1. (Ucs 2021) “As maiores descobertas/invenções da humanidade”
Um dos aspectos que diferenciam os humanos de outros seres vivos é a capacidade de lidar com situações de maneira inteligente, criando meios para solucionar problemas ou para, simplesmente, compreender melhor o Universo. A busca pela inovação/descoberta levou muitos homens e mulheres a desenvolverem ferramentas, materiais e tecnologias tão bem-sucedidas que mudaram completamente a forma de as pessoas viverem e verem o mundo.
Nesse sentido, a questão abordará o eixo temático “As maiores descobertas/invenções da humanidade”.
Considerada uma das principais invenções do século XX, a televisão é vista como um meio de divulgação de informações e ideologias. Nesse contexto, a tirinha que segue faz uma abordagem a respeito dessa temática.
A partir da leitura do texto, e com base em seus
conhecimentos sobre Sociologia, cultura e indústria cultural, assinale a
alternativa correta.
a) Para
Jürgen Habermas, a cultura popular erudita, também chamada de cultura de massa,
é típica das sociedades que passaram por uma mercantilização da produção
cultural, ou seja, é resultante da invasão de produtos industriais no universo
televisivo.
b) De
acordo com o frankfurtiano Herbert Marcuse, o consumo cultural em massa está
relacionado às necessidades de distração, diversão, alienação e ideologização
de grupos de consumidores com um nível de formação relativamente baixo.
c) Para
alguns autores, como Edgar Morin, a cultura de massa, que é formatada por
interesses sociais, em especial por meio da audiência televisiva, opera na
imposição de símbolos e mitos de fácil universalização: cria tipos
contextualizados e enriquecidos pela homogeneização.
d) Conforme
Denys Cuche, os meios populares seriam mais vulneráveis à mensagem da mídia
televisiva, uma vez que estudos sociológicos mostraram que a penetração da
comunicação dessa mídia é mais profunda nas classes populares do que nas
médias.
e) Para Theodor Adorno e Max Horkheimer, integrantes da Escola de Frankfurt, a indústria cultural era prejudicial tanto para a cultura erudita quanto para a popular, pois retirava o rigor da primeira e a espontaneidade da segunda, sem falar na proliferação da alienação cultural ou da perda dos referenciais históricos e sociais de ambas as formas de cultura.
2. (Uece 2022) “Nos anos 1940 surgiu a Dialética do
esclarecimento, obra de autoria de Horkheimer e Adorno. O capítulo ‘Indústria
cultural, o esclarecimento como mistificação das massas’ apresentou uma crítica
implacável ao fenômeno, então recente, da cultura de massas regulada por
agências do capitalismo monopolista, organizadas em moldes industriais
semelhantes aos dos ramos tradicionais da economia (indústria petrolífera,
química, elétrica, siderúrgica etc.). Essa nova indústria era voltada para a
consecução de dois objetivos bem delimitados a serem atingidos, quando
possível, simultaneamente: a viabilidade econômica através da lucratividade de
seus produtos e a adaptação de seus consumidores à ordem imposta pela
superação do capitalismo liberal, em virtude da formação de conglomerados
econômicos.”
DUARTE, R. Indústria cultural: uma introdução. São Paulo: Editora FGV, 2010. - Adaptado.
Conforme a
passagem acima citada, é correto afirmar que a indústria cultural
a) é a cultura popular que passou a ser veiculada pelos meios de
comunicação de massas.
b) é um setor da produção capitalista que visa ao lucro e também ao
controle das massas.
c) é própria à livre concorrência mercantil, quando os indivíduos são livres
para consumir.
d) é o ramo de eventos artístico-culturais patrocinados pelas corporações monopolistas.
3. (Uel 2022) Leia o texto a seguir.
Houve sempre, entre os
homens, um esforço pouco nobre para desacreditar as Sereias, acusando-as
simplesmente de mentirosas quando cantavam, enganadoras quando suspiravam,
fictícias quando eram tocadas; [...] Ulisses as venceu, mas de que maneira?
Ulisses, a teimosia e a prudência de Ulisses, a perfídia que lhe permitiu gozar
do espetáculo das Sereias sem correr risco e sem aceitar as consequências,
aquele gozo covarde, medíocre, tranquilo e comedido, [...] aquela covardia
feliz e segura [...]. Vencidas as Sereias, pelo poder da técnica, que
pretenderá jogar sem perigo com as potências irreais (inspiradas), Ulisses não
saiu porém ileso.
BLANCHOT, Maurice. O livro por vir. Trad. Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 05-06.
Com base no texto de Blanchot e na obra A Dialética do Esclarecimento, de Adorno e Horkheimer, que apresentam interpretações do encontro entre Ulisses e as Sereias, e tendo por referência os conhecimentos sobre os conceitos de esclarecimento, razão instrumental e a relação humano-natureza, considere as afirmativas a seguir.
I. O controle dos efeitos encantatórios do canto
das Sereias resulta de uma ação instrumental sobre a natureza.
II. A astúcia é o recurso utilizado por Ulisses
para sair vencedor das aventuras, por meio do qual ele se perde para se
conservar.
III. O episódio das Sereias mostra a separação
originária entre o mito, marcado pela irracionalidade, e o trabalho racional.
IV. Ulisses e as Sereias são evocados como símbolos das relações simétricas de poder entre homens e mulheres.
Assinale a alternativa
correta.
a) Somente
as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente
as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente
as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente
as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
4. (Uel 2021) Leia o texto a seguir.
A ideia de que a razão, a mais alta faculdade
intelectual do homem, interessa-se apenas pelos instrumentos, ou melhor, é ela
mesma apenas um instrumento, é formulada de modo mais claro e aceita mais
amplamente hoje do que no passado. [...] O indivíduo outrora concebeu a razão
exclusivamente como um instrumento do eu. Agora, ele experiencia o inverso
dessa autodeificação. A máquina ejetou o piloto; ela corre cegamente pelo
espaço. No momento da consumação, a razão tornou-se irracional e estultificada.
HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão. Trad. Carlos Henrique Pissardo. São Paulo: Editora da UNESP, 2015. p. 118; 143
A respeito do problema da racionalidade
instrumental em Horkheimer, assinale a alternativa correta.
a) A
exploração da natureza é um resultado secundário da vigência da racionalidade
instrumental, na medida em que, anteriormente à modernidade, a razão era
compreendida em sintonia com a natureza.
b) A razão
instrumental é uma forma da razão que se instituiu por meio do reconhecimento
da singularidade da natureza e da sociedade e do desenvolvimento de uma
metodologia que integra tais especificidades à pesquisa.
c) A
substituição da autoridade da filosofia pela autoridade da ciência no século XX
resultou da incorporação da filosofia aos procedimentos experimentais da
ciência, o que tornou a atividade científica mais rigorosa.
d) A
concepção de ciência que sustenta a racionalidade instrumental recusa duas
ideias fundamentais: a ideia de que a ciência consiste em enunciados sobre
fatos e a ideia de que o mundo seja um mundo de fatos e coisas.
e) A vinculação entre razão e instrumento revela a tendência, não apenas individual, mas estruturada socialmente, de submeter a natureza à exploração, culminando na sujeição do humano à razão instrumental.
5. (Ueg 2020) Legado do Iluminismo
1O
pensamento iluminista abraçou a ideia do progresso e buscou ativamente a
ruptura com a história e a tradição esposada pela modernidade. Foi, sobretudo,
um movimento secular que procurou desmistificar e dessacralizar o conhecimento
e a organização social para libertar os seres humanos de seus grilhões. Ele
levou a injunção de Alexander Pope, de que “o estudo próprio da humanidade é o
homem”, muito a sério. Na medida em que ele também saudava a criatividade
humana, a descoberta científica e a busca da excelência individual em nome do
progresso humano, os pensadores iluministas acolheram o turbilhão da mudança e
viram a transitoriedade, o fugidio e o fragmentário como condição necessária
por meio da qual o projeto modernizador poderia ser realizado. Abundavam
doutrinas de igualdade, liberdade, fé na inteligência humana (uma vez
permitidos os benefícios da educação) e razão universal. “Uma boa lei deve ser
boa para todos”, pronunciou Condorcet às vésperas da Revolução Francesa,
“exatamente da mesma maneira como uma proposição verdadeira é verdadeira para
todos”. Essa visão era incrivelmente otimista. Escritores como Condorcet,
observa Habermas (1983, p. 9), estavam possuídos “da extravagante expectativa
de que as artes e as ciências iriam promover não somente o controle das forças
naturais, mas também a compreensão do mundo e do eu, o progresso moral, a
justiça das instituições e até a felicidade dos seres humanos”.
2O
século XX – com seus campos de concentração e esquadrões da morte, seu
militarismo e duas guerras mundiais, sua ameaça de aniquilação nuclear e sua
experiência de Hiroshima e Nagasaki – certamente deitou por terra esse
otimismo. Pior ainda, há suspeita de que o projeto do Iluminismo estava fadado
a voltar-se contra si mesmo e transformar a busca da emancipação humana num
sistema de opressão universal em nome da libertação humana. Essa foi a atrevida
tese apresentada por Horkheimer e Adorno em Dialética do esclarecimento (1972).
Escrevendo sob as sombras da Alemanha de Hitler e da Rússia de Stálin, eles
alegavam que a lógica que se oculta por trás da racionalidade iluminista é uma
lógica da dominação e da opressão. A ânsia por dominar a natureza envolvia o
domínio dos seres humanos, o que no final só poderia levar a “uma tenebrosa
condição de autodominação”, conforme salienta Bernstein (1985, p. 9). A revolta
da natureza, que eles apresentavam como a única saída para o impasse, tinha,
portanto, de ser concebida como uma revolta da natureza humana contra o poder
opressor da razão puramente instrumental sobre a cultura e a personalidade.
São questões cruciais saber (i) se o
projeto do Iluminismo estava ou não fadado desde o começo a nos mergulhar num
mundo kafkiano; (ii) se tinha ou não de levar a Auschwitz e Hiroshima; e (iii)
se lhe restava ou não poder para formar e inspirar o pensamento e a ação
contemporâneos. 3Há quem, como Habermas, continue a apoiar o
projeto, se bem que com forte dose de ceticismo quanto às suas metas, com muita
angústia quanto à relação entre meios e fins e com certo pessimismo no tocante
à possibilidade de realizar tal projeto nas condições econômicas e políticas
contemporâneas. E há quem – e isso é o cerne do pensamento filosófico
pós-modernista – insista que devemos, em nome da emancipação humana, abandonar
por inteiro o projeto iluminista. A posição a tomar depende de como se explica
o “lado sombrio” da nossa história recente e do grau até o qual o atribuímos
aos defeitos da razão iluminista, e não à falta de sua correta aplicação.
HARVEY, David. A condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural. 3. ed. São Paulo: Loyola, 1993. p. 23-24. (Adaptado).
É ideia defendida no texto:
a)
Há, atualmente, principalmente por
parte de Habermas, um otimismo em relação à possibilidade da realização do
projeto iluminista, no que se refere aos fins desse projeto.
b) O pensamento iluminista busca superar a
sacralização da realidade e coloca o homem como centro da reflexão, de modo que
a razão humana passa a ser parâmetro do conhecimento.
c) Pensadores como Horkheimer, Adorno e Habermas
reafirmaram sua confiança na possibilidade de que os ideais iluministas
pudessem trazer liberdade e autonomia às sociedades do século XX.
d) Os acontecimentos e os pensadores do século XX
comprovam a confiança que o pensamento iluminista tinha na razão humana, já que
a humanidade avançou para um estágio melhor do que antes.
e) O pensamento iluminista perdeu seu vigor no século XX porque valorizou demais a razão humana e, consequentemente, o que é transitório e passageiro, relegando o que é essencial e permanente.
6. (Enem PPL 2020) Por força da
industrialização da cultura, desde o começo do filme já se sabe como ele
termina, quem é recompensado e, ao escutar a música, o ouvido treinado é
perfeitamente capaz, desde os primeiros compassos, de adivinhar o
desenvolvimento do tema e sente-se feliz quando ele tem lugar como previsto.
ADORNO, T. W.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.
A crítica ao tipo de criação mencionada
no texto teve como alvo, no campo da arte, a
b) valorização da representação abstrata.
c) padronização das técnicas de composição.
d) sofisticação dos equipamentos disponíveis.
e) ampliação dos campos de experimentação.
7. (Uel 2019) O programa do esclarecimento era o desencantamento do mundo. Sua meta era dissolver os mitos e substituir a imaginação pelo saber. [..] O mito converte-se em esclarecimento, e a natureza em mera objetividade. O preço que os homens pagam pelo aumento de poder é a alienação daquilo sobre o que exercem o poder. [...]
Quanto mais a maquinaria do pensamento
subjuga o que existe, tanto mais cegamente ela se contenta com essa reprodução.
Desse modo, o esclarecimento regride à mitologia da qual jamais soube escapar.
ADORNO & HORKHEIMER. Dialética do esclarecimento. Fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p.17; 21; 34.
Com base no texto e nos conhecimentos
sobre a crítica à racionalidade instrumental e a relação entre mito e
esclarecimento em Adorno e Horkheimer, assinale a alternativa correta.
a) O mito revela uma constituição irracional, na
medida em que lhe é impossível apresentar uma explicação convincente sobre o
seu modo próprio de ser.
b) A regressão do esclarecimento à mitologia revela
um processo estratégico da razão, com o objetivo de ampliar e intensificar seus
poderes explicativos.
c) A explicação da natureza, instaurada pela
racionalidade instrumental, pressupõe uma compreensão holística, em que as
partes são incorporadas, na sua especificidade, ao todo.
d) O esclarecimento implica a libertação humana da
submissão à natureza, atestada pelo poder racional de diagnosticar, prever e
corrigir as limitações naturais.
e) O esclarecimento se caracteriza por uma explicação baseada no cálculo, do que resulta uma compreensão da natureza como algo a ser conhecido e dominado.
8. (Enem 2016) Hoje, a indústria
cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e empresários,
que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para os desvios espirituais.
Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a
neutralização histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma das
inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a
coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o
que é sempre a mesma coisa.
ADORNO, T HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
A liberdade de escolha na civilização
ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a)
b) patrimônio político.
c) produto da moralidade.
d) conquista da humanidade.
e) ilusão da contemporaneidade.
9. (Uel) Analise a figura a seguir.
“Parece que enquanto o conhecimento
técnico expande o horizonte da atividade e do pensamento humanos, a autonomia
do homem enquanto indivíduo, a sua capacidade de opor resistência ao crescente
mecanismo de manipulação das massas, o seu poder de imaginação e o seu juízo
independente sofreram aparentemente uma redução. O avanço dos recursos técnicos
de informação se acompanha de um processo de desumanização. Assim, o progresso
ameaça anular o que se supõe ser o seu próprio objetivo: a ideia de homem”.
(HORKHEIMER, Max. Eclipse da razão. Trad. de Sebastião Uchôa Leite. Rio de Janeiro: Editorial Labor do Brasil, 1976. p. 6.)
Com base no texto, na imagem e nos conhecimentos
sobre racionalidade instrumental, é correto afirmar
a) A imagem de Chaplin está de acordo com a crítica
de Horkheimer: ao invés de o progresso e da técnica servirem ao homem, este se
torna cada vez mais escravo dos mecanismos criados para tornar a sua vida
melhor e mais livre.
b) A imagem e o texto remetem à ideia de que o
desenvolvimento tecnológico e o extraordinário progresso permitiram ao homem
atingir a autonomia plena.
c) Imagem e texto apresentam o conceito de
racionalidade que está na estrutura da sociedade industrial como viabilizador
da emancipação do homem em relação a todas as formas de opressão.
d) Enquanto a imagem de Chaplin apresenta a
autonomia dos trabalhadores nas sociedades contemporâneas, o texto de
Horkheimer mostra que, quanto maior o desenvolvimento tecnológico, maior o grau
de humanização.
e) Tanto a imagem quanto o texto enaltecem a inevitável instrumentalização das relações humanas nas sociedades contemporâneas.
10. (Uel 2013) Observe a figura e leia o texto a seguir.
A crise da razão se manifesta na crise do
indivíduo, por meio da qual se desenvolveu. A ilusão acalentada pela filosofia
tradicional sobre o indivíduo e sobre a razão – a ilusão da sua eternidade –
está se dissipando. O indivíduo outrora concebia a razão como um instrumento do
eu, exclusivamente. Hoje, ele experimenta o reverso dessa autodeificação.
(HORKHEIMER, M. Eclipse da razão. São Paulo: Centauro, 2000, p.131.)
Com base na figura e nos conhecimentos sobre a crise da razão e do indivíduo na contemporaneidade, em Horkheimer, considere as afirmativas a seguir.
I. A crise do indivíduo implica na sua fragmentação: embora ele ainda se
represente, a imagem que possui de si é incompleta, parcial.
II. A crise do indivíduo resulta de uma incompreensão: ignorar que ele é
uma particularidade ordenada (microcosmo) inserida numa totalidade ordenada
(macrocosmo).
III. O indivíduo, que é unitário, apreende a si mesmo e ao mundo
plenamente, faltando-lhe, porém, os meios adequados para comunicar tal
conhecimento.
IV. O desenvolvimento das ciências humanas levou a uma recusa da ideia universal de homem: nega-se à razão o poder de fundamentar absolutamente o conhecimento sobre o indivíduo.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente
as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente
as afirmativas I e IV são corretas.
c) Somente
as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente
as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
11. (Uel 2011) Francis Bacon, em sua
obra Nova
Atlântida, imagina uma utopia tecnocrática na qual o sofrimento humano poderia ser removido pelo desenvolvimento e pelo aperfeiçoamento do conhecimento científico, o qual permitiria uma crescente dominação da natureza e um suposto afastamento do mito. Na obra Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer defendem que o projeto iluminista de afastamento do mito foi convertido, ele próprio, em mito, caindo no dogmatismo e em numa forma de mitologia. O progresso técnico-científico consiste, para Adorno e Horkeheimer, no avanço crescente da racionalidade instrumental, a qual é incapaz de frear iniciativas que afrontam a moral, como foram, por exemplo, os campos de concentração nazistas.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o desenvolvimento técnico-científico, é correto afirmar:
a) Bacon pensava que o incremento da racionalidade
instrumental aliviaria as causas do sofrimento humano, apesar de a razão, a
longo prazo, sucumbir novamente ao mito.
b) Adorno e Horkheimer concordavam que o progresso
científico não consegue superar o mito, mas se torna um tipo de concepção
mítica incapaz de discriminar o que é certo do que é errado moralmente.
c) Adorno e Horkheimer sustentavam que o crescente
avanço da racionalidade instrumental consistia num incremento da capacidade humana
de avaliar moralmente.
d) Bacon apontava que o aumento da capacidade de domínio
do homem sobre a natureza conduziria os seres humanos a uma forma de
dogmatismo.
e) Tanto Adorno e Horkheimer quanto Bacon viam o progresso técnico e científico como a solução para os sofrimentos humanos e para as incertezas morais humanas.
12. (Uel 2010) O esclarecimento,
porém, reconheceu as antigas potências no legado platônico e aristotélico da
metafísica e instaurou um processo contra a pretensão de verdade dos universais,
acusando-a de superstição. Na autoridade dos conceitos universais ele crê enxergar
ainda o medo pelos demônios, cujas imagens eram o meio, de que se serviam os homens,
no ritual mágico, para tentar influenciar a natureza. Doravante, a matéria deve
ser dominada sem o recurso ilusório a forças soberanas ou imanentes, sem a
ilusão de qualidades ocultas. O que não se submete ao critério da
calculabilidade e da utilidade torna-se suspeito para o esclarecimento.
Com base no texto e no conceito de esclarecimento
de Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:
a) O esclarecimento representa, em oposição ao modelo
matemático, a base do conhecimento técnico-científico que sustenta o modo de produção
capitalista na viabilização da emancipação social.
b) O esclarecimento demonstra o domínio substancial
da razão sobre a natureza interna e externa e a realização da emancipação
social levada adiante pelo capitalismo.
c) O esclarecimento compreende a realização romântica
da racionalidade que acentuou, de forma intensa, a interação harmônica entre homem
e natureza.
d) O esclarecimento abrange a racionalização das diversas
formas e condições da vida humana com o objetivo de tornar o ser humano mais
feliz, quando da realização de práticas rituais e religiosas.
e) O esclarecimento concebe o abandono gradual dos pressupostos metafísicos e a operacionalização do conhecimento por meio da calculabilidade e da utilidade, redundando num modelo próprio de razão instrumental.
13. (Uel 2010) Observe a tira e leia o texto a seguir:
Quando se concebeu a ideia de razão, o que se
pretendia alcançar era mais que a simples regulação da relação entre meios e fins:
pensava-se nela como o instrumento para compreender os fins, para
determiná-los.
Segundo a filosofia do intelectual médio moderno,
só existe uma autoridade, a saber, a ciência, concebida como classificação de
fatos e cálculo de probabilidades.
(HORKHEIMER, M. Eclipse da Razão. São Paulo: Labor, 1973, pp.18 e 31-32.)
Com base na tira, no texto e nos conhecimentos sobre o pensamento de Horkheimer a respeito da relação entre ciência e razão na modernidade, é correto afirmar:
I. Se a razão não reflete sobre os fins, torna-se impossível afirmar se
um sistema político ou econômico, mesmo não sendo democrático, é mais ou menos
racional do que outro.
II. O processo que resulta na transformação de todos os produtos da ação
humana em mercadorias se origina nos primórdios da sociedade organizada à
medida que os instrumentos passam a ser utilizados tecnicamente.
III. A razão subjetivada e formalizada transforma as obras de arte em
mercadorias, das quais resultam emoções eventuais, desvinculadas das reais
expectativas dos indivíduos.
IV. As atividades em geral, independentes da utilidade, constituem formas de construção da existência humana desvinculadas de questões como produtividade e rentabilidade.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente
as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente
as afirmativas I e III são corretas.
c) Somente
as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente
as afirmativas I, II e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
14. (Uel 2006) “O que os homens
querem aprender da natureza é como aplicá-la para dominar completamente sobre
ela e sobre os homens. Fora isso, nada conta. [...] O que importa não é aquela satisfação
que os homens chamam de verdade, o que importa é a operation, o procedimento
eficaz. [...] A partir de agora, a matéria deverá finalmente ser dominada, sem apelo
a forças ilusórias que a governem ou que nela habitem, sem apelo a propriedades
ocultas. O que não se ajusta às medidas da calculabilidade e da utilidade é
suspeito para o iluminismo [...] O iluminismo se relaciona com as coisas assim
como o ditador se relaciona com os homens. Ele os conhece, na medida em que os pode
manipular. O homem de ciência conhece as
coisas, na medida em que as pode
produzir.”
Com base no texto e nos conhecimentos
sobre a racionalidade instrumental em Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:
a) A razão iluminista proporcionou ao homem a saída
da menoridade da qual ele era culpado e permitiu o pleno uso da razão,
dispensando a necessidade de tutores para guiar as suas ações.
b) O procedimento eficaz, aplicado segundo as regras
da calculabilidade e da utilidade, está desvinculado da esfera das relações
humanas, pois sua lógica se restringe aos objetos da natureza.
c) A racionalidade instrumental gera de forma
equânime conforto e bem estar para as pessoas na esfera privada e confere um
maior grau de liberdade na esfera social.
d) A visão dos autores sobre a racionalidade
instrumental guarda um reconhecimento positivo para setores específicos da alta
tecnologia, sobretudo aqueles vinculados à informática.
e) Contrariando a tese do projeto iluminista que opõe mito e iluminismo, os autores entendem que há uma dialética entre essas duas dimensões que resulta no domínio perpetrado pela razão instrumental.
15. (Uel 2005) “A indústria cultural
não cessa de lograr seus consumidores quanto àquilo que está continuamente a
lhes prometer. A promissória sobre o prazer, emitida pelo enredo e pela
encenação, é prorrogada indefinidamente: maldosamente, a promessa a que afinal
se reduz o espetáculo significa que jamais chegaremos à coisa mesma, que o
convidado deve se contentar com a leitura do cardápio. [...] Cada espetáculo da
indústria cultural vem mais uma vez aplicar e demonstrar de maneira inequívoca
a renúncia permanente que a civilização impõe às pessoas. Oferecer-lhes algo e
ao mesmo tempo privá-las disso é a mesma coisa”.
(ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento. Trad. de Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997. p. 130-132.)
Com base no texto e nos conhecimentos
sobre indústria cultural em Adorno e Horkheimer, é correto afirmar:
a) A indústria cultural limita-se a atender aos
desejos que surgem espontaneamente da massa de consumidores, satisfazendo as
aspirações conscientes de indivíduos autônomos e livres que escolhem o que
querem.
b) A indústria cultural tem um desempenho pouco
expressivo na produção dos desejos e necessidades dos indivíduos, mas ela é
eficiente no sentido de que traz a satisfação destes desejos e necessidades.
c) A indústria cultural planeja seus produtos
determinando o que os consumidores desejam de acordo com critérios
mercadológicos. Para atingir seus objetivos comerciais, ela cria o desejo, mas,
ao mesmo tempo, o indivíduo é privado do acesso ao prazer e à satisfação
prometidos.
d) O entretenimento que veículos como o rádio, o
cinema e as revistas proporcionam ao público não pode ser entendido como forma
de exploração dos bens culturais, já que a cultura está situada fora desses
canais.
e) A produção em série de bens culturais padronizados permite que a obra de arte preserve a sua capacidade de ser o suporte de manifestação e realização do desejo: a cada nova cópia, a crítica se renova.
16. (Uem-pas 2011) Utilizando o conceito de indústria cultural, os filósofos Adorno e Horkheimer criticaram os meios de comunicação de massa, como a televisão, o rádio, o cinema e os jornais, afirmando que produzem e vendem mercadorias culturais sem qualidade com os objetivos de obter lucro e de fazer propaganda da forma de vida capitalista e desumanizada.
Tendo em vista essa concepção, é
correto afirmar que
a) os meios de comunicação contribuem para a
conscientização política e o senso crítico dos cidadãos.
b) a televisão é um meio completamente inofensivo,
já que os espectadores podem mudar de canal.
c) é necessária uma crítica severa aos conteúdos
divulgados pelos meios de comunicação, visando à libertação dos seres humanos
da influência da indústria cultural.
d) através de programas de entretenimento a
indústria cultural contribui para a qualidade de vida dos indivíduos.
17. (Ufpa 2011) “Adorno e Horkheimer
(os primeiros, na década de 1940, a utilizar a expressão “indústria cultural”
tal como hoje a entendemos) acreditam que esta indústria desempenha as mesmas
funções de um estado fascista (...) na medida em que o indivíduo é levado a não
meditar sobre si mesmo e sobre a totalidade do meio social circundante,
transformando-se em mero joguete e em simples produto alimentador do sistema
que o envolve.”
(COELHO, Teixeira. O que é indústria cultural, São Paulo, Editora Brasiliense, 1987, p. 33. Texto adaptado)
Adorno e Horkeimer consideram que a
indústria cultural e o Estado fascista têm funções similares, pois em ambos
ocorre
a) um processo de democratização da cultura ao
colocá-la ao alcance das massas o que possibilita sua conscientização.
b) o desenvolvimento da capacidade do sujeito de
julgar o valor das obras artísticas e bens culturais, assim como de conviver em
harmonia com seus semelhantes.
c) o aprimoramento do gosto estético por meio da
indústria do entretenimento, em detrimento da capacidade de reflexão.
d) um processo de alienação do homem, que leva o
indivíduo a perder ou a não formar uma imagem de si e da sociedade em que vive.
e) o aprimoramento da formação cultural do indivíduo e a melhoria do seu convívio social pela inculcação de valores, de atitudes conformistas e pela eliminação do debate, na medida em que este produz divergências no âmbito da sociedade.
18. (Uel 2010) “A ideia de progresso
manifestase inicialmente, à época do Renascimento, como consciência de ruptura.
[...] No século XVIII tal ideia associa-se à consciência do caráter progressivo
da civilização, e é assim que a encontramos em Voltaire. Tal como para Bacon,
no início do século XVII, o progresso também é uma espécie de objeto de fé para
os iluministas. [...] A certeza do progresso permite encarar o futuro com
otimismo”.
(Adaptado de: FALCON, F. J. C. Iluminismo. 2. ed. São Paulo: Ática, 1989, p. 61-62.)
Na primeira metade do século XX, a ideia de progresso também se transformou em objeto de análise do grupo de pesquisadores do Instituto de Pesquisa Social vinculado à Universidade de Frankfurt.
Tendo como referência a obra de Adorno
e Horkheimer, é correto afirmar:
a) Por serem herdeiros do pensamento hegeliano, os
autores entendem que a superação do modelo de racionalidade inerente aos
conflitos do século XX depende do justo equilíbrio entre uso público e uso
privado da razão.
b) A despeito da Segunda Guerra, a finalidade do
iluminismo de libertar os homens do medo, da magia e do mito e torná-los
senhores autônomos e livres mediante o uso da ciência e da técnica, foi
atingido.
c) Os autores propõem como alternativa às
catástrofes da primeira metade do século XX um novo entendimento da noção de
progresso tendo como referência o conceito de racionalidade comunicativa.
d) Como demonstra a análise feita pelos autores no
texto “O autor como produtor”, o ideal de progresso consolidado ao longo da
modernidade foi rompido com as guerras do século XX.
e) Em obras como a Dialética do
esclarecimento, os autores questionam a compreensão da noção de progresso
consolidada ao longo da trajetória da razão por ela estar vinculada a um modelo
de racionalidade de cunho instrumental.
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