1.
(Unesp 2023) Também conhecidas como Organizações
Intergovernamentais, essas instituições são criadas por países (Estados
soberanos), regidas por tratados, que buscam por meio da cooperação a melhoria
das condições econômicas, políticas e sociais dos associados. Buscam soluções
em comum para resolver conflitos de interesses entre os Estados membros. A
Organização das Nações Unidas (ONU), fundada em 1945, é a maior organização
internacional do mundo. Tem como objetivos principais a manutenção da paz
mundial, o respeito aos direitos humanos e o progresso social da humanidade.
(Benigno Núñez Novo. “Organizações internacionais”.www.direitonet.com.br, 08.02.2018. Adaptado.)
A
organização política intergovernamental mencionada no excerto assemelha-se à
concepção de Estado da abordagem contratualista de Hobbes, caracterizada pelo
dever do soberano de
a)
proteger a vida humana.
b)
garantir o direito natural.
c)
superar a desigualdade social.
d)
ampliar a liberdade individual.
e) assegurar a propriedade privada.
2.
(Unichristus - Medicina 2023) A filosofia sob a
‘força do martelar’ representa em Nietzsche o percurso de uma crítica à
tradição metafísica que se estende desde a noção platônica de mundo até a
modernidade, na qual o sujeito ganha lugar relevante nas investigações sobre o
conhecimento lógico explicativo do mundo, que é concebido como uma
multiplicidade, que aparece “para o sujeito” e “nele”.
No
percurso da crítica, Nietzsche afirma que conceitos foram utilizados pela
tradição metafísica, com o intuito de garantir o desvelamento de um mundo
teorizável, e, por isso, determinações como espírito, alma, consciência
significam antes um caminho para desvalorizar os aspectos da vida ligados à
corporeidade do homem e do mundo.
VIEIRA, Louise Cristina. Para onde conduz o Martelo de Nietzsche?. Revista do NESEF/UFPR, v. 3, n. 3, 2013. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/nesef/article/view/54669. Acesso em: 8 set. 2022.
Essa
filosofia, portanto, destina-se a
a)
reforçar a crença essencial nas ideias filosóficas modernas, rejeitando
o modelo de empírico.
b)
martelar os ídolos, que configuram todo tipo de modelo mental que
escraviza a vida.
c)
valorizar a tradição metafísica, a existência do ser, a causa e o
sentido da realidade.
d)
destacar a existência de Deus, da alma e do sentido da vida com base na
religiosidade.
e) legitimar a dualidade entre o mundo inteligível e o mundo sensível, a dicotomia platônica.
3.
(Ufgd 2022) No curta-metragem Meu Amigo Nietzsche, dirigido por
Fáuston da Silva, o estudante Lucas, personagem principal da trama, experimenta
o dilema de não ter um bom desempenho em leitura. De acordo com sua professora,
caso não se esforce o suficiente, poderá “repetir o ano”. Sua trajetória de
“fracasso” é interrompida após encontrar por acaso em um lixão um dos livros do
filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche, Assim falou Zaratustra (1883). Do
mesmo modo que o personagem central da obra nietzscheana, Lucas vive a
desconfiança daqueles que estão em seu entorno. Levando em consideração o
curta, bem como os pressupostos da filosofia de Nietzsche e o título do livro,
assinale a alternativa que expressa o sentido da principal descoberta de Lucas.
a)
O reconhecimento do valor da leitura.
b)
O questionamento dos valores socialmente instituídos.
c)
A escola e os problemas de ensino-aprendizagem.
d)
A importância dos valores familiares.
e)
A relevância de ser reconhecido por seus professores e colegas de
escola.
4. (Uel 2022) Leia o texto a seguir.
Teremos ganho muito a favor da ciência estética se
chegarmos não apenas à intelecção lógica mas à certeza imediata da introvisão [Anschauung] de que o contínuo
desenvolvimento da arte está ligado à duplicidade do apolíneo e do dionisíaco,
da mesma maneira como a procriação depende da dualidade dos sexos, em que a
luta é incessante e onde intervêm periódicas reconciliações.
NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. O nascimento da tragédia, ou Helenismo e pessimismo. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 27.
A compreensão do processo de criação a partir da analogia com a procriação, da valorização da intuição e da crítica ao conceito renovou profundamente a estética filosófica.
A respeito da teoria nietzscheana da criação,
manifesta na sua interpretação do apolíneo e do dionisíaco, assinale a
alternativa correta.
a)
O dionisíaco, elogiado por Nietzsche como símbolo de um acordo superior
entre o humano e a natureza, tem como marca característica a dissolução do
humano.
b)
O apolíneo representa o âmbito da dissolução das formas, da embriaguez;
enquanto o dionisíaco diz respeito ao âmbito figurativo do sonho.
c)
O procedimento dialético socrático, discutido por Nietzsche, mantém a
tensão característica da tragédia, sendo a lógica uma criação resultante do
equilíbrio entre a forma e o informe.
d)
A cultura da ópera representa o renascimento da tragédia, pois
reconstitui os vínculos entre arte, religião e sociedade a partir da oposição
entre o apolíneo e o dionisíaco.
e) A relação entre o apolíneo e o dionisíaco permite pensar a criação a partir de elementos negligenciados pela filosofia, como o corpo, as pulsões e o feminino.
5. (Uece 2022) Nietzsche diz que “o mundo só se justifica como fenômeno estético”,
sensível, e apresenta isso em uma teoria da tragédia (particularmente, a grega)
como encontro e rivalidade entre duas potências sensíveis da natureza, os
impulsos dionisíaco e apolíneo. Então, é correto dizer que, para Nietzsche,
a)
o mundo é sensível, fenomênico, e a arte é uma
aparência sensível que confirma uma realidade igualmente sensível, fenomênica.
b)
os impulsos dionisíaco e apolíneo são forças
espirituais que se manifestam na arte, que é a aparência sensível do
suprassensível.
c)
a tragédia, a arte, é a percepção sensível dos
corpos animados e inanimados, como se encontram, nas ciências, a biologia e a
física.
d) ao mostrar o destino dos heróis, a tragédia mostra que eles, ao se submeterem às forças da natureza, pecam, têm culpa e pagam por ela.
6.
(Unesp 2021) Pode
acontecer que, para a educação do verdadeiro filósofo, seja preciso que ele
percorra todas as gradações nas quais os “trabalhadores da filosofia” estão
instalados e devem permanecer firmes: ele deve ter sido crítico, cético,
dogmático e histórico e, ademais, poeta, viajante, moralista e vidente e
“espírito livre”, tudo enfim para poder percorrer o círculo dos valores
humanos, dos sentimentos de valor, e poder lançar um olhar de múltiplos olhos e
múltiplas consciências, da mais sublime altitude aos abismos, dos baixios para
o alto. Mas tudo isso é apenas uma condição preliminar da sua incumbência. Seu
destino exige outra coisa: a criação de valores.
(Friedrich Nietzsche. Além do bem e do mal, 2001. Adaptado.)
No
texto, Nietzsche propõe que a formação do filósofo deve
a)
assegurar e manter os poderes políticos do governante.
b)
conhecer e extrapolar as práticas de vida, os sentimentos e os valores
presentes na sociedade.
c)
privilegiar e fortalecer o papel da religião nas atitudes críticas
perante a vida e os humanos.
d)
restringir-se ao terreno da reflexão na busca por uma verdade absoluta.
e) retomar a origem una e indivisível dos humanos, na busca de sua liberdade de natureza.
7.
(Enem 2021) Minha fórmula para o que há de grande no indivíduo
é amor fati: nada desejar além
daquilo que é, nem diante de si, nem atrás de si, nem nos séculos dos séculos.
Não se contentar em suportar o inelutável, e ainda menos dissimulá-lo, mas
amá-lo.
NIETZSCHE apud FERRY L. Aprender a viver: filosofia para os novos tempos. Rio da Janeiro: Objetiva, 2010 (adaptado).
Essa
fórmula indicada por Nietzsche consiste em uma crítica à tradição cristã que
a)
combate as práticas sociais de cunho afetivo.
b)
impede o avanço científico no contexto moderno.
c)
associa os cultos pagãos à sacralização da natureza.
d)
condena os modelos filosóficos da Antiguidade Clássica.
e) consagra a realização humana ao campo transcendental.
8. (Ufu 2020) Leia a descrição dos dois conjuntos de valores morais do filósofo Friedrich Nietzsche (1844-1900).
Uma moral é caracterizada por valorizar a saúde, a vida e não acreditar em qualquer valoração no além da vida ou ideal ascético. A outra moral tem como principal característica a valoração da bondade e da virtude.
Assinale
a alternativa que apresenta os conceitos que são definidos por esses dois
conjuntos de valores morais.
a)
Moral dos padres e moral protestante.
b)
Moral do senhor e moral dos nobres.
c)
Moral dos escravos e moral religiosa.
d) Moral dos nobres e moral do escravo.
9. (Uece 2020) A refilmagem, deste ano, do clássico personagem “Coringa” provocou
discussões sobre seus significados no plano sociopolítico. Analisando as várias
versões inspiradas no HQ da DC Comics, Fabrício Moraes descreve o Coringa como
o id, o impulso destrutivo e caótico, mas também criativo e artístico. Batman
seria o superego, o juiz punitivo e ordenador da cidade, o arquétipo do
guardião que afronta e interpõe limites a um território. O Coringa seria a face
da comédia, Batman não se livra da face da tragédia. Neste sentido, o filme
Coringa nos mostraria que o aspecto lúdico só tem pleno sentido se coexiste com
a vida da sobriedade. Coringa e Batman são indissociáveis.
Ver:
MORAES, Fabrício. ‘Coringa’: A raiva de Caliban por se ver no espelho.
In Revista Amálgama. Disponível em:
https://www.revistaamalgama.com.br.
Considerando a análise acima, é correto dizer que está amparada teoricamente
a)
na noção estético-moral de Nietzsche em O
nascimento da tragédia, onde ordem e caos se equilibram e fazem nascer o
humano: Coringa e Batman são indissociáveis como Dionísio (loucura) e Apolo
(razão).
b)
na teoria política marxista, que concebe as
relações sociais mascaradas pela ideologia de classe, o que necessariamente
provoca o conflito social: Coringa e Batman são representações da luta de
classes.
c)
na definição de arte dos filósofos gregos como
Aristóteles, cuja ideia fundamental era a de mímesis, ou seja, de
imitação ou representação da realidade: Coringa e Batman são representações do
ser e do não ser.
d) na concepção moral agostiniana, na qual o bem e o mal, o pecado e a graça, a cidade dos homens e a cidade de Deus coabitam no interior de cada indivíduo: Coringa e Batman são representações dessa contradição.
10. (Uece 2020) Leia com atenção a passagem a seguir que expõe parte da crítica feita por Friedrich Nietzsche ao edifício moral construído no ocidente:
"Mas
que quer ainda você com ideais mais nobres! Sujeitemo-nos aos fatos: o povo venceu
– ou 'os escravos', ou 'a plebe', ou 'o rebanho', ou como quiser chamá-lo se
isto aconteceu graças aos judeus, muito bem! Jamais um povo teve missão maior
na história universal. 'Os senhores' foram abolidos; a moral do homem comum
venceu. A 'redenção' do gênero humano (do jugo dos 'senhores') está bem
encaminhada; tudo se judaíza, cristianiza, plebeíza visivelmente (que importam
as palavras!)”.
Nietzsche, Friedrich. Para a genealogia da moral - Prólogo.
Considerando
a compreensão de Nietzsche acerca do fundamento moral do ocidente, assinale a
afirmação verdadeira.
a)
Segundo Nietzsche, a verdade e a moral propostas pelos gregos e pelo
cristianismo são instrumentos que os fracos inventaram para submeter e
controlar os fortes e instaurar uma moral do rebanho.
b)
Em Nietzsche, encontra-se uma defesa ferrenha dos princípios morais
elaborados pela filosofia grega clássica platônica e aristotélica que tem a
razão como elemento condutor da ação moral.
c)
Para Nietzsche, a moralidade instaurada pelo cristianismo foi
fundamental na instituição de uma cultura forte, moralmente ancorada na figura
poderosa e altiva de Cristo, modelo para o líder.
d) Na perspectiva Nietzschiana, a moral dos senhores e da aristocracia que sempre prevaleceu entre os povos da antiguidade, reforçada pela religião cristã, enfraqueceu o homem tornando-o submisso.
11.
(Enem PPL 2019) Eis o ensinamento de minha doutrina: “Viva de forma
a ter de desejar reviver – é o dever –, pois, em todo caso, você
reviverá! Aquele que ama antes de tudo se submeter, obedecer e seguir, que
obedeça! Mas que saiba para o que dirige sua preferência, e não recue diante de
nenhum meio! É a eternidade que está em jogo!”.
NIETZSCHE apud FERRY, L. Aprender a viver: filosofia para os novos tempos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010 (adaptado).
O
trecho contém uma formulação da doutrina nietzscheana do eterno retorno, que
apresenta critérios radicais de avaliação da
a)
qualidade de nossa existência pessoal e coletiva.
b)
conveniência do cuidado da saúde física e espiritual.
c)
legitimidade da doutrina pagã da transmigração da alma.
d)
veracidade do postulado cosmológico da perenidade do mundo.
e) validade de padrões habituais de ação humana ao longo da história.
12.
(Ufu 2019) [...] a palavra “bom”, de antemão, não se
prende necessariamente a ações “não-egoístas”; como é a superstição daqueles
genealogistas da moral. Em vez disso, somente com um declínio de juízos
de valor aristocráticos acontece que essa oposição “egoísta” – “não-egoísta” se
imponha mais e mais à consciência humana – é, para me servir de minha
linguagem, o instinto de rebanho que, com ela, afinal, toma a palavra (e
também as palavras).
NIETZSCHE, Friedrich. Para a genealogia da moral. Os Pensadores. Trad. LEBRUN, G. São Paulo: Nova Cultural, 1999. p. 342.
De
acordo com o conteúdo da citação, assinale a alternativa que nomeia um dos
conceitos mais importantes da filosofia nietzschiana.
a)
Impulso apolíneo.
b)
Impulso dionisíaco.
c)
Vontade de potência.
d) Transvaloração dos valores.
13.
(Uece 2019) “[N]ão existe contraposição maior à exegese e
justificação puramente estética do mundo [...] do que a doutrina cristã, a qual
é e quer ser somente moral, e com seus padrões absolutos, já com sua veracidade
de Deus, por exemplo, desterra a arte, toda arte, ao reino da mentira – isto é,
nega-a, reprova-a, condena-a.”
NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia, ou helenismo e pessimismo. – “Tentativa de autocrítica”. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 19.
Nessa
passagem, Nietzsche
a)
apoia a valorização moral da obra de arte, negando que seja possível
obras de arte divergentes da moral cristã.
b)
defende uma arte verdadeira, contra a arte cristã, que adere à mentira,
pois não passa de uma moral.
c)
concebe que os padrões absolutos do cristianismo são supraestéticos,
suprassensíveis, e por isso valorizam a arte.
d) critica a concepção moral da existência em defesa do caráter sensível, estético do mundo, tal como se configura na arte.
14.
(Unesp 2018) Convicção é a crença de estar na posse da verdade
absoluta. Essa crença pressupõe que há verdades absolutas, que foram
encontrados métodos perfeitos para chegar a elas e que todo aquele que tem
convicções se serve desses métodos perfeitos. Esses três pressupostos
demonstram que o homem das convicções está na idade da inocência, e é uma
criança, por adulto que seja quanto ao mais. Mas milênios viveram nesses
pressupostos infantis, e deles jorraram as mais poderosas fontes de força da
humanidade. Se, entretanto, todos aqueles que faziam uma ideia tão alta de sua
convicção houvessem dedicado apenas metade de sua força para investigar por que
caminho haviam chegado a ela: que aspecto pacífico teria a história da
humanidade!
(Nietzsche. Obras incompletas, 1991. Adaptado.)
Nesse
excerto, Nietzsche
a)
defende o inatismo metafísico contra as teses empiristas sobre o
conhecimento.
b)
valoriza a posse da verdade absoluta como meio para a realização da paz.
c)
defende a fé religiosa como alicerce para o pensamento crítico.
d)
identifica a maturidade intelectual com a capacidade de conhecer a
verdade absoluta.
e) valoriza uma postura crítica de autorreflexão, em oposição ao dogmatismo.
15.
(Enem PPL 2018) Jamais deixou de haver sangue, martírio e
sacrifício, quando o homem sentiu a necessidade de criar em si uma memória; os
mais horrendos sacrifícios e penhores, as mais repugnantes mutilações (as
castrações, por exemplo), os mais cruéis rituais, tudo isto tem origem naquele
instinto que divisou na dor o mais poderoso auxiliar da memória.
NIETZSCHE, F. Genealogia da moral. São Paulo: Cia. das Letras, 1999.
O
fragmento evoca uma reflexão sobre a condição humana e a elaboração de um
mecanismo distintivo entre homens e animais, marcado pelo(a)
a)
racionalidade científica.
b)
determinismo biológico.
c)
degradação da natureza.
d)
domínio da contingência.
e) consciência da existência.
16. (Ueg 2018) Friedrich Nietzsche (1844-1900) é um importante e polêmico pensador
contemporâneo, particularmente por sua famosa frase “Deus está morto”. Em que
sentido podemos interpretar a proclamação dessa morte?
a)
O Deus que morre é o Deus cristão, mas ainda vive o
deus-natureza, no qual o homem encontrará uma justificativa e um consolo para
sua existência sem sentido.
b)
Não fomos nós que matamos Deus, ele nos abandonou
na medida em que não aceitamos o fato de que essa vida só poderá ser
justificada no além, uma vez que o devir não tem finalidade.
c)
O Deus que morre é o deus-mercado, que tudo nivela
à condição de mercadoria, entretanto o Deus cristão poderá ainda nos salvar,
desde que nos abandonemos à experiência de fé.
d)
A morte de Deus não se refere apenas ao Deus
cristão, mas remete à falta de fundamento no conhecimento, na ética, na
política e na religião, cabendo ao homem inventar novos valores.
e) A morte de Deus serve de alerta ao homem de que nada é infinito e eterno, e que o homem e sua existência são momentos fugazes que devem ser vividos intensamente.
17. (Unioeste 2018) Considere os seguintes excertos:
“Dionísio
já havia sido afugentado do palco trágico e o fora através do poder demoníaco
que falava pela boca de Eurípedes. Também Eurípedes foi, em certo sentido,
apenas máscara: a divindade, que falava por sua boca, não era Dionísio,
tampouco Apolo, porém um demônio de recentíssimo nascimento, chamado Sócrates”.
Nietzsche, F. O Nascimento da Tragédia
ou Helenismo e Pessimismo. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das
Letras, 1996.
“O
Nascimento da tragédia tem dois objetivos principais: a crítica da
racionalidade conceitual instaurada na filosofia por Sócrates e Platão; a
apresentação da arte trágica, expressão das pulsões artísticas dionisíaca e
apolínea, como alternativa à racionalidade”.
Machado, R. “Arte e filosofia no Zaratustra de Nietzsche” In: Novaes, A. (org.) Artepensamento. São Paulo. Companhia das Letras, 1994.
Os
trechos acima aludem diretamente à crítica nietzschiana referente à atitude
estética que
a)
subordina a beleza à racionalidade.
b)
cultua os antigos em detrimento do contemporâneo.
c)
privilegia o cômico ao trágico.
d)
concebe o gosto como processo social.
e) glorifica o gênio em detrimento da composição calculada.
18. (Ufu 2017) Nietzsche escreveu:
E vede! Apolo não podia viver sem
Dionísio! O “titânico” e o “bárbaro” eram no fim de contas, precisamente uma
necessidade tal como o apolíneo!
NIETZSCHE, F. O nascimento da tragédia ou helenismo e pessimismo. Tradução de J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, 2007, p. 38.
Assinale a alternativa que descreve
corretamente o dionisíaco e o apolíneo.
a)
O dionisíaco é a personificação da razão grega; o
apolínio equivale ao poder místico do uno primordial.
b)
O dionisíaco é o homem teórico que personifica a
sabedoria filosófica; o apolíneo é a natureza e suas forças demoníacas.
c)
O dionisíaco é o instinto, a embriaguez e a força
vital; o apolíneo é a racionalidade, o equilíbrio, a força figurativa.
d) O dionisíaco representa a força figurativa atuante na arte; o apolíneo representa a música primordial não objetivada.
19. (Upe-ssa 2 2017) Sobre a consciência crítica, considere o texto a seguir:
O homem é
corda estendida entre o animal e o Super-homem: uma corda sobre um abismo;
perigosa travessia, perigoso caminhar; perigoso olhar para trás, perigoso
tremer e parar. O que é de grande valor no homem é ele ser uma ponte e não um
fim; o que se pode amar no homem é ele ser uma passagem e um acabamento. Eu só
amo aqueles que sabem viver como que se extinguindo, porque são esses os que
atravessam de um para outro lado.
NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra. São Paulo, 1999, p. 27.
O
filósofo Nietzsche elucida, sobre a consciência crítica e a filosofia, que
a)
o valor da natureza íntima do homem está na pura razão e não na vontade
de viver.
b) a dimensão existencial tem importância e conduz à exaltação da vida e à superação do homem.
c)
a virtude do homem está na superação do existir para alcançar a
salvação.
d)
o homem deve renunciar à vida e buscar o sentido do super-homem na
transcendência.
e) a consciência crítica é a supressão da vontade de viver, já que o homem é o Super-homem.
20.
(Enem 2016) Vi os homens sumirem-se numa grande tristeza. Os
melhores cansaram-se das suas obras. Proclamou-se uma doutrina e com ela
circulou uma crença: Tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O nosso trabalho
foi inútil; o nosso vinho tornou-se veneno; o mau olhado amareleceu-nos os
campos e os corações. Secamos de todo, e se caísse fogo em cima de nós, as
nossas cinzas voariam em pó. Sim; cansamos o próprio fogo. Todas as fontes
secaram para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se querem abrir, mas os
abismos não nos querem tragar!
NIETZSCHE. F. Assim falou Zaratustra. Rio de Janeiro: Ediouro,1977.
O
texto exprime uma construção alegórica, que traduz um entendimento da doutrina
niilista, uma vez que
a)
reforça a liberdade do cidadão.
b)
desvela os valores do cotidiano.
c)
exorta as relações de produção.
d)
destaca a decadência da cultura.
e) amplifica o sentimento de ansiedade.
21.
(Ueg 2016) Para Nietzsche, uma educação superior da humanidade
exigiria uma transvaloração de todos os valores que têm como frente de combate
a transvaloração platônico-cristã. Em relação à transvaloração proposta por
Nietzsche, nota-se que
a)
visa retirar o homem da alienação na qual se encontra, mostrando que
tudo já está decidido e escolhido para nós.
b)
sustenta uma visão metafísica que valoriza e postula uma possível
realidade para além do mundo sensível.
c)
implica uma valorização dos valores presentes eliminando a ideia de um
mundo metafísico de verdades eternas.
d)
visa aprofundar a cisão platônico-cristã entre esse mundo (o empírico) e
o outro mundo (o mundo-verdade).
e) opera uma inversão de valores, na medida em que considera os valores vigentes como sintoma de decadência.
22.
(Unesp 2016) Jamais um homem fez algo apenas para outros e sem
qualquer motivo pessoal. E como poderia fazer algo que fosse sem referência a
ele próprio, ou seja, sem uma necessidade interna? Como poderia o ego agir sem
ego? Se um homem desejasse ser todo amor como aquele Deus, fazer e querer tudo
para os outros e nada para si, isto pressupõe que o outro seja egoísta o
bastante para sempre aceitar esse sacrifício, esse viver para ele: de modo que
os homens do amor e do sacrifício têm interesse em que continuem existindo os
egoístas sem amor e incapazes de sacrifício, e a suprema moralidade, para poder
subsistir, teria de requerer a existência da imoralidade, com o que, então,
suprimiria a si mesma.
(Friedrich Nietzsche. Humano, demasiado humano, 2005. Adaptado.)
A
reflexão do filósofo sobre a condição humana apresenta pressupostos
a)
psicológicos, baseados na crítica da inconsistência subjetiva da moral
cristã.
b)
cartesianos, baseados na ideia inata da existência de Deus na substância
pensante.
c)
estoicistas, exaltadores da apatia emocional como ideal de uma vida
sábia.
d)
éticos, defensores de princípios universais para orientar a conduta
humana.
e) metafísicos, uma vez que é alicerçada no mundo inteligível platônico.
23.
(Ufsj 2013) Na filosofia de Friedrich Nietzsche, é fundamental
entender a crítica que ele faz à metafísica. Nesse sentido, é CORRETO afirmar
que essa crítica
a)
tem o sentido, na tradição filosófica, de contentamento, plenitude.
b)
é a inauguração de uma nova forma de pensar sem metafísica através do
método genealógico.
c)
é o discernimento proposto por Nietzsche para levar à supressão da
tendência que o homem tem à individualidade radical.
d) pressupõe que nenhum homem, de posse de sua razão, tem como conceber uma metafísica qualquer, que não tenha recebido a chancela da observação.
24.
(Ufsj 2013) “A Filosofia a golpes de martelo” é o subtítulo que
Nietzsche dá à sua obra Crepúsculo dos ídolos. Tais golpes são
dirigidos, em particular, ao(s)
a)
conceitos filosóficos e valores morais, pois eles são os instrumentos
eficientes para a compreensão e o norteamento da humanidade.
b)
existencialismo, ao anticristo, ao realismo ante a sexualidade, ao
materialismo, à abordagem psicológica de artistas e pensadores, bem como ao
antigermanismo.
c)
compositores do século XIX, como, por exemplo, Wolfgang Amadeus Mozart,
compositor de uma ópera de nome “Crepúsculo dos deuses”, parodiada no título.
d)
conceitos de razão e moralidade preponderantes nas doutrinas filosóficas
dos vários pensadores que o antecederam e seus compatriotas e/ou contemporâneos
Kant, Hegel e Schopenhauer.
25.
(Ufsj 2013) Ao declarar que “a moral e a religião pertencem
inteiramente à psicologia do erro”, Nietzsche pretendeu
a)
destruir os caminhos que “a psicologia utiliza para negar ou afirmar a
moral e a religião”.
b)
criticar essa necessidade humana de se vincular a valores e instituições
herdados, já que “o Homem é forjado para um fim e como tal deve existir”.
c)
denunciar o erro que tanto a moral quanto a religião cometem ao
confundir “causa com efeito, ou a verdade com o efeito do que se considera como
verdade”.
d)
comprovar que “a moral e a religião estão no imaginário coletivo, mas
para se instalarem enquanto verdade elas precisam ser avalizadas por uma
ciência institucionalizada”.
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