todos os homens viviam em
situação de escravidão moral.
c) Na vida civil, os impulsos imorais do homem se
acomodam incondicionalmente às regras do Estado de Direito.
d) Não devemos situar em um mesmo plano civilidade
e moralidade.
e) Estado, lei e liberdade são uma só e mesma coisa.
21. (Uel 2009) Oswald de Andrade, no
Manifesto Antropofágico, procurou transformar o “bom selvagem” de Rousseau num
aguerrido selvagem devorador, que digere e transforma a cultura europeia do
colonizador, tornando-a parte de sua própria cultura. Considerando a questão do
“bom selvagem” no pensamento de Rousseau, é correto afirmar.
a) A idealização do bom selvagem, no estado de
natureza, representa a exaltação da animalidade do homem primitivo que, no
estado civil, adquire forma agressiva.
b) A felicidade original do bom selvagem se realiza
no suor de seu trabalho em sua propriedade, de onde retira o necessário para a
sua sobrevivência.
c) O homem, degenerado pela civilização, só poderá
recuperar a felicidade no estado de natureza com o retorno à vida isolada no meio
das florestas.
d) No estado de natureza, o bom selvagem busca
satisfazer sua necessidade inata de reconhecimento de si e de admiração pelo
outro.
e) No estado de natureza, o bom selvagem é autossuficiente e vive isolado, sobrevivendo com o que a natureza lhe provê e de acordo com suas necessidades inatas.
22. (Ueg 2009) Entendia o filósofo
Jean-Jacques Rousseau que a sociedade civil é resultado das transformações que
a espécie humana sofreu ao longo de sua história, sobretudo da condição de
selvagem para a condição de homem civilizado. O que permitiu essa transformação,
segundo este filósofo, é a perfectibilidade. Selecione, nos itens a seguir,
aquele que expressa o sentido de perfectibilidade em Rousseau, ou seja, a
capacidade que o homem tem de
b) encontrar soluções para seus problemas.
c) enfrentar seus medos.
d) escapar dos perigos.
23. (Pucpr 2009) “O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer isto é meu e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo”.
Levando em conta a principal ideia que
Rousseau quer transmitir com essa afirmação, assinale a alternativa
verdadeira:
a) A propriedade privada, já existente antes da
sociedade civil, trouxe a possibilidade de melhor organização entre os
indivíduos e, consequentemente, facilitou sua convivência.
b) A propriedade privada é um direito natural
fundado no trabalho.
c) A expressão “isto é meu” da frase de Rousseau
quer mostrar que naturalmente o homem anseia por propriedade privada.
d) A sociedade civil tem sua origem na propriedade
privada que, junto consigo, trouxe os principais problemas entre os
homens.
e) O fundador da sociedade civil era um pensador grego que tinha grande capacidade de persuasão.
24. (Unicamp 2012) “O homem
nasce livre, e por toda a parte encontra-se a ferros. O que se crê senhor dos
demais não deixa de ser mais escravo do que eles. (...) A ordem social, porém,
é um direito sagrado que serve de base a todos os outros. (...) Haverá sempre
uma grande diferença entre subjugar uma multidão e reger uma sociedade. Sejam
homens isolados, quantos possam ser submetidos sucessivamente a um só, e não
verei nisso senão um senhor e escravos, de modo algum considerando-os um povo e
seu chefe. Trata-se, caso se queira, de uma agregação, mas não de uma associação;
nela não existe bem público, nem corpo político.”
(Jean-Jacques Rousseau, Do Contrato Social. [1762]. São Paulo: Ed. Abril, 1973, p. 28,36.)
No trecho apresentado, o autor
a) argumenta que um corpo político existe quando os
homens encontram-se associados em estado de igualdade política.
b) reconhece os direitos sagrados como base para os
direitos políticos e sociais.
c) defende a necessidade de os homens se unirem em
agregações, em busca de seus direitos políticos.
d) denuncia a prática da escravidão nas Américas, que obrigava multidões de homens a se submeterem a um único senhor.
25. (Unicamp 2012) Sobre Do Contrato
Social, publicado em 1762, e seu autor, é correto afirmar que:
a) Rousseau, um dos grandes autores do Iluminismo,
defende a necessidade de o Estado francês substituir os impostos por contratos
comerciais com os cidadãos.
b) A obra inspirou os ideais da Revolução Francesa,
ao explicar o nascimento da sociedade pelo contrato social e pregar a soberania
do povo.
c) Rousseau defendia a necessidade de o homem
voltar a seu estado natural, para assim garantir a sobrevivência da
sociedade.
d) O livro, inspirado pelos acontecimentos da
Independência Americana, chegou a ser proibido e queimado em solo
francês.
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