1. (Uece 2022) Neste ano, comemoramos o centenário de nascimento do Patrono da Educação Brasileira, o Professor Paulo Freire (1921-1997). Atente para a seguinte passagem de sua autoria:
“[...]
a educação é uma forma de intervenção no mundo [...], que além do conhecimento
dos conteúdos bem ou mal ensinados e/ou aprendidos implica tanto o esforço de
reprodução da ideologia dominante quanto seu desmascaramento. [...] não poderia
ser a educação só uma ou só outra dessas coisas. [...] É um erro decretá-la
como tarefa apenas reprodutora da ideologia dominante como erro tomá-la como
uma força de desocultação da realidade, a atuar livremente, sem obstáculos e
duras dificuldades”.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996, p. 98-99. – Adaptado.
No
texto acima, o fato de a educação ser concebida como uma prática que une em si
reprodução e desmascaramento da ideologia dominante, filosoficamente, manifesta
uma
a)
incoerência, que desobedece ao princípio lógico de não contradição.
b)
posição dialética, que concebe os processos sociais como contraditórios.
c)
concepção mecanicista, em que forças exteriores se opõem e se chocam.
d) ideação moral subjetiva, que atua no sentido contrário à realidade dada.
2.
(Uem 2021) “Thomas Kuhn considera que a história da ciência é
feita de descontinuidades e de rupturas radicais [e] designa os momentos de
ruptura e de criação de novas teorias com a expressão revolução científica.” A revolução “acontece quando o cientista
descobre que o paradigma disponível não consegue explicar um fenômeno ou um
fato novo, sendo necessário produzir um outro paradigma, até então inexistente
e cuja necessidade não era sentida pelos investigadores.”
(CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 14ª ed. São Paulo: Ática, 2011. pág. 281.)
Sobre
paradigma e revolução científica, assinale o que for correto.
01)
Para Thomas Kuhn, um bom exemplo de revolução científica é a mudança na
explicação do sistema solar de geocêntrico, atribuída a Ptolomeu, para o
heliocêntrico, atribuída a Copérnico.
02)
A descontinuidade na ciência é a sucessão histórica de teorias
científicas que possuem princípios, conceitos, métodos e conhecimentos
completamente diferentes. Por exemplo, a geometria euclidiana é diferente da
geometria contemporânea.
04)
Gaston Bachelard contesta a ideia de que há descontinuidade e rupturas
epistemológicas nas ciências, pois duas ciências, apesar de historicamente
sucessivas, desde que atuem no mesmo campo semântico, não podem ser completamente
diferentes, mas ampliadas progressivamente.
08)
Karl Popper se opõe à noção de descontinuidade nasciências afirmando que
a “falseabilidade” de uma teoria científica (a possibilidade de ser falsa), com
o surgimento de fatos novos, é um critério que garante o progresso de uma
ciência.
16) Para Paul K. Feyerabend, o empirismo moderno é a tendência que instaura o método experimental como o único que assegura às ciências um progresso constante a partir da experiência como fundamento de um conhecimento sólido e seguro da realidade.
3. (Pucpr 2019) Em seu texto A Crise na Educação, Hannah Arendt afirma que a ideia de novidade e do “novo” para a educação acarreta em uma série de problemas em decorrência da confusão entre o âmbito da educação e o âmbito da política. Conforme escreve Arendt: “O papel desempenhado pela educação em todas as utopias políticas, a partir dos tempos antigos, mostra o quanto parece natural iniciar um novo mundo com aqueles que são por nascimento e por natureza novos. No que toca à política, isso implica obviamente um grave equívoco: ao invés de juntar-se aos seus iguais, assumindo o esforço de persuasão e correndo o risco do fracasso, há a intervenção ditatorial, baseada na absoluta superioridade do adulto, e a tentativa de produzir o novo como um fait accompli, isto é, como se o novo já existisse”.
De
acordo com os seus conhecimentos sobre o tema e baseando-se no texto
mencionado, é CORRETO afirmar que
a)
para Hannah Arendt, o entusiasmo extraordinário pelo que é novo se
apresenta como um dos pontos centrais da crise na educação, uma vez que não é
ensinado às crianças a ideia de que o mundo, a história e a tradição são
anteriores a elas e que é pela compreensão desses elementos que estas podem vir
a tornar-se cidadãs bem preparadas.
b)
a crise na educação, segundo Hannah Arendt, não tem nenhuma relação e nenhuma
consequência para a política, uma vez que o âmbito da educação e o âmbito da
política são completamente separados e a formação de uma criança não tem nenhum
impacto na formação dos cidadãos.
c)
para a filósofa, a ideia de novidade no âmbito da educação é uma grande
ilusão, porque as crianças nunca poderão habitar ou criar um mundo novo e
sempre estarão inteiramente presas ao passado e ao mundo em que habitam.
d)
segundo pondera Hannah Arendt, a falta de autoridade é um dos pontos
centrais da crise na educação, de tal maneira que a ideia do “novo” no âmbito
da educação teria como consequência o apagamento de toda hierarquia e
produziria uma sociedade anárquica.
e) conforme Hannah Arendt, o mundo pré-existente não deve ser levado em conta no que diz respeito à educação das crianças, pois, uma vez que as próprias crianças são novas no mundo, não é necessário reproduzir os valores e ensinamentos anteriormente existentes.
4. (Pucpr 2018) Leia o texto a seguir.
Esta é a situação básica do homem. O
mundo é criado por mãos humanas para servir de casa aos humanos durante um
tempo limitado. Porque o mundo é feito por mortais, ele é perecível. Porque os
seus habitantes estão continuamente a mudar, o mundo corre o risco de se tornar
tão mortal como eles.
Para preservar o mundo contra a
mortalidade dos seus criadores e habitantes, é necessário constantemente
restabelecê-los de novo. O problema é saber como educar de forma a que essa
recolocação continue a ser possível, ainda que, de forma absoluta, nunca possa
ser assegurada.
ARENDT, Hannah. A crise na educação. In: Entre o passado e o futuro. Tradução Mauro W. Barbosa de Almeida. 5ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2005.
No trecho extraído do texto A Crise
na Educação, a filósofa Hannah Arendt tece considerações sobre o que ela
considera como uma das razões do problema educacional moderno. Para a autora,
essa questão passa por noções de conservadorismo, renovação, autoridade e tradição.
Com base no trecho apresentado e nos seus conhecimentos sobre o texto, assinale
a resposta CORRETA.
a)
Para Hannah Arendt, é preciso um mínimo de
conservadorismo para se garantir a produção de uma educação capaz de formar bem
as crianças, pois todo ensino baseia-se em apelo a uma tradição que deve servir
como base para o aparecimento do novo e do revolucionário.
b)
Segundo considera a filósofa, a tradição não tem
nenhuma função na produção da educação, sendo que todo ensino deve ser, por
essência, revolucionário e inovador e os professores devem auxiliar os
estudantes a criar novos conteúdos sem cuidado com o passado.
c)
Conforme pontua Hannah Arendt, o domínio da
educação tem de ser estritamente vinculado aos outros domínios públicos,
sobretudo com relação à vida política. O aprendizado só é possível por meio do
emprego de autoridade, sendo que o uso da autoridade deve servir como uma
ligação entre o meio educacional e o meio político.
d)
A educação deve ter esperança na novidade de cada
nova geração. O respeito pelo passado não tem nenhuma utilidade para a
fundamentação de uma educação formadora e a tradição deve servir apenas como
uma oposição que deve ser combatida com vistas ao futuro.
e) A crise na educação é decorrência de uma crise da tradição, sendo que os valores sociais do passado devem ser impostos às crianças por meio do uso da autoridade, buscando, assim, assegurar a conservação das verdades já alcançadas nos tempos passados.
5. (Ufsj 2013) “Os leitores de jornais dizem: este partido foi destruído devido a esta ou aquela falta que cometeu. Minha política superior contesta: um partido que comete esta ou aquela falta agoniza, não possui a segurança do instinto”.
Esse
comentário é emblemático e foi propalado por
a)
Joaquim Barbosa, ao condenar cinco réus na sua primeira leitura no
escândalo político do mensalão, que assombra o país desde 2005.
b)
Friedrich Nietzsche, ao buscar a explicação para o erro da confusão
entre a causa e o efeito.
c)
Jean-Paul Sartre, referindo-se ao partido comunista do início do século
XX.
d) Thomas Hobbes, ao defender o unipartidarismo absoluto.
6. (Unicamp 2017) “Muitos
políticos veem facilitado seu nefasto trabalho pela ausência da filosofia.
Massas e funcionários são mais fáceis de manipular quando não pensam, mas tão
somente usam de uma inteligência de rebanho. É preciso impedir que os homens se
tornem sensatos. Mais vale, portanto, que a filosofia seja vista como algo
entediante.”
Assinale a alternativa correta.
a) O filósofo lembra que a filosofia tem um
potencial crítico que pode desagradar a políticos, poderosos e ao senso comum,
tal como ocorreu na Grécia em relação a Sócrates.
b) A filosofia precisa ser entediante para
estimular o pensamento crítico, rigoroso e formar pessoas sensatas, a partir do
ensino de lógica, retórica e ética.
c) A ditadura militar no Brasil retirou a
disciplina de filosofia das escolas por considerá-la subversiva, mas atenuou a
medida estimulando os Centros Populares de Cultura (CPC), ligados a entidades
estudantis.
d) Os políticos e a estrutura escolar não são o verdadeiro obstáculo ao ensino de filosofia, mas a concepção de que ela é difícil e tediosa, considerando-se que existem mecanismos para aproximá-la do senso comum.
7. (Ufsm 2013) A economia verde contém
os seguintes princípios para o consumo ético de produtos: a matéria-prima dos
produtos deve ser proveniente de fontes limpas e não deve haver desperdício dos
produtos. O Estado, entretanto, não impõe, até o presente momento, sanções
àqueles cidadãos que não seguem esses princípios.
Considere as seguintes afirmações:
I. Esses princípios são juízos de fato.
II. Esses princípios são, atualmente, uma questão
de moralidade, mas não de legalidade.
III. A ética epicurista, a exemplo da economia
verde, propõe uma vida mais moderada.
Está(ão) correta(s)
a) apenas I.
b) apenas I e II.
c) apenas III.
d) apenas II e III.
e) I, II e III.
8. (Ufsj 2013) Sobre “as qualidades úteis da mente”, descritas por David
Hume, é CORRETO afirmar que
a) “são aquilo que se pode primeiramente
experimentar na arte de raciocinar”.
b) “elas são retratadas no sentido vulgar, pois são
diametralmente opostas ao poder e ao bom senso ou razão”.
c) “determinam que as virtudes, como a simpatia, por exemplo, tenham a força ideal a posteriori para o bem-estar das sociedades humanas”.
d) “essas virtudes formam a principal parte da moral”.
9. (Ufsj 2013) Ao declarar que “a moral e a religião pertencem inteiramente à
psicologia do erro”, Nietzsche pretendeu
a) destruir os caminhos que “a psicologia utiliza
para negar ou afirmar a moral e a religião”.
b) criticar essa necessidade humana de se vincular
a valores e instituições herdados, já que “o Homem é forjado para um fim e como
tal deve existir”.
c) denunciar o erro que tanto a moral quanto a
religião cometem ao confundir “causa com efeito, ou a verdade com o efeito do
que se considera como verdade”.
d) comprovar que “a moral e a religião estão no imaginário coletivo, mas para se instalarem enquanto verdade elas precisam ser avalizadas por uma ciência institucionalizada”.
10. (Unesp 2013) Por que as pessoas
fazem o bem? A bondade está programada no nosso cérebro ou se desenvolve com a
experiência? O psicólogo Dacher Keltner, diretor do Laboratório de Interações
Sociais da Universidade da Califórnia, em Berkeley, investiga essas questões
por vários ângulos e apresenta resultados surpreendentes.
Keltner – O nervo vago é um feixe neural que se origina no topo da
espinha dorsal. Quando ativo, produz uma sensação de expansão confortável no
tórax, como quando estamos emocionados com a bondade de alguém ou ouvimos uma
bela música. Pessoas com alta ativação dessa região cerebral são mais propensas
a desenvolver compaixão, gratidão, amor e felicidade.
Mente & Cérebro – O que esse tipo de
ciência o faz pensar?
Keltner –
Ela me traz esperanças para o futuro. Que nossa cultura se torne menos
materialista e privilegie satisfações sociais como diversão, toque, felicidade
que, do ponto de vista evolucionário, são as fontes mais antigas de prazer.
Vejo essa nova ciência em quase todas as áreas da vida. Ensina-se meditação em
prisões e em centros de detenção de menores. Executivos aprendem que
inteligência emocional e bom relacionamento podem fazer uma empresa prosperar
mais do que se ela for focada apenas em lucros.
(www.mentecerebro.com.br. Adaptado.)
De acordo com a abordagem do cientista
entrevistado, as virtudes morais e sentimentos agradáveis
a) dependem de uma integração holística com o
universo.
b) dependem de processos emocionais inconscientes.
c) são adquiridos por meio de uma educação
religiosa.
d) são qualidades inatas passíveis de estímulo
social.
e) estão associados a uma educação filosófica racionalista.
11. (Ufsm 2013) Leonardo Boff define sustentabilidade do seguinte modo: Uma
ação é sustentável se, e somente se, ela é destinada a manter as condições
energéticas, informacionais, físico-químicas que sustentam todos os seres,
especialmente a Terra viva, a comunidade de vida e a vida humana, visando à sua
continuidade e ainda atender as necessidades da geração presente e das futuras,
de tal forma que o capital natural seja mantido e enriquecido em sua capacidade
de regeneração, reprodução e coevolução.
Considere as seguintes afirmações:
I. Atender as necessidades da geração presente é
condição necessária, mas não suficiente, para haver sustentabilidade.
II. Atender as necessidades da geração futura é
condição suficiente, mas não necessária, para haver sustentabilidade.
III. Manter o capital natural é condição necessária e suficiente para haver sustentabilidade.
Está(ão) correta(s)
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas I e II.
e) apenas II e III.
12. (Ufpa 2012) “O mundo tal como o compreende Arendt (...) designa o
cenário onde comparecem gerações humanas completamente distintas. [Neste] Cada
geração tomaria emprestado dos objetos do trabalho sua durabilidade, a fim de
transmitir às vindouras suas mais preciosas e memoráveis experiências”.
FRANCISCO, M.P.S. “Preservar e renovar o mundo”, in Revista Educação, Nº 4. São Paulo: Editora Seguimento, p. 33-34.
Para que a transmissão desses objetos fabricados e dessas experiências
culturais vivenciadas entre as gerações das sociedades em geral, e da
brasileira em particular, chegue a bom termo é necessário:
I.
Um juízo comum sobre o que, em suas
experiências, é digno de ser salvo do esquecimento.
II.
Que as gerações vindouras reconheçam as
experiências que lhe são transmitidas como preciosas também para si.
III.Que
os artefatos humanos, que podem perdurar para além das gerações, tenham um
valor exclusivo para as gerações precedentes.
IV. Que as funções da tradição saibam relacionar as
experiências que julgam valiosas para si, cuja inteligibilidade só possa ser
reconhecida verdadeiramente pela geração que as vivenciou.
As afirmativas corretas são
a)
I e II.
b)
I e III.
c)
I e IV.
d)
II e III.
e)
III e IV.
13. (Unesp 2011) Crianças que passam o dia sob controle de pais, babás e professores,
com a agenda lotada de atividades, agora têm também suas brincadeiras da hora
de recreio dirigidas por adultos. Cada vez mais colégios particulares adotam o
chamado “recreio dirigido”, na tentativa de resgatar formas saudáveis de
brincar em grupos. Alguns educadores, porém, temem que a prática se torne mais
uma maneira de controlar uma geração que já desfruta de pouca autonomia. Em uma
das escolas, “o objetivo é melhorar a integração, desenvolver a autonomia”, diz
a orientadora do colégio. Para uma antropóloga, esse tipo de proposta acaba
podando a iniciativa das crianças. “Elas estão sempre sendo direcionadas, ficam
esperando que alguém diga o que é melhor fazer, perdem autonomia”.
(Luciana Alvarez. O Estado de S.Paulo,
13.02.2011. Adaptado.)
Sobre o texto, é correto afirmar:
a)
Os profissionais da área pedagógica
possuem critérios consensuais para definir os meios mais adequados para
desenvolver a autonomia das crianças.
b) Os críticos do recreio dirigido apontam riscos de heteronímia,
implícitos nessa prática pedagógica.
c)
A prática adotada pelos colégios
particulares pressupõe uma rígida demarcação entre atividades de aprendizagem e
atividades lúdicas.
d) As escolas abordadas na reportagem evidenciam uma
dedicação especializada nas dimensões intelectuais do processo de aprendizagem,
em detrimento dos aspectos emocionais.
e) O recreio dirigido é criticado por alguns profissionais por seu teor de enfraquecimento da escola como instituição de controle.
14. (Ufma 2006) Nos últimos anos,
observa-se a presença considerável de questões ligadas à arte nas escolas
formais e informais. Isto se dá, segundo alguns teóricos que se ocupam do
discurso estético, porque a arte é uma forma de compreender e transformar a
realidade. Aponte qual alternativa reflete essa visão.
a) A arte conduz o espírito humano a uma forma de
vida completamente destituída de interesses materiais e sociais.
b) Muitos artistas contribuíram para grandes
transformações sociais, provocando a supervalorização econômica das obras de
arte.
c) O discurso estético tem a capacidade de atrair
as pessoas, porque lida fundamentalmente com a perspectiva de harmonia e
beleza.
d) Conhecendo a arte de cada época, as sociedades
presentes têm melhores condições de decidir quanto à tendência estética atual.
e) Há uma função pedagógica da arte que é traduzida
pela ideia de que ela leva a conhecer o que escapa ao discurso da ciência e de
outras linguagens discursivas.
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