1. (Unisc 2022) Immanuel
Kant, filósofo alemão do século XVIII, tentou responder à questão de como é
possível o conhecimento humano. Afirmou que o conhecimento é possível porque o
homem possui faculdades que o tornam possível. Para ele, o homem possui duas fontes
de conhecimento. São elas:
a) a crença, que aproxima o homem de Deus; e a
dúvida, que faz o homem questionar a si e ao mundo.
b) a fé, que faculta a compreensão religiosa
do mundo; e a sensibilidade, por meio da qual os objetos são dados na intuição.
c) a crença, que aproxima o homem de Deus; e o
entendimento, por meio do qual os objetos são pensados nos
conceitos.
d) a razão, que faculta a compreensão lógica
do mundo; e a fé, que faculta a compreensão religiosa do
mundo.
e) a sensibilidade, por meio da qual os objetos são dados na intuição; e o entendimento, por meio do qual os objetos são pensados nos conceitos.
2. (Upe-ssa 2 2022) Leia o trecho da “Resposta à pergunta: o que é o Iluminismo”, do filósofo prussiano I. Kant:
Iluminismo é a saída do homem da sua menoridade de
que ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do
entendimento sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria, se
a sua causa não residir na carência de entendimento, mas na falta de decisão e
de coragem em se servir de si mesmo, sem a guia de outrem. Sapere aude!
Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento! Eis a palavra de
ordem do Iluminismo.
(KANT, 1784)
De acordo com o texto, é CORRETO
afirmar:
a) A falta de entendimento é a condição
natural dos homens, sendo isso o que caracteriza a
menoridade.
b) A menoridade é a condição de todos os
homens que preferem se guiar pelas opiniões alheias.
c) O Iluminismo é o movimento pelo qual, por
meio do entendimento, nos tornamos menores.
d) A maioridade é a condição do Iluminismo que
se caracteriza pela falta de decisão em usar o entendimento.
e) Tanto a maioridade quanto a menoridade podem ser superadas se usarmos nosso entendimento.
3. (Pucpr Medicina 2022) Leia o fragmento abaixo:
“Ser caritativo quando se pode sê-lo é
um dever, e há além disso muitas almas de disposição tão compassiva que, mesmo
sem nenhum outro motivo de vaidade ou interesse, acham íntimo prazer em
espalhar alegria à sua volta e se podem alegrar com o contentamento dos outros,
enquanto este é obra sua.”
(KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Lisboa: Edições 70, 2007, p. 28.)
Segundo a Fundamentação da
metafísica dos costumes, a ação descrita acima seria uma ação praticada por
dever, isto é, ela teria um autêntico valor moral? De acordo com o texto acima
e com seus conhecimentos, assinale a alternativa que responde e justifica
CORRETAMENTE à pergunta.
a) Não, pois, por mais amável que seja, ela se
põe ao lado de outras inclinações, como o amor das honras e dos
louvores.
b) Sim, pois o valor da ação moral se encontra
no propósito que se quer atingir, sendo a ação moral determinada por seu
objetivo.
c) Não, pois esta ação é praticada sem
qualquer inclinação, simplesmente por dever, de maneira que ela não tem valor
moral.
d) Sim, pois conforme àquilo que é de
interesse geral e conforme ao dever, esta ação merece estima, e possui assim
valor moral.
e) Não, pois o filantropo não está movido pela compaixão à sorte alheia e pelo desejo de fazer o bem aos mal afortunados.
4. (Unesp 2022) Texto 1
A crítica não se opõe ao procedimento dogmático da
razão no seu conhecimento puro […], mas sim ao dogmatismo […], apoiado em
princípios, como os que a razão desde há muito aplica, sem se informar como e
com que direito os alcançou. O dogmatismo é, pois, o procedimento dogmático da
razão sem uma crítica prévia da sua própria capacidade.
(Immanuel Kant. Crítica da razão pura, 2018.)
Texto 2
Os questionamentos céticos de Hume abalaram
profundamente Kant, que visava empreender uma defesa do racionalismo contra o
empirismo cético e acabou por elaborar uma filosofia que caracterizou como
racionalismo crítico, pretendendo precisamente superar a dicotomia entre
racionalismo e empirismo.
(Danilo Marcondes. Iniciação à história da filosofia, 2010. Adaptado.)
Os textos explicitam a noção de
“crítica”, que corresponde, na filosofia kantiana,
a) à defesa da dúvida metódica.
b) à impossibilidade do conhecimento
científico.
c) ao exame dos limites da
compreensão.
d) à recusa de elementos
transcendentais.
e) ao estabelecimento das bases da experimentação.
5. (Upe-ssa 3 2022) Leia a notícia abaixo, bem como o trecho da obra de Kant.
Xuxa sugere usar presos para testes de
remédios: 'Que sirvam para alguma coisa'.
São Paulo, 26 de março de 2021.
Xuxa Meneghel, 58, causou polêmica nesta
sexta-feira (26) ao defender em uma live da Assembleia Legislativa do Estado do
Rio de Janeiro que remédios e vacinas sejam testados em presidiários. Segundo a
apresentadora, assim "pelo menos eles serviriam para alguma coisa
antes".
(Fonte: Portal da Folha de São Paulo)
"Dever e obrigação são as únicas denominações
que temos de dar à nossa relação com a lei moral. De fato, somos membros
legislantes de um reino da moral possível pela liberdade, representado pela razão
prática para o nosso respeito, mas ao mesmo tempo seus súditos, não o seu
soberano, e o desconhecimento de nossa posição inferior como criaturas, bem
como a negação, por presunção, de respeito à lei santa, é já, segundo o
espírito, uma deserção dela, mesmo que sua letra fosse observada".
(Kant, Crítica da Razão Prática)
Assinale a alternativa CORRETA.
a) A submissão do homem à lei moral não pode
lhe retirar sua dignidade, pois esta é fundamento de sua
autonomia.
b) A dignidade humana deve ser preservada
somente na medida em que ocorre um respeito soberano à lei
moral.
c) A relação do homem com a lei moral tem a
forma da autonomia, desse modo, a dignidade humana está restrita a determinadas
circunstâncias.
d) Não há relações dadas a priori entre lei
moral e dignidade humana, pois as circunstâncias garantem a autonomia dos
homens.
e) A autonomia moral dos homens ocorre somente enquanto se submetem à vontade de um soberano.
6. (Uece 2022) “A moradora de
rua Rosângela Sibele, que furtou R$ 21,69 em comida para alimentar os filhos,
concedeu uma entrevista ao Brasil Urgente após deixar a cadeia e contou que tem
‘o sonho de ser gente’. Ela ficou 18 dias detida após o episódio e teve a
prisão revogada pelo ministro Joel Ilan Paciornik, do STJ (Superior Tribunal
Federal), na última quarta-feira, 13. ‘Meu grande sonho é ser gente. Eu ainda
não sei o que é isso, não sei o que é ser mãe, filha, irmã’, contou ela. A
mulher de 41 anos é mãe de cinco filhos e mora há dez anos nas ruas de São Paulo.
”
IG DELAS. “Meu sonho é ser gente”, diz mãe que furtou comida para alimentar os filhos. Disponível em: https://delas.ig.com.br/2021-10-14/sonho-ser-gente-mae-furto-filhos.html. Acessado em 14/10/2021.
A palavra “gente” na fala dessa mulher,
quando compreendida à luz da Ética de Immanuel Kant, expressa seu desejo de
a) compor a população de um país ou um
Estado.
b) ter satisfeitas as suas carências
alimentares.
c) ser solta da cadeia e ficar livre de
penalidade.
d) ser moralmente reconhecida em sua dignidade.
7. (Ufu 2021) Podemos dizer que o objetivo de Kant, ao escrever a Crítica da Razão Prática, era demonstrar que a lei moral provém da ideia de liberdade, por isso a razão pura é também prática no sentido de que a ideia racional de liberdade determina por si mesma a vida moral e com isso demonstra sua própria liberdade.
De acordo com trecho acima, conclui-se
que, para Kant, o agir moral deve fundar-se
a) na noção de felicidade.
b) nos ditames da razão.
c) nas sensações físicas.
d) na natureza humana.
8. (Pucpr Medicina 2021) Segundo Immanuel Kant, o homem, sendo afetado por tantas inclinações, é capaz de conceber a ideia de uma razão pura prática, mas não é dotado suficientemente de força para torná-la eficaz in concreto no seu comportamento, por isso a necessidade de uma Metafísica dos Costumes.
I. Uma Metafísica dos Costumes é indispensavelmente
necessária por motivos de ordem especulativa para investigar a fonte dos
princípios práticos que residem a priori na razão do homem.
II. Uma Metafísica dos Costumes é indispensável
porque os costumes ficam sujeitos a toda sorte de perversão enquanto lhes
faltar aquele fio condutor e norma suprema do seu exato julgamento.
III. A Metafísica dos Costumes é indispensável
porque afirma que aquilo que é moralmente bom é conforme a lei moral e exclui a
necessidade de outros sentimentos, como o amor à lei moral.
IV. A Metafísica dos Costumes é indispensável na
construção de caminhos concretos a posteriori, que são eficazes para o sujeito
não ser afetado pelas inúmeras inclinações do seu cotidiano.
V. Uma metafísica dos Costumes é indispensável para
superar a covardia dos sujeitos medianos presos ao senso comum e aos grandes
mestres das filosofias clássicas e autoritárias.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos costumes. Tradução: Paulo Quintela. Editora: Edições 70, Lisboa (Prefácio e Primeira Seção).
Sobre a necessidade da metafísica dos
costumes, é CORRETO afirmar:
a) Apenas I é correta.
b) Apenas a alternativa I e II são
corretas.
c) Apenas II e III são
corretas.
d) Apenas III e IV são
corretas.
e) As alternativas I, II, III, IV e V são corretas.
9. (Uema 2021) O século XVIII da história humana foi marcado por grandes revoluções, entre elas a francesa. Foi um século de muitas dúvidas e novas conquistas para o conhecimento humano. Nesse período, duas correntes de pensamento sobre o conhecimento, denominadas racionalismo e empirismo, se colocavam como detentoras da verdade sobre o conhecimento, o que levou os pensadores a refletirem sobre o problema.
Essa teoria do século XVIII que juntou
racionalismo e empirismo é conhecida como
a) Ceticismo.
b) Dogmatismo.
c) Idealismo.
d) Criticismo.
e) Iluminismo.
10. (Uece 2020) As seguintes máximas exemplificam a solução apresentada por Immanuel Kant na formulação do princípio supremo da moralidade:
“Age como se a máxima de tua ação se
devesse tornar, pela tua vontade, em lei universal da natureza”.
“Age de tal maneira que uses a
humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e
simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio”.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70.1997.
Essas máximas são imperativos
categóricos, sobre os quais é correto afirmar que
a) estabelecem, segundo Kant, a
universalização da ação moral através de uma finalidade a ser atingida fora da
razão e estabelecida a partir do processo de análise racional da
realidade.
b) são, inicialmente, de caráter hipotético,
ao buscar avaliar as ações possíveis, como meio de alcançar alguma coisa que se
deseja ou que se queira atingir concretamente.
c) são chamados categóricos, por serem
mandamentos da própria razão autônoma e por servirem de procedimento para
testar o caráter universalizável e, portanto, moral de uma
máxima.
d) determinam, categoricamente, que, para atingir um determinado fim, é necessário que se usem certos meios, o que expressa a universalização da moral pragmática kantiana.
11. (Enem digital
2020) Princípios práticos são subjetivos, ou máximas, quando a condição é
considerada pelo sujeito como verdadeira só para a sua vontade; são, por outro
lado, objetivos, quando a condição é válida para a vontade de todo ser natural.
KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, 2008.
A concepção ética presente no texto
defende a
a) universalidade do dever.
b) maximização da utilidade.
c) aprovação pelo
sentimento.
d) identificação da justa
medida.
e) obediência à determinação divina.
12. (Uema 2020) A sociedade de uma forma geral, em cada tempo, produz conceitos ou amplia os já existentes para que possamos pensar em determinadas condições vigentes e entender determinados processos nas relações humanas vividas no momento. Um exemplo disso pode ser visto no texto abaixo sobre Kant e sua ideia relativa ao tutelamento.
Dizem os historiadores que no século
XVIII para se entender certo fenômeno que ocorria na Europa, conhecido como
Iluminismo, perguntaram ao Filósofo Kant o que seria esse movimento. O referido
filósofo explicou que seria como um processo de esclarecimento, a partir do
qual o ser humano sairia de sua menoridade graças ao uso da razão e ao
exercício da liberdade de pensamento. Escreveu o filósofo em sua resposta o
seguinte: “O iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutela que
estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram
incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outrem.
É-se culpado da própria tutela quando esta resulta não de uma deficiência do
entendimento, mas de falta de resolução e coragem para fazer uso do
entendimento independentemente da direção de outrem. Tenha coragem para fazer
uso da tua própria razão!”
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria de Helena. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2016.
Hoje, em pleno século XXI, onde há um amplo uso das redes sociais tais como Facebook, Instagram, Youtube, Whatsapp, é apropriado retomar esse conceito kantiano acima exposto, para que se possa entender a condição de tutela a que os homens se encontram.
A relação que exemplifica o conceito de
tutela de Kant aplicado aos dias de hoje é o seguinte:
a) os designers gráficos e suas novas
produções no Youtube.
b) os adolescentes e o desejo de nova
realidade nos jogos on line.
c) as novas profissões e as oportunidades de
trabalho no Instagram.
d) os estudantes e as pesquisas de artigos nos
sites acadêmicos.
e) os internautas e a manipulação de informações nas mídias sociais.
13. (Uel 2020) Dever é a
necessidade de uma ação por respeito à lei. [...] devo proceder sempre de
maneira que eu possa querer também que a minha máxima se torne uma lei
universal.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos costumes. Trad. Paulo Quintela. São Paulo: Abril Cultural, 1974. p. 208-209.
Com base no texto e nos conhecimentos
sobre a teoria kantiana do dever, assinale a alternativa correta.
a) A máxima de uma ação moral universalizável
pode ter como fundamento os efeitos da ação, sendo considerada moralmente boa
uma ação cujos efeitos causam o bem.
b) A obrigação incondicional que a lei moral
impõe advém do reconhecimento da possibilidade de universalização das máximas
da ação
c) A mentira pode, em certas circunstâncias,
ser legitimada moralmente quando dela resulta uma ação benéfica ou impede o
prejuízo a outrem.
d) A máxima incondicional de uma ação moral
pode ter como fundamento a experiência, pois os costumes fornecem elementos suficientes
para ela.
e) O imperativo categórico, princípio dos
imperativos do dever, escolhe, dentre os estímulos fornecidos à vontade, o que
lhe é mais adequado.
14. (Uece 2020) Leia com atenção a seguinte passagem da obra de Immanuel Kant:
“O idealismo consiste na afirmação de
que não existe outro ser senão o pensante; as demais coisas seriam apenas
representações nos seres pensantes, às quais não corresponderia nenhum objeto.
Eu afirmo, ao contrário: são-nos dadas coisas como objetos de nossos sentidos,
existentes fora de nós, só que nada sabemos do que eles possam ser em si
mesmos, conhecemos apenas as representações que produzem em nós ao afetarem
nossos sentidos”.
Kant. Immanuel. Prolegómenos a toda a metafísica futura. Lisboa: Edições 70, 1987. p.68.
Estabelecer as condições de
possibilidade do conhecimento foi um dos principais desafios ao qual Kant se
propôs a partir de sua filosofia transcendental. Sobre esta filosofia, é
correto afirmar que
a) buscou superar a oposição empirismo/ racionalismo
propondo a existência de estruturas a priori de conhecimento, sem as quais não
é possível nenhuma experiência de nenhum objeto.
b) ocupou-se em consolidar a visão
racionalista de tradição cartesiana ao criticar as concepções empiristas de
Locke e Hume, segundo as quais sentidos e experiência são a base do
conhecimento.
c) procurou ultrapassar completamente tanto o
racionalismo, como o empirismo, através de seu criticismo, cuja abordagem da
realidade nem é sensível, nem empírica, mas puramente
metafísica.
d) foi muito influenciada pela filosofia hegeliana em sua percepção dialética da realidade: sua postulação da oposição númeno/fenômeno expressa tal influência.
15. (Uece 2020) Atente para a seguinte passagem da obra de W. F. Hegel:
“A consciência-de-si é em-si e para-si
quando e porque é em si e para uma Outra, quer dizer, só é como algo
reconhecido. Inicialmente uma consciência visa submeter a outra, ao apreendê-la
como objeto. Porém precisa ser reconhecida pela outra como sujeito. Mas o outro
é também uma consciência-em-si. Um indivíduo se confronta com outro indivíduo.
Uma, a consciência independente, outra a consciência dependente. Uma é o
senhor, outra é o escravo”.
Hegel, W. F. Fenomenologia do espírito. Parte I, seç. III. §§178 – 196.
A partir da leitura da passagem acima e
considerando o pensamento hegeliano a respeito do processo de conhecimento, é
correto dizer que
a) Hegel, seguindo os passos de Kant, entendia
o conhecimento como um processo puramente a-histórico de tomada de consciência
do mundo.
b) a visão hegeliana sobre o conhecer reflete
uma percepção puramente especulativa sobre a realidade e rejeita qualquer
vínculo com a realidade objetiva.
c) Hegel, na fenomenologia do espírito, elaborou
uma defesa veemente da relação de submissão existente entre escravos e seus
senhores como parte do desenvolvimento do espírito do tempo.
d) o conhecimento parte de uma consciência de si que, numa relação de contradição, chega à consciência do outro que lhe nega, mas, ao mesmo tempo, lhe identifica como sujeito.
16. (Uece 2020) O trecho que se apresenta a seguir exemplifica a percepção de Jürgen Habermas a respeito do fundamento do comportamento ético.
“Enquanto a filosofia moral se colocar
a tarefa de contribuir para o aclaramento das intuições cotidianas adquiridas
no curso da socialização, ela terá que partir, pelo menos virtualmente, da
atitude dos participantes da prática comunicativa cotidiana”.
Habermas, Jürgen. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989. P.67.
Considerando a concepção de eticidade
discursiva de Habermas, assinale a proposição verdadeira.
a) Seguindo a tradição kantiana, trata-se de
uma ética fundamentada, essencialmente, na razão prática que cada sujeito
deverá impor aos outros indivíduos a partir de um processo
comunicativo.
b) Habermas propõe que sua ética discursiva
deve romper com qualquer forma de racionalidade, ao defender que o princípio
ético se fundamenta na ação desejante, nos sentimentos
compartilhados.
c) Contra a perspectiva kantiana, onde a razão
encontra em si mesma a lei moral universal, defende que ela decorre de uma
razão comunicativa, que surge da comunicação e dos diálogos
intersubjetivos.
d) Para o pensador alemão, somente uma razão pragmática tornará possível a instituição da moralidade a partir da adoção de um discurso convincente a ser comunicado a todos pelo legislador.
17. (Unesp 2019) A maior violação
do dever de um ser humano consigo mesmo, considerado meramente como um ser
moral (a humanidade em sua própria pessoa), é o contrário da veracidade, a
mentira [...]. A mentira pode ser externa [...] ou, inclusive, interna. Através
de uma mentira externa, um ser humano faz de si mesmo um objeto de desprezo aos
olhos dos outros; através de uma mentira interna, ele realiza o que é ainda
pior: torna a si mesmo desprezível aos seus próprios olhos e viola a dignidade
da humanidade em sua própria pessoa [...]. Pela mentira um ser humano descarta
e, por assim dizer, aniquila sua dignidade como ser humano. [...] É possível
que [a mentira] seja praticada meramente por frivolidade ou mesmo por bondade;
aquele que fala pode, até mesmo, pretender atingir um fim realmente benéfico
por meio dela. Mas esta maneira de perseguir este fim é, por sua simples forma,
um crime de um ser humano contra sua própria pessoa e uma indignidade que deve
torná-lo desprezível aos seus próprios olhos.
(Immanuel Kant. A metafísica dos costumes, 2010.)
Em sua sentença dirigida à mentira,
Kant
a) considera a condenação relativa e sujeita a
justificativas, de acordo com o contexto.
b) assume que cada ser humano particular
representa toda a humanidade.
c) apresenta um pensamento desvinculado de
pretensões racionais universalistas.
d) demonstra um juízo condenatório, com
justificação em motivações religiosas.
e) assume o pressuposto de que a razão sempre é governada pelas paixões.
18. (Enem 2019) TEXTO I
Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração
sempre crescentes: o céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim.
KANT, I. Crítica da razão
prática. Lisboa: Edições 70, s/d (adaptado).
TEXTO II
Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado
céu dentro de mim.
FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Hedra, 2015.
A releitura realizada pela poeta
inverte as seguintes ideias centrais do pensamento kantiano:
a) Possibilidade da liberdade e obrigação da
ação.
b) A prioridade do juízo e importância da
natureza.
c) Necessidade da boa vontade e crítica da
metafísica.
d) Prescindibilidade do empírico e autoridade
da razão.
e) Interioridade da norma e fenomenalidade do mundo.
19. (Uece 2019) “No Brasil, a
tortura ganhou destaque durante o período da ditadura militar, quando foram
cometidos diversos atos de tortura contra pessoas consideradas pelo governo
como uma ‘ameaça’ à ordem e à paz. Após esse período turbulento, a Assembleia
Constituinte se reuniu para elaborar a nova Constituição, aquela que mais tarde
seria considerada como a Constituição Cidadã, pois ressalta o respeito à
dignidade da pessoa humana e a garantia dos direitos essenciais”.
TEIXEIRA, Adriano Mendes. Os crimes de tortura e o princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Disponível em: https://adrianomendes2016.jusbrasil
O conceito de pessoa na
expressão “dignidade da pessoa humana” se refere ao conceito
a) jurídico de persona, no sentido
hobbesiano, como indivíduo em sua existência legal como membro do
Estado.
b) religioso, no sentido agostiniano, da
pessoa individual como imago dei, ou seja, criado à imagem e
semelhança de Deus.
c) estético-teatral, como dramatis
personae, lista dos personagens principais de uma obra
teatral.
d) ético-moral, no sentido kantiano, em que o homem, como ser racional, é fim em si mesmo e nunca meio.
20. (Ufu 2019) Segundo Kant,
o princípio supremo da doutrina dos costumes é: “aja segundo uma máxima que
possa valer ao mesmo tempo como lei universal – cada máxima que não se
qualifica a isso é contrária à moral”.
KANT,
Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad.
MARTINS, C. A. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Editora da Universidade
São Francisco, 2013. p. 31.
A fórmula acima é denominada por Kant
como imperativo categórico, diz-se que ela exige que
a) nossas ações devem ser pela vontade.
b) nossas ações sejam sempre por
dever.
c) as inclinações devem orientar a
moral.
d) agir conforme o dever é a lei universal.
21. (Ufpr 2019) Em um texto
chamado “Resposta à questão: o que é esclarecimento?”, Kant afirma que o “esclarecimento
é a saída do homem da menoridade”. Afirma também que a “menoridade é a
incapacidade de servir-se do próprio entendimento sem direção alheia” e que “o
homem é o culpado por esta incapacidade, quando sua causa resulta na falta, não
do entendimento, mas de resolução e coragem para fazer uso dele sem a direção
de outra pessoa”.
(KANT, Resposta à questão: O que é esclarecimento? In: MARÇAL, J.; CABARRÃO, M.; FANTIN, M. E. (Org.). Antologia de Textos Filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009, p. 407.)
Por sua vez, Foucault afirma: “Houve,
durante a época clássica, uma descoberta do corpo como objeto e alvo do poder.
Encontraríamos facilmente sinais dessa grande atenção dedicada então ao corpo –
ao corpo que se manipula, se modela, se treina, que obedece, responde, se torna
hábil ou cujas forças se multiplicam [...]”, referindo-se a um corpo (homem)
que se torna ao mesmo tempo analisável e manipulável.
(FOUCAULT, Michel. Os corpos dóceis. In: FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Trad. Ligia M. Pondé Vassalo. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1987, p. 125.).
Com base nos dois textos e no
pensamento desses filósofos, considere as afirmativas abaixo:
1. O Esclarecimento seria uma espécie de menoridade
intelectual e corresponderia à afirmação da religião como ponto de partida para
o homem tomar suas principais decisões.
2. Enquanto Kant se preocupa em avaliar o quanto os
indivíduos são responsáveis por se deixarem dirigir por outros, Foucault trata
de mostrar os modos como a sociedade torna o homem manipulável.
3. Tanto Kant quanto Foucault se questionam pelo
nível de autonomia do homem, ambos, porém, a partir de abordagens diferentes e
chegando a conclusões diferentes.
4. Fica claro no texto de Foucault que a idade
clássica favorece o autoconhecimento e a autonomia de pensamento.
Assinale a alternativa
correta.
b) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
22. (Uel 2018) Rochedos
audazes sobressaindo-se por assim dizer ameaçadores, nuvens carregadas
acumulando-se no céu, avançando com relâmpagos e estampidos, vulcões em sua inteira força destruidora,
furacões com a devastação deixada para trás, o ilimitado oceano revolto, uma
alta queda d’água de um rio poderoso etc. tornam nossa capacidade de
resistência de uma pequenez insignificante em comparação com o seu poder. Mas o
seu espetáculo só se torna tanto mais atraente quanto mais terrível ele é,
contanto que, somente, nos encontremos em segurança; e de bom grado denominamos
estes objetos sublimes, porque eles elevam a fortaleza da alma acima de seu
nível médio e permitem descobrir em nós uma faculdade de resistência de espécie
totalmente diversa, a qual encoraja a medir-nos com a aparente onipotência da
natureza.
(KANT, I. Crítica da Faculdade do Juízo. Trad. Antonio Marques e Valério Rohden. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. p. 107.)
Com
base no texto e nos conhecimentos sobre o juízo de gosto e o sublime na estética
moderna, particularmente em Kant, assinale a alternativa correta.
a)
O conceito de beleza, resultante da atividade do entendimento, permite
apreender o sentido dos eventos ameaçadores, protegendo o sujeito da
destruição.
b)
Os elementos da natureza compõem o núcleo da teoria kantiana do juízo de
gosto, constituindo, também, parte importante da sua concepção de gênio.
c)
Os eventos naturais de proporções ameaçadoras provocam nosso interesse
quando nos situam na possibilidade iminente de sermos por eles destruídos.
d)
O sublime não está contido em nenhuma coisa da natureza, e sim em nosso
ânimo, quando nos tornamos conscientes de nossa superioridade à natureza.
e)
A faculdade de resistência à dimensão ameaçadora e destruidora dos
eventos naturais de grande magnitude é a faculdade produtora do belo.
23. (Unioeste 2018) O filósofo alemão Immanuel Kant formulou, na Crítica da Razão Pura, uma divisão do conhecimento e acesso da razão aos fenômenos. Fenômenos não são coisas; eles nomeiam aquilo que podemos conhecer das coisas, através das formas da sensibilidade (Espaço e Tempo) e das categorias do entendimento (tais como Substância, Relação, Necessidade etc.). Assim, Kant afirma que o conhecimento humano é finito (limitado por suas formas e categorias). Como poderia haver, então, algum conhecimento universalmente válido? Ele afirma que tal conhecimento se formula num “juízo sintético a priori”. Juízos são afirmações; o adjetivo “sintéticos” significa que essas afirmações reúnem conceitos diferentes; “a priori”, por sua vez, indica aquilo que é obtido sem acesso à experiência dos fenômenos, antes deles e para que os fenômenos possam ser reunidos em um conhecimento que tenha unidade e sentido.
Com base nisso, indique a alternativa
CORRETA.
a) Para Kant, o conhecimento humano é
diretamente dado pela experiência das coisas, acessíveis pelos sentidos (visão,
audição, etc.).
b) Juízos sintéticos a priori são
afirmações de conhecimento cuja natureza é particular e que se altera caso a
caso.
c) Se a Metafísica é o conhecimento da
essência das coisas elas mesmas, Kant é, na Crítica da Razão Pura,
um defensor da Metafísica, e não um defensor da finitude do
conhecimento.
d) Para Kant, Espaço e Tempo são categorias do
entendimento mediante as quais conhecemos os fenômenos.
e) Juízos sintéticos a priori permitem organizar o conhecimento, dando a ele validade universal e unicidade.
24. (Enem 2017) Uma pessoa vê-se
forçada pela necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não
poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestarão nada se não prometer
firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a promessa;
mas tem ainda consciência bastante para perguntar a si mesma: não é proibido e
contrário ao dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se decida a
fazê-lo, a sua máxima de ação seria: quando julgo estar em apuros de dinheiro,
vou pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca sucederá.
KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
De acordo com a moral kantiana, a
“falsa promessa de pagamento” representada no texto
a) assegura que a ação seja aceita por todos a
partir da livre discussão participativa.
b) garante que os efeitos das ações não
destruam a possibilidade da vida futura na terra.
c) opõe-se ao princípio de que toda ação do
homem possa valer como norma universal.
d) materializa-se no entendimento de que os
fins da ação humana podem justificar os meios.
e) permite que a ação individual produza a mais ampla felicidade para as pessoas envolvidas.
25. (Enem PPL 2016) Os ricos
adquiriram uma obrigação relativamente à coisa pública, uma vez que devem sua
existência ao ato de submissão à sua proteção e zelo, o que necessitam para
viver; o Estado então fundamenta o seu direito de contribuição do que é deles
nessa obrigação, visando a manutenção de seus concidadãos. Isso pode ser
realizado pela imposição de um imposto sobre a propriedade ou a atividade
comercial dos cidadãos, ou pelo estabelecimento de fundos e de uso dos juros
obtidos a partir deles, não para suprir as necessidades do Estado (uma vez que
este é rico), mas para suprir as necessidades do povo.
KANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru: Edipro, 2003.
Segundo esse texto de Kant, o Estado
a) deve sustentar todas as pessoas que vivem
sob seu poder, a fim de que a distribuição seja paritária.
b) está autorizado a cobrar impostos dos
cidadãos ricos para suprir as necessidades dos cidadãos
pobres.
c) dispõe de poucos recursos e, por esse
motivo, é obrigado a cobrar impostos idênticos dos seus
membros.
d) delega aos cidadãos o dever de suprir as
necessidades do Estado, por causa do seu elevado custo de
manutenção.
e) tem a incumbência de proteger os ricos das
imposições pecuniárias dos pobres, pois os ricos pagam mais
tributos.
26. (Uel 2015) As leis morais
juntamente com seus princípios não só se distinguem essencialmente, em todo o
conhecimento prático, de tudo o mais onde haja um elemento empírico qualquer,
mas toda a Filosofia moral repousa inteiramente sobre a sua parte pura e,
aplicada ao homem, não toma emprestado o mínimo que seja ao conhecimento do
mesmo (Antropologia).
KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Trad. de Guido A. de Almeida. São Paulo: Discurso Editorial, 2009. p.73.
Com base no texto e na questão da
liberdade e autonomia em Immanuel Kant, assinale a alternativa correta.
a) A fonte das ações morais pode ser
encontrada através da análise psicológica da consciência moral, na qual se
pesquisa mais o que o homem é, do que o que ele deveria ser.
b) O elemento determinante do caráter moral de
uma ação está na inclinação da qual se origina, sendo as inclinações serenas
moralmente mais perfeitas do que as passionais.
c) O sentimento é o elemento determinante para
a ação moral, e a razão, por sua vez, somente pode dar uma direção à presente
inclinação, na medida em que fornece o meio para alcançar o que é
desejado.
d) O ponto de partida dos juízos morais
encontra-se nos “propulsores” humanos naturais, os quais se direcionam ao bem
próprio e ao bem do outro.
e) O princípio supremo da moralidade deve assentar-se na razão prática pura, e as leis morais devem ser independentes de qualquer condição subjetiva da natureza humana.
27. (Uema 2015) Fraqueza e
covardia são as causas pelas quais a maioria das pessoas permanece infantil
mesmo tendo condição de libertar-se da tutela mental alheia. Por isso, fica
fácil para alguns exercer o papel de tutores, pois muitas pessoas, por
comodismo, não desejam se tornar adultas. Se tenho um livro que pensa por mim;
um sacerdote que dirige minha consciência moral; um médico que me prescreve
receitas e, assim por diante, não necessito preocupar-me com minha vida. Se
posso adquirir orientações, não necessito pensar pela minha cabeça: transfiro
ao outro esta penosa tarefa de pensar.
Fonte: I. Kant, O que é a ilustração. In: F. Weffort (org). Os clássicos da política, v. 2, 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2006.
Esse fragmento compõe o livro de Kant
que trata da importância da(o)
b) razão.
c) cultura.
d) costume.
e) experiência.
28. (Ufsm 2015) A necessidade de conviver em grupo fez o homem desenvolver estratégias adaptativas diversas. Darwin, num estudo sobre a evolução e as emoções, mostrou que o reconhecimento de emoções primárias, como raiva e medo, teve um papel central na sobrevivência. Estudos antigos e recentes têm mostrado que a moralidade ou comportamento moral está associado a outros tipos de emoções, como a vergonha, a culpa, a compaixão e a empatia. Há, no entanto, teorias éticas que afirmam que as ações boas devem ser motivadas exclusivamente pelo dever e não por impulsos ou emoções. Essa teoria é a ética
a) deontológica ou kantiana.b) das virtudes.
c) utilitarista.
d) contratualista.
e) teológica.
29. (Unesp 2015) A fonte do
conceito de autonomia da arte é o pensamento estético de Kant. Praticamente
tudo o que fazemos na vida é o oposto da apreciação estética, pois praticamente
tudo o que fazemos serve para alguma coisa, ainda que apenas para satisfazer um
desejo. Enquanto objeto de apreciação estética, uma coisa não obedece a essa
razão instrumental: enquanto tal, ela não serve para nada, ela vale por si. As
hierarquias que entram em jogo nas coisas que obedecem à razão instrumental,
isto é, nas coisas de que nos servimos, não entram em jogo nas obras de arte
tomadas enquanto tais. Sendo assim, a luta contra a autonomia da arte tem por
fim submeter também a arte à razão instrumental, isto é, tem por fim recusar
também à arte a dimensão em virtude da qual, sem servir para nada, ela vale por
si. Trata-se, em suma, da luta pelo empobrecimento do mundo.
(Antônio Cícero. “A autonomia da arte”. Folha de São Paulo, 13.12.2008. Adaptado.)
De acordo com a análise do autor,
a) a racionalidade instrumental, sob o ponto
de vista da filosofia de Kant, fornece os fundamentos para a apreciação
estética.
b) um mundo empobrecido seria aquele em que
ocorre o esvaziamento do campo estético de suas qualidades
intrínsecas.
c) a transformação da arte em espetáculo da
indústria cultural é um critério adequado para a avaliação de sua condição
autônoma.
d) o critério mais adequado para a apreciação
estética consiste em sua validação pelo gosto médio do público
consumidor.
e) a autonomia dos diversos tipos de obra de arte está prioritariamente subordinada à sua valorização como produto no mercado.
30. (Uel 2014) Kant, mesmo que
restrito à cidade de Königsberg, acompanhou os desdobramentos das Revoluções
Americana e Francesa e foi levado a refletir sobre as convulsões da história
mundial. Às incertezas da Europa plebeia, individualista e provinciana,
contrapôs algumas certezas da razão capazes de restabelecer, ao menos no
pensamento, a sociabilidade e a paz entre as nações com vista à constituição de
uma federação de povos – sociedade cosmopolita.
(Adaptado de: ANDRADE, R. C. “Kant: a liberdade, o indivíduo e a república”. In: WEFORT, F. C. (Org.). Clássicos da política. v.2. São Paulo: Ática, 2003. p.49-50.)
Com base nos conhecimentos sobre a
Filosofia Política de Kant, assinale a alternativa correta.
a) A incapacidade dos súditos de distinguir o útil
do prejudicial torna imperativo um governo paternal para indicar a
felicidade.
b) É chamado cidadão aquele que habita a cidade,
sendo considerados cidadãos ativos também as mulheres e os empregados.
c) No Estado, há uma igualdade irrestrita entre os
membros da comunidade e o chefe de Estado.
d) Os súditos de um Estado Civil devem possuir
igualdade de ação em conformidade com a lei universal da liberdade.
e) Os súditos estão autorizados a transformar em violência o descontentamento e a oposição ao poder legislativo supremo.
31. (Ufsj 2012) Sobre a questão do
conhecimento na filosofia kantiana, é CORRETO afirmar que
a) o ato de conhecer se distingue em duas formas
básicas: conhecimento empírico e conhecimento puro.
b) para conhecer, é preciso se lançar ao exercício
do pensar conceitos concretos.
c) as formas distintas de conhecimento, descritas
na obra Crítica da razão pura, são denominadas, respectivamente,
juízo universal e juízo necessário e suficiente.
d) o registro mais contundente acerca do conhecimento se faz a partir da distinção de dois juízos, a saber: juízo analítico e juízo sintético ou juízo de elucidação.
32. (Enem 2012) Esclarecimento
é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A
menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de
outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela
não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de
servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu
próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia
são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a
natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no
entanto, de bom grado menores durante toda a vida.
KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).
Kant destaca no texto o conceito de
Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da
Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa
a) a reivindicação de autonomia da capacidade
racional como expressão da maioridade.
b) o exercício da racionalidade como pressuposto
menor diante das verdades eternas.
c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter
objetivo, de forma heterônoma.
d) a compreensão de verdades religiosas que
libertam o homem da falta de entendimento.
e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão.
33. (Enem 2012) Um Estado é uma
multidão de seres humanos submetida a leis de direito. Todo Estado encerra três
poderes dentro de si, isto é, a vontade unida em geral consiste de três
pessoas: o poder soberano (soberania) na pessoa do legislador; o poder
executivo na pessoa do governante (em consonância com a lei) e o poder
judiciário (para outorgar a cada um o que é seu de acordo com a lei) na pessoa
do juiz.
ANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru: Edipro, 2003.
De acordo com o texto, em um Estado de
direito
a) a vontade do governante deve ser obedecida, pois
é ele que tem o verdadeiro poder.
b) a lei do legislador deve ser obedecida, pois ela
é a representação da vontade geral.
c) o Poder Judiciário, na pessoa do juiz, é
soberano, pois é ele que outorga a cada um o que é seu.
d) o Poder Executivo deve submeter-se ao
Judiciário, pois depende dele para validar suas determinações.
e) o Poder Legislativo deve submeter-se ao Executivo, na pessoa do governante, pois ele que é soberano.
34. (Uel 2012) O
desenvolvimento não é um mecanismo cego que age por si. O padrão de progresso
dominante descreve a trajetória da sociedade contemporânea em busca dos fins
tidos como desejáveis, fins que os modelos de produção e de consumo expressam.
É preciso, portanto, rediscutir os sentidos. Nos marcos do que se entende
predominantemente por desenvolvimento, aceita-se rever as quantidades (menos
energia, menos água, mais eficiência, mais tecnologia), mas pouco as
qualidades: que desenvolvimento, para que e para quem?
(LEROY, Jean Pierre. Encruzilhadas do Desenvolvimento. O Impacto sobre o meio ambiente. Le Monde Diplomatique Brasil. jul. 2008, p.9.)
Tendo como referência a relação entre
desenvolvimento e progresso presente no texto, é correto afirmar que, em Kant,
tal relação, contida no conceito de Aufklärung (Esclarecimento),
expressa:
a) A tematização do desenvolvimento sob a égide da
lógica de produção capitalista.
b) A segmentação do desenvolvimento tecnocientífico
nas diversas especialidades.
c) A ampliação do uso público da razão para que se
desenvolvam sujeitos autônomos.
d) O desenvolvimento que se alcança no âmbito
técnico e material das sociedades.
e) O desenvolvimento dos pressupostos científicos na resolução dos problemas da filosofia prática.
35. (Uncisal 2011) No século XVIII, o
filósofo Emanuel Kant formulou as hipóteses de seu idealismo transcendental.
Segundo Kant, todo conhecimento logicamente válido inicia-se pela experiência,
mas é construído internamente por meio das formas a priori da sensibilidade
(espaço e tempo) e pelas categorias lógicas do entendimento. Dessa maneira,
para Kant, não é o objeto que possui uma verdade a ser conhecida pelo sujeito
cognoscente, mas sim o sujeito que, ao conhecer o objeto, nele inscreve suas
próprias coordenadas sensíveis e intelectuais. De acordo com a filosofia
kantiana, pode-se afirmar que
a) a mente humana é como uma “tabula rasa”, uma
folha em branco que recebe todos os seus conteúdos da experiência.
b) os conhecimentos são revelados por Deus para os
homens.
c) todos os conhecimentos são inatos, não
dependendo da experiência.
d) Kant foi um filósofo da antiguidade.
e) para Kant, o centro do processo de conhecimento é o sujeito, não o objeto.
36. (Uel 2011) Na Primeira Secção da
Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Kant analisa dois conceitos
fundamentais de sua teoria moral: o conceito de vontade boa e o de imperativo
categórico. Esses dois conceitos traduzem as duas condições básicas do dever: o
seu aspecto objetivo, a lei moral, e o seu aspecto subjetivo, o acatamento da
lei pela subjetividade livre, como condição necessária e suficiente da ação.
(DUTRA, D. V. Kant e Habermas: a reformulação discursiva da moral kantiana. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. p. 29.)
Com base no texto e nos conhecimentos
sobre a teoria moral kantiana, é correto afirmar:
a) A vontade boa, enquanto condição do dever,
consiste em respeitar a lei moral, tendo como motivo da ação a simples
conformidade à lei.
b) O imperativo categórico incorre na contingência
de um querer arbitrário cuja intencionalidade determina subjetivamente o valor
moral da ação.
c) Para que possa ser qualificada do ponto de vista
moral, uma ação deve ter como condição necessária e suficiente uma vontade
condicionada por interesses e inclinações sensíveis.
d) A razão é capaz de guiar a vontade como meio
para a satisfação de todas as necessidades e assim realizar seu verdadeiro
destino prático: a felicidade.
e) A razão, quando se torna livre das condições subjetivas que a coagem, é, em si, necessariamente conforme a vontade e somente por ela suficientemente determinada.
37. (Uema 2011) Na perspectiva do
conhecimento, Immanuel Kant pretende superar a dicotomia
racionalismo-empirismo. Entre as alternativas abaixo, a única que contém
informações corretas sobre o criticismo kantiano é:
a) A razão estabelece as condições de possibilidade
do conhecimento; por isso independe da matéria do conhecimento.
b) O conhecimento é constituído de matéria e forma.
Para termos conhecimento das coisas, temos de organizá-las a partir da forma a
priori do espaço e do tempo.
c) O conhecimento é constituído de matéria, forma e
pensamento. Para termos conhecimento das coisas temos de pensá-las a partir do
tempo cronológico.
d) A razão enquanto determinante nos conhecimentos
fenomênicos e noumênicos (transcendentais) atesta a capacidade do ser
humano.
e) O homem conhece pela razão a realidade fenomênica porque Deus é quem afinal determina este processo.
38. (Uema 2011) No texto Que é
“Esclarecimento”? (1783), o que significa, conforme Kant, a saída do homem da
menoridade da qual ele mesmo é culpado?
a) O uso da razão crítica, exceto quando se tratar
de doutrinas religiosas.
b) A capacidade de aceitar passivamente a
autoridade científica ou política.
c) A liberdade para executar desejos e impulsos
conforme a natureza instintiva do homem.
d) A coragem de ser autônomo, rejeitando, portanto,
qualquer condição tutelar.
e) O alcance da idade apropriada para uso da
racionalidade subjetiva.
39. (Unioeste 2011) “Já desde os
tempos mais antigos da filosofia, os estudiosos da razão pura conceberam, além
dos seres sensíveis ou fenômenos, que constituem o mundo dos sentidos, seres
inteligíveis particulares, que constituiriam um mundo inteligível, e, visto que
confundiam (o que era de desculpar a uma época ainda inculta) fenômeno e
aparência, atribuíram realidade unicamente aos seres inteligíveis. De fato, se,
como convém, considerarmos os objetos dos sentidos como simples fenômenos,
admitimos assim que lhes está subjacente uma coisa em si, embora não saibamos
como ela é constituída em si mesma, mas apenas conheçamos o seu fenômeno, isto
é, a maneira como os nossos sentidos são afetados por este algo desconhecido”.
Immanuel Kant
Sobre a teoria do conhecimento
kantiana, conforme o texto acima, seguem as seguintes afirmativas:
I. Desde sempre, os filósofos atribuíram realidade
tanto aos seres sensíveis quanto aos seres inteligíveis.
II. Podemos conhecer, em relação às coisas em si
mesmas, apenas seu fenômeno, ou seja, a maneira como elas afetam nossos
sentidos.
III. Porque podemos conhecer apenas seus fenômenos,
as coisas em si mesmas não têm realidade.
IV. Os filósofos anteriores a Kant não
diferenciavam fenômeno de aparência, e, assim, consideravam que o fenômeno não
era real.
V. As intuições puras da sensibilidade e os conceitos puros do entendimento incidem apenas em objetos de uma experiência possível; sem as primeiras, os segundos não têm significação.
Das afirmativas feitas acima
b) apenas II, IV e V estão corretas.
c) apenas II, III, IV e V estão corretas.
d) todas as afirmativas estão corretas.
e) todas as afirmativas estão incorretas.
40. (Ufu 2013) Autonomia da vontade é aquela sua propriedade graças à qual ela é para si mesma a sua lei (independentemente da natureza dos objetos do querer). O princípio da autonomia é, portanto: não escolher senão de modo a que as máximas da escolha estejam incluídas simultaneamente, no querer mesmo, como lei universal.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1986, p. 85.
De acordo com a doutrina ética de
Kant:
a) O Imperativo Categórico não se relaciona com a
matéria da ação e com o que deve resultar dela, mas com a forma e o princípio
de que ela mesma deriva.
b) O Imperativo Categórico é um cânone que nos leva
a agir por inclinação, vale dizer, tendo por objetivo a satisfação de paixões
subjetivas.
c) Inclinação é a independência da faculdade de
apetição das sensações, que representa aspectos objetivos baseados em um
julgamento universal.
d) A boa vontade deve ser utilizada para satisfazer
os desejos pessoais do homem. Trata-se de fundamento determinante do agir, para
a satisfação das inclinações.
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