1.
(Unesp 2022) As certezas do homem comum, as verdades comuns da experiência
cotidiana, os filósofos vivem-nas, por certo, e não as negam, enquanto homens.
Mas, enquanto filósofos, não as assumem. Nesse sentido em que as desqualificam,
pode-se dizer que as recusam. Desqualificação teórica, recusa filosófica,
empreendidas em nome da racionalidade que postulam para a filosofia. Assim é
que boa parte das filosofias opta por esquecer “metodologicamente” a visão
comum do Mundo, recusando-se a integrá-la ao seu saber racional e teórico. Não
podendo furtar-se, enquanto homens, à experiência do Mundo, não o reconhecem
como filósofos. O Mundo não é, para eles, o universo reconhecido de seus discursos.
Desconsiderando filosoficamente as verdades cotidianas, o bom senso, o senso
comum, instauram de fato o dualismo do prático e do teórico, da vida e da razão
filosófica. Instauram, consciente e propositadamente, o divórcio entre o homem
comum que são e o filósofo que querem ser.
(Oswaldo Porchat Pereira. Rumo ao ceticismo, 2007. Adaptado.)
O
“divórcio” entre o homem comum e o filósofo, segundo o autor, ocorre em função
da
a)
negação do homem comum em entender a realidade.
b)
restrição do saber comum no fazer filosófico.
c)
diferença de mundos que buscam compreender.
d)
falta de correspondência factual do saber comum.
e) proposição de respostas necessariamente divergentes.
2. (Unesp 2021) Leia o trecho da peça A mais-valia vai acabar, seu Edgar, de Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha. A peça foi encenada em 1960 na arena da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Brasil e promoveu um amplo debate. A mobilização resultante desse debate desencadeou a criação do Centro Popular de Cultura (CPC).
CORO DOS DESGRAÇADOS: Trabalhamos noite e dia, dia e noite sem parar! Então de nada precisamos, se só precisamos trabalhar! Há mil anos sem parar! Fizemos as correntes que nos botaram nos pés, fizemos a Bastilha onde fomos morar, fizemos os canhões que vão nos apontar. Há mil anos sem parar! Não mandamos, não fugimos, não cheiramos, não matamos, não fingimos, não coçamos, não corremos, não deitamos, não sentamos: trabalhamos. Há mil anos sem parar! Ninguém sabe nosso nome, não conhecemos a espuma do mar, somos tristes e cansados. Há mil anos sem parar! Eu nunca ri – eu nunca ri – sempre trabalhei. Eu faço charutos e fumo bitucas, eu faço tecidos e ando pelado, eu faço vestido pra mulher, e nunca vi mulher desvestida. Há mil anos sem parar! Maria esqueceu de mim e foi morar com seu Joaquim. Há mil anos sem parar!
(Apito longo. Um cartaz aparece:
“Dois minutos de descanso e lamba as unhas.”
Todos vão tentar sentar.
Menos o Desgraçado 4 que fica de pé furioso.)
DESGRAÇADO 1: Ajuda-me aqui, Dois. Eu quero me dá uma sentadinha.
(Desgraçado 2 ri de tudo.)
DESGRAÇADO 3: Senta. (Desgraçado 1 vai pôr a cabeça no chão.) De assim, não. Acho que não é com a cabeça não.
DESGRAÇADO 1: Eu esqueci.
DESGRAÇADO
3: A bunda, põe ela no chão. A perna é que eu não sei.
DESGRAÇADO
2: A perna tira.
(Desgraçado 3 e Desgraçado 2 desistem de descobrir. Se atiram no chão.)
DESGRAÇADO 1: A perna dobra! (Senta. Satisfeito.)
DESGRAÇADO
2: Quero ver levantar.
(Todos olham para Desgraçado 4, fazem sinais para que ele se sente.)
DESGRAÇADO 4: Não! Chega pra mim! Eu só trabalho, trabalho, trabalho… (Perde o fôlego.)
DESGRAÇADO
3: Eu te ajudo: trabalho, trabalho, trabalho...
DESGRAÇADO
4: E tenho dois minutos de descanso? Nunca vi o sol, não tomei leite
condensado, não canto na rua, esqueci do sentar, quando chega a hora de
descansar, fico pensando na hora de trabalhar! Chega!
SLIDE: Quem canta seus males espanta.
DESGRAÇADO 1: (cantando) A paga vem depois que a gente morre! Você vira um anjo todo branco, rindo sempre da brancura, bebe leite em teta de nuvem, não tem mais fome, não tem saudade, pinta o céu de cor de felicidade!
(Peças do CPC, 2016. Adaptado.)
O texto mostra-se crítico em relação ao conteúdo da seguinte citação:
a)
“O trabalho não é vergonha, é só uma maldição.”
b)
“O homem é o lobo do homem.”
c)
“O homem nasce livre, a sociedade o corrompe.”
d)
“O trabalho dignifica e enobrece o homem.”
e) “Onde não há lei, não há liberdade.”
3.
(Uece 2021) Em março deste ano completaram 150 anos do
acontecimento histórico conhecido como Comuna de Paris. Numa obra em que
analisa este acontecimento do qual foi contemporâneo, Karl Marx afirmou: “Mas o
proletariado não pode, como fizeram as classes dominantes e suas diversas
frações em suas sucessivas horas de triunfo, simplesmente se contentar em
apoderar-se do aparelho estatal existente e dirigi-lo como se apresenta para
seus próprios fins. A primeira condição para a manutenção do poder político é
transformar a máquina existente e destruir este instrumento de dominação de
classe”.
Marx, K. A Guerra Civil na França. In: Marx, K. e Engels, F. Textos, vol. I. São Paulo: Edições
Sociais, 1986.
Segundo
a citação acima acerca da concepção de Marx sobre o Estado na Comuna de Paris
(1871), é correto afirmar que
a)
o Estado é uma forma de poder político, que está a serviço de qualquer
classe social que se assenhorar dela.
b)
toda forma de poder político é estatal, por isso o proletariado deve
tomar o poder de Estado existente.
c)
o proletariado deve manter o Estado burguês, mas transformando-o para
que ele expresse seu poder.
d) o proletariado, se tiver o poder político, deve destruir o Estado, instrumento de dominação de classe.
4.
(Uece 2021) Theodor Adorno diagnostica que “os pressupostos dos
movimentos fascistas, apesar de seu colapso, ainda perduram socialmente, mesmo
se não perduram de forma imediatamente política. [...] Esses grupos continuam a
tender a um ódio ao socialismo ou àquilo que eles chamam de socialismo, isto é,
transferem a culpa de sua própria perda de posição social potencial não ao
sistema que a causa, mas àqueles que se opuseram criticamente a este sistema no
qual outrora eles possuíam status”.
Adorno, Theodor. Aspectos do novo radicalismo de direita. Trad. bras. Felipe Catalani. São Paulo: Editora Unesp, 2020. Adaptado.
Considerando o trecho acima, assinale com V ou F conforme seja verdadeiro ou falso o que se afirma a seguir.
(aa) O
“radicalismo de direita”, segundo Adorno, desapareceu com a queda do nazismo na
Alemanha, em 1945.
(aa) Os
movimentos fascistas foram derrotados, mas as condições sociais do seu surgimento
ainda existem.
(aa) O fascista se coloca contra quem
combate o sistema cuja crise, contudo, causa sua perda de posição social.
(aa) O “radical de direita” se opõe a um inimigo difuso, posto que não reconhece as condições concretas de sua própria crise.
A
sequência correta, de cima para baixo, é:
a)
F, V, F, V.
b)
V, F, F, F.
c)
F, V, V, V.
d)
V, F, V, F.
5.
(Uema 2021) A naturalização da vida moral ocorre quando não
notamos a origem cultural dos valores morais, do senso moral e da consciência
moral porque somos educados para eles e neles, como se fossem naturais ou fáticos
existentes em si por si mesmo. Isso acontece porque, para garantir a manutenção
dos padrões morais através do tempo e sua continuidade de geração a geração, as
sociedades tendem a naturalizá-la, isto é, a fazer com que sejam seguidos e
respeitados como se fosse uma segunda natureza.
https://brainly.com.br/tarefa/1416322
Quando
os valores são naturalizados em uma sociedade e perdemos a origem deles, temos dificuldade
para
a)
manter o status quo.
b)
regimentar o corpo político.
c)
justificar a ordem estabelecida.
d)
desenvolver a ciência.
e) fundamentar as classes existentes.
6. (Uece 2021) O filme Judas e o messias negro (2021), ganhador do Oscar de melhor ator coadjuvante (Daniel Kaluuya), conta a história de vida de Fred Hampton, revolucionário negro norte-americano, ativista na luta contra o racismo e membro do movimento Panteras Negras. Foi assassinado aos 21 anos, em 1969. Em um vídeo publicado no canal da editora Autonomia Literária, no Youtube, Hampton pode ser visto discursando em um auditório para uma pequena plateia multiétnica, quando diz:
“Povo
negro, povo branco pobre, povo indígena pobre, povo porto-riquenho pobre, povo
latino-americano pobre, povo pobre de todas as descendências! Eles os agruparam
em seus movimentos baseados no racismo, quando o Panteras Negras se levantou e
disse: ‘Não importa o que digam, não pensamos em combater fogo com fogo,
pensamos em combater água com água’. Vamos combater o racismo, não com racismo,
mas vamos combatê-lo com solidariedade. Não vamos combater o capitalismo com
capitalismo negro, mas vamos combatê-lo com socialismo”.
Fred Hampton explica como a classe dominante usa o racismo para explorar os trabalhadores, vídeo disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Pry4iRfHqEk, acessado em 31-05-2021.
Segundo
esse trecho do discurso, é correto afirmar que, para Hampton,
a)
a luta contra o racismo deve opor negros, índios e latino-americanos a
brancos.
b)
os negros precisam tornar-se capitalistas para deixarem de ser
discriminados.
c)
cada etnia precisa organizar-se isoladamente para fazer valer seus
direitos.
d) é preciso opor ao racismo a solidariedade entre os pobres de todas as etnias.
7.
(Uema 2005) O Maranhão vive a expectativa da implantação de um
grande polo siderúrgico. De um lado, o discurso afirma que os maranhenses terão
um momento de desenvolvimento com a geração de emprego e renda. Do outro, o
discurso versa sobre o impacto ambiental para a população.
Ambos
os discursos são ideológicos, embora diferentes, pois há vários sentidos para a
palavra ideologia que, segundo Karl Marx, adquiriu um sentido negativo, como
instrumento de dominação, que tem como função:
a)
produzir uma divergência entre as classes.
b)
enfatizar as diferenças, como as de classe, e de fornecer aos membros da
sociedade um sentimento de identidade social.
c)
desenvolver consciência crítica na relação dos homens entre si e suas
condições de existência.
d)
dar aos membros da sociedade dividida em classes um sentido de desigualdade
entre todos.
e) dar aos membros da sociedade dividida em classes uma explicação racional para as diferenças sociais, políticas e econômicas.
8.
(Uem 2020) “A alienação social se exprime numa teoria do
conhecimento espontânea, formando o senso comum da
sociedade. Por seu intermédio, são imaginadas explicações e justificativas para
a realidade tal como é diretamente percebida e vivida. [...] A produção
ideológica da ilusão social tem como finalidade fazer com que todas as classes
sociais aceitem as condições em que vivem, julgando-as naturais, normais,
corretas, justas, sem pretender transformá-las ou conhecê-las realmente, sem
levar em conta que há uma contradição profunda entre as condições reais em que
vivemos e as ideias.”
(CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2011, p. 218).
Acerca
do conceito de ideologia e de suas formas de proceder, assinale o que for
correto.
01)
Como forma de conhecimento por meio do senso comum, a ideologia é um
discurso crítico às teses científicas predominantes nas ciências sociais e
exatas.
02)
Uma ideologia procede por meio de “inversão” de causas e efeitos quando
afirma, por exemplo, que mulheres devem ser submissas aos homens porque isso
seria natural, tomando aquilo que é o efeito de condições históricas e sociais
contingentes como a justificativa para essa própria organização social.
04)
Um discurso ideológico é caracterizado pela lógica e pela coerência
interna de seus argumentos, ainda que suas proposições não possam ser
consideradas corretas.
08)
A ideologia produz o imaginário social ao representar a experiência
social imediata como um conjunto de normas e explicações para as relações
sociais. Aquilo “que todo mundo faz” constitui o comportamento “normal”,
“correto”, sem que se questionem suas razões.
16) A diversidade das posições ideológicas indica que os indivíduos são livres para aderirem às visões de mundo que melhor correspondem às suas preferências.
9. (Ueg 2020) O termo “ideologia” é um dos mais abordados na história da filosofia e da sociologia. Desde o surgimento da palavra e seu primeiro significado, com Destutt de Tracy, ela recebeu várias interpretações, entre as quais as de Marx e posteriormente Mannheim, até chegar a Ricouer e outros. A ideologia já foi concebida como falsa consciência, sistema de pensamento ilusório, pensamento valorativo, concepção metafísica pré-científica, visão de mundo, etc. A letra da música “ideologia” tematiza esse termo.
Ideologia
Meu partido/ É um coração
partido/ E as ilusões/ Estão todas perdidas/ Os meus
sonhos/ Foram todos vendidos/ Tão barato/ Que eu nem
acredito/ Ah! eu nem acredito.../ Que aquele garoto/ Que ia
mudar o mundo/ Mudar o mundo/ Frequenta agora/ As festas do
"Grand Monde".../ Meus heróis/ Morreram de
overdose/ Meus inimigos/ Estão no poder/ Ideologia!/ Eu
quero uma pra viver.
Ideologia!/ Eu quero uma pra
viver.../ O meu prazer/ Agora é risco de vida/ Meu sex and
drugs/ Não tem nenhum rock 'n' roll/ Eu vou pagar/ A conta do
analista/ Pra nunca mais/ Ter que saber/ Quem eu sou/ Ah!
saber quem eu sou.../ Pois aquele garoto/ Que ia mudar o
mundo/ Mudar o mundo/ Agora assiste a tudo/ Em cima do
muro/ Em cima do muro.../ Meus heróis/ Morreram de
overdose/ Meus inimigos/ Estão no poder.
Ideologia!/ Eu quero uma pra
viver/ Ideologia!/ Pra viver.../ Pois aquele garoto/ Que ia
mudar o mundo/ Mudar o mundo/ Agora assiste a tudo/ Em cima do
muro/ Em cima do muro.../ Meus heróis/ Morreram de overdose/
Meus inimigos/ Estão no poder/ Ideologia!/ Eu quero uma pra
viver/ Ideologia!/ Eu quero uma pra
viver.../ Ideologia!/ Pra viver/ Ideologia!/ Eu quero uma
pra viver.
Disponível em: https://www.letras.mus.br/cazuza/43860/. Acesso em: 09 out. 2019.
A partir das concepções existentes
sobre esse termo, podemos dizer que a ideologia, de acordo com a letra da
música, se aproxima mais da concepção:
a)
marxista, pois ela é apresentada como uma falsa
consciência envolta em heroísmo, sonhos e ilusões.
b)
hegeliana, já que ela aparece como sendo um chamado
para o engajamento e luta para mudar o mundo.
c)
gramsciana, tendo em vista que é algo de que
precisamos para viver e agir, tal como uma visão de mundo.
d)
de Mannheim, observando que é explícito seu vínculo
com uma classe social ao tratar de poder e partido.
e) de Kant, afinal ela se revela um pensamento valorativo em relação ao mundo e sua decadência moral.
10.
(Unicamp 2017) “Muitos políticos veem facilitado seu nefasto
trabalho pela ausência da filosofia. Massas e funcionários são mais fáceis de
manipular quando não pensam, mas tão somente usam de uma inteligência de
rebanho. É preciso impedir que os homens se tornem sensatos. Mais vale,
portanto, que a filosofia seja vista como algo entediante.”
Karl Jaspers, Introdução ao pensamento filosófico. São Paulo: Cultrix, 1976, p.140.
Assinale
a alternativa correta.
a)
O filósofo lembra que a filosofia tem um potencial crítico que pode
desagradar a políticos, poderosos e ao senso comum, tal como ocorreu na Grécia
em relação a Sócrates.
b)
A filosofia precisa ser entediante para estimular o pensamento crítico,
rigoroso e formar pessoas sensatas, a partir do ensino de lógica, retórica e
ética.
c)
A ditadura militar no Brasil retirou a disciplina de filosofia das
escolas por considerá-la subversiva, mas atenuou a medida estimulando os
Centros Populares de Cultura (CPC), ligados a entidades estudantis.
d) Os políticos e a estrutura escolar não são o verdadeiro obstáculo ao ensino de filosofia, mas a concepção de que ela é difícil e tediosa, considerando-se que existem mecanismos para aproximá-la do senso comum.
11.
(Unesp 2017) O alvo dos ataques extremistas é o Iluminismo. E a
melhor defesa é o próprio Iluminismo. “Por mais que seus valores estejam sendo
atacados por elementos como os fundamentalistas americanos e o islamismo
radical, isto é, pela religião organizada, o Iluminismo continua sendo a força
intelectual e cultural dominante no Ocidente. O Iluminismo continua oferecendo
uma arma contra o fanatismo”. Estas palavras do historiador britânico Anthony
Pagden chegam em um momento em que algumas forças insistem em dinamitar a
herança do Século das Luzes. “O Iluminismo é um projeto importante e em
incessante evolução. Proporciona uma imagem de um mundo capaz tanto de alcançar
certo grau de universalidade quanto de libertar-se das restrições do tipo de
normas morais oferecidas pelas comunidades religiosas e suas análogas
ideologias laicas: o comunismo, o fascismo e, agora, inclusive, o
comunitarismo”, afirma Pagden.
No
texto, o Iluminismo é entendido como
a)
um impulso intelectual propagador de ideologias políticas e religiosas
contrárias à hegemonia do Ocidente.
b)
um movimento filosófico e intelectual de valorização da razão, da
liberdade e da autonomia, restrito ao século XVIII.
c)
uma tendência de pensamento legitimadora do domínio colonialista e
imperialista exercido pelas nações europeias.
d)
um projeto intelectual eurocêntrico baseado em imagens de mundo dotadas
de universalidade teológica.
e) uma experiência intelectual racional e emancipadora, de origem europeia, porém passível de universalização.
12. (Unesp 2017)
Texto 1
Estamos
em uma situação aterradora: dos lados da Direita e da esquerda há ausência de
pensamento. Você conversa com alguém da direita e vê que ele é capaz de dizer
quatro frases contraditórias sem perceber as contradições. Você conversa com
alguém da extrema esquerda e vê o totalitarismo que também opera com a ausência
do pensamento. Então nós estamos ensanduichados entre duas maneiras de recusar
o pensamento.
(Marilena Chaui. “Sociedade brasileira: violência e autoritarismo por todos os lados”. Cult, Fevereiro de 2016. Adaptado.)
Texto 2
O
fenômeno dos coletivos é um traço regressivo no embate com a solidão do homem
moderno. É uma tentativa, canhestra e primitiva, de “voltar ao útero materno”
para ver se o ruído insuportável da realidade disforme do mundo se dissolve
porque grito palavras de ordem ou faço coisas pelas quais eu mesmo não sou
responsabilizado, mas sim o “coletivo”, essa “pessoa” indiferenciada que não
existe.
Sobre os textos, é correto afirmar que
a)
os textos 1 e 2 criticam o individualismo moderno, enfatizando a
importância da valorização das tradições populares e comunitárias.
b)
os textos 1 e 2 criticam as tendências totalitárias no campo da
consciência política, em seus aspectos irracionalistas e psicológicos.
c)
os textos 1 e 2 analisam um fenômeno que espelha a realização dos ideais
iluministas de autonomia do indivíduo e de emancipação da humanidade.
d)
os textos 1 e 2 valorizam a importância do sentimento e das emoções como
meios de agregação dos indivíduos no interior de coletividades políticas.
e) o texto 1 critica a alienação da consciência política, enquanto o texto 2 valoriza a inserção dos indivíduos em coletivos.
13. (Unesp 2016) O feminismo não é uma ideologia no
sentido positivo de conjunto de ideias, muito menos é uma ideologia no sentido
negativo de “falsa consciência” que serviria para acobertar a disputa de poder
entre homens e mulheres. O feminismo não é uma inversão ideológica. Não é uma
inversão do poder. Uma inversão pressuporia sua manutenção. Em outras palavras,
o feminismo não é uma manutenção do poder patriarcal com roupagem nova ou
invertida que se alcança por uma ideologia de puro oposicionismo. É preciso
tirá-lo do clima puramente acadêmico, do clima de qualquer pureza, branca, de
classe média ou alta, de corpos autorizados, de crenças em identidades
estanques e propostas como naturais pelo sistema da razão que administra a não
identidade evitando que ela floresça.
(Marcia Tiburi. “O que é feminismo?”. http://revistacult.uol.com.br. Adaptado.)
De
acordo com o texto, é correto afirmar que o feminismo
a)
é um movimento político restrito a manifestações estéticas.
b)
sustenta pressupostos metafísicos baseados em essências absolutas.
c)
opõe-se à ideologia e ao poder baseando-se em noções científicas.
d)
apoia-se em um conjunto de valores eurocêntricos e patriarcais.
e) manifesta-se favoravelmente a singularidades no campo do gênero.
14. (Ueg 2017) O fenômeno da ideologia é um dos
temas fundamentais tanto da reflexão filosófica quanto da sociológica.
A esse respeito, verifica-se que
a)
Weber e outros sociólogos alemães consideram que a ideologia é um
fenômeno cultural derivado da evolução cognitiva do ser humano e por isso seria
objeto de estudo da psicologia, da neurologia e da filosofia, e não da sociologia.
b)
os filósofos contemporâneos consideram que a ideologia é melhor
compreendida a partir da definição fornecida por Destutt de Tracy, segundo a
qual ela é a “ciência das ideias” e por isso é objeto de estudo exclusivo da
filosofia.
c)
Mannheim entendia que a ideologia é um produto social gerado pelas
classes sociais, sendo que a ideologia, no sentido mais estrito, seria produção
da classe dominante, ao passo que as classes dominadas produziriam utopias.
d)
Marx compreendia que a ideologia é um sistema de pensamento ilusório e
que é um fenômeno que “não tem história”, sendo natural e universal, o que
gerava a necessidade de substituição da ideologia burguesa pela ideologia
proletária.
e) Hegel produziu a abordagem filosófica mais desenvolvida de ideologia e a compreendia como sendo o estágio mais desenvolvido do pensamento humano, superando outras formas de pensamento, como o mito, a religião, a filosofia e a ciência.
15. (Ueg
2015) Para Marx, diante da tentativa humana de explicar a realidade e dar
regras de ação, é preciso considerar as formas de conhecimento ilusório que
mascaram os conflitos sociais. Nesse sentido, a ideologia adquire um caráter
negativo, torna-se um instrumento de dominação na medida em que naturaliza o
que deveria ser explicado como resultado da ação histórico-social dos homens, e
universaliza os interesses de uma classe como interesse de todos. A partir de
tal concepção de ideologia, constata-se que
a) a sociedade capitalista transforma
todas as formas de consciência em representações ilusórias da realidade
conforme os interesses da classe dominante.
b) ao mesmo tempo que Marx critica a
ideologia ele a considera um elemento fundamental no processo de emancipação da
classe trabalhadora.
c) a superação da cegueira coletiva
imposta pela ideologia é um produto do esforço individual principalmente dos
indivíduos da classe dominante.
d) a frase “o trabalho dignifica o homem” parte de uma noção genérica e abstrata de trabalho, mascarando as reais condições do trabalho alienado no modo de produção capitalista.
16. (Ufsm 2013) Leonardo Boff inclui a generosidade como uma pilastra de um modelo adequado de sustentabilidade. Ele a caracteriza do seguinte modo: Generoso é aquele que comparte, que distribui conhecimentos e experiências sem esperar nada em troca. Já os clássicos da filosofia política, como Platão e Rousseau, afirmavam que uma sociedade não pode fundar-se apenas sobre a justiça. Ela se tomaria inflexível e cruel. Ela deve viver também da generosidade dos cidadãos, de seu espírito de cooperação e de solidariedade voluntária.
Considere
as seguintes afirmações:
I. Segundo o texto, generosidade e
justiça podem ser complementares uma à outra.
II. Segundo o texto, se uma sociedade é
inflexível e cruel, então ela está fundada apenas sobre a justiça.
III. Já na ética aristotélica, a generosidade é uma virtude e a extravagância e a avareza são os vícios correlacionados a ela.
Está(ão)
correta(s)
b) apenas II.
c) apenas I e III.
d) apenas II e III.
e) I, II e III.
17.
(Ufsm 2013) A economia verde contém os seguintes princípios para o consumo
ético de produtos: a matéria-prima dos produtos deve ser proveniente de fontes
limpas e não deve haver desperdício dos produtos. O Estado, entretanto, não
impõe, até o presente momento, sanções àqueles cidadãos que não seguem esses
princípios.
Considere as seguintes afirmações:
I. Esses princípios são juízos de fato.
II. Esses princípios são, atualmente,
uma questão de moralidade, mas não de legalidade.
III. A ética epicurista, a exemplo da economia verde, propõe uma vida mais moderada.
Está(ão)
correta(s)
b) apenas I e II.
c) apenas III.
d) apenas II e III.
e) I, II e III.
18.
(Unesp 2013)
Texto 1
Sobre
o estupro coletivo de uma estudante de 23 anos em Nova Déli, o advogado que
defende os suspeitos declarou: “Até o momento eu não vi um único exemplo de
estupro de uma mulher respeitável”. Sobre esta declaração, o advogado garantiu
que não tentou difamar a vítima. “Eu só disse que as mulheres são respeitadas
na Índia, sejam mães, irmãs, amigas, mas diga-me que país respeita uma
prostituta?!”
Texto 2
Na
Índia, a violência contra as mulheres tomou uma nova e mais perversa forma, a
partir do cruzamento de duas linhas: as estruturas patriarcais tradicionais e
as estruturas capitalistas emergentes. Precisamos pensar nas relações entre a
violência do sistema econômico e a violência contra as mulheres.
(Vandana Shiva, filósofa indiana. No continuum da violência. O Estado de S.Paulo, 12.01.2013. Adaptado.)
Os
textos referem-se ao fato ocorrido na Índia em dezembro de 2012. Pela leitura
atenta dos textos, podemos afirmar que:
a) segundo a filósofa, fatos como esse
explicam-se pela confluência de fatores históricos e econômicos de exclusão
social.
b) para a filósofa, a violência contra
as mulheres na Índia deve- se exclusivamente ao neoliberalismo econômico.
c) as duas interpretações sugerem que a
prevenção de tais atos violentos depende do resgate de valores religiosos.
d) sob a ótica do advogado, esse fato
ocorreu em virtude do desrespeito aos direitos humanos.
e) as duas interpretações limitam-se a reproduzir preconceitos de gênero socialmente hegemônicos naquele país.
19.
(Ufsm 2013) Leonardo Boff define sustentabilidade do seguinte modo: Uma
ação é sustentável se, e somente se, ela é destinada a manter as condições
energéticas, informacionais, físico-químicas que sustentam todos os seres,
especialmente a Terra viva, a comunidade de vida e a vida humana, visando à sua
continuidade e ainda atender as necessidades da geração presente e das futuras,
de tal forma que o capital natural seja mantido e enriquecido em sua capacidade
de regeneração, reprodução e coevolução.
Considere as seguintes afirmações:
I. Atender as necessidades da geração
presente é condição necessária, mas não suficiente, para haver
sustentabilidade.
II. Atender as necessidades da geração
futura é condição suficiente, mas não necessária, para haver sustentabilidade.
III. Manter o capital natural é condição necessária e suficiente para haver sustentabilidade.
Está(ão)
correta(s)
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas I e II.
e) apenas II e III.
20. (Ufsm 2013) Quando o assunto é aquecimento global, o mundo agora se divide entre ecorradicais e ecochatos. [...] De um lado estão os ambientalistas radicais. Para eles, o aquecimento global é responsável por todos os desastres naturais de que se tem notícia. É o caso da onda de calor de 2003, que matou 40 mil pessoas na Europa, e do derretimento da neve do Kilimandjaro, por exemplo. (Na verdade, a onda foi causada por uma anomalia na circulação de ar, e o Kilimandjaro já estava degelando desde 1953, graças a raios solares.)
Fonte: Revista Superinteressante, edição 299, dezembro 2011, p. 57.
Considere
as seguintes afirmações:
I. Se alguém não for nem ecorradical
nem ecochato quanto ao aquecimento global, a divisão proposta no texto é uma
falsa dicotomia.
lI. Afirmar que todos os desastres naturais
são causados pelo aquecimento global é um exemplo de generalização apressada.
III. Atribuir a onda de calor de 2003 ao aquecimento global é um exemplo de falsa causa.
Está(ão)
correta(s)
b) apenas III.
c) apenas I e II.
d) apenas II e III.
e) I, II e III.
21. (Ufsm 2013) O filósofo André Comte-Sponville escreveu o seguinte:
Quanto às empresas, elas tendem antes de mais nada ao lucro. Não as critico por isso: é a função delas, e desse lucro todos nós necessitamos. Mas quem pode acreditar que o lucro baste para fazer que uma sociedade seja humana? A economia produz riquezas, e riquezas são necessárias, e nunca serão demais. Mas também precisamos de justiça, de liberdade, de segurança, de paz, de fraternidade, de projetos, de ideais... Não há mercado que os forneça. É por isso que é preciso fazer política: porque a moral não basta, porque a economia não basta e, portanto, porque seria moralmente condenável e economicamente desastroso pretender contentar-se com uma e outra.
Considere
as seguintes afirmações:
I. A liberdade de ação pode ser
incompatível com a justiça.
II. A intervenção na economia é própria
de um estado liberal.
III. Comte-Sponville prescreve que a política deva ser um complemento indispensável à moral e à economia.
Está(ão)
correta(s)
b) apenas III.
c) apenas I e III.
d) apenas II e III.
e) I, II e III.
22. (Ufsm 2013) Do outro lado, ecocéticos querem limpar a barra dos seres humanos a qualquer custo. Argumentam, por exemplo, que a atividade vulcânica é mais decisiva para o aquecimento global do que as nossas ações – enquanto estudos avaliam que humanos emitem 135 vezes mais CO2 do que vulcões. No meio de tantos dados contraditórios, quem sai perdendo é a ciência.
Fonte: Revista Superinteressante, edição 299, dezembro 2011, p. 57.
Considere
as seguintes afirmações:
I. Afirmações contraditórias entre si
não podem ser ambas verdadeiras.
II. Segundo o texto, os ecocéticos
negam a existência de um aquecimento global.
III. A tese dos ecocéticos é verificada pelo exemplo do impacto da atividade vulcânica sobre o aquecimento global.
Está(ão)
correta(s)
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas I e II.
e) apenas II e III.
23. (Unimontes 2013) É verdade que a publicidade, por meio de competentes agências e suas criativas campanhas, divulga a variedade e a qualidade do que é produzido pelo mercado. Desse modo, o consumidor toma conhecimento dos produtos e pode fazer escolhas. No entanto, como vivemos em uma época de consumismo, as pessoas são levadas a comprar muito mais do que necessitam. Com relação à publicidade, é CORRETO afirmar:
a) É neutra e não aceita interferência
ideológica.
b) Não vende apenas produtos, mas
também ideias.
c) O espaço publicitário não tem
interferência do mercado.
d) Não sofre interferência religiosa e política.
24.
(Ueg 2013) Leia a letra da canção abaixo.
IDEOLOGIA
Cazuza
Meu
partido/ É um coração partido/ E as ilusões/ Estão todas
perdidas/ Os meus sonhos/ Foram todos vendidos/ Tão
barato/ Que eu nem acredito/ Ah! eu nem acredito.../ Que aquele
garoto/ Que ia mudar o mundo/ Mudar o mundo/ Frequenta
agora/ As festas do "Grand Monde".../ Meus
heróis/ Morreram de overdose/ Meus inimigos/ Estão no
poder/ Ideologia!/ Eu quero uma pra viver.
Ideologia!/ Eu
quero uma pra viver.../ O meu prazer/ Agora é risco de vida/ Meu
sex and drugs/ Não tem nenhum rock 'n' roll/ Eu vou pagar/ A
conta do analista/ Pra nunca mais/ Ter que saber/ Quem eu
sou/ Ah! saber quem eu sou.../ Pois aquele garoto/ Que ia mudar
o mundo/ Mudar o mundo/ Agora assiste a tudo/ Em cima do
muro/ Em cima do muro.../ Meus heróis/ Morreram de
overdose/ Meus inimigos/ Estão no poder.
Ideologia!/ Eu quero uma pra
viver/ Ideologia!/ Pra viver.../ Pois aquele garoto/ Que ia
mudar o mundo/ Mudar o mundo/ Agora assiste a tudo/ Em cima do
muro/ Em cima do muro.../ Meus heróis/ Morreram de overdose/
Meus inimigos/ Estão no poder/ Ideologia!/ Eu quero uma pra
viver/ Ideologia!/ Eu quero uma pra
viver.../ Ideologia!/ Pra viver/ Ideologia!/ Eu quero uma
pra viver.
Disponível em: <http://letras.mus.br/cazuza/43860/>. Acesso em: 6/09/2012.
A
categoria “ideologia” é central para as ciências humanas. Nesse sentido, na
letra da música citada, ela significa:
a) uma inversão da realidade produzida
pelos ideólogos, tal como na concepção de Marx, e que consiste numa necessidade
do proletariado.
b) uma visão de mundo que os seres
humanos necessitam para se adaptarem a um mundo em que as utopias perderam sua
força mobilizadora.
c) um elemento que contribui para maior
coesão social na medida em que explicita as contradições da sociedade de
classes.
d) um fato social sem importância para a construção da subjetividade na sociedade atual e na qual todos são reduzidos à condição de consumidores.
25.
(Uel 2012) Leia o texto a seguir.
A
pedra amuleto do signo de Virgem é o quartzo rosa. Segundo crenças antigas,
esta pedra ajuda nas dificuldades afetivas, nas brigas com o casal, nos
problemas familiares. Ótimo talismã contra o mau-olhado. Cor: ROSA. Para cada
uma destas pedras, é necessária uma programação personalizada para conseguir o
máximo dos benefícios. De vez em quando, é preferível submergir as pedras em
água e sal grosso para descarregar as eventuais toxinas acumuladas.
(Adaptado de: Disponível em: <www.horoscopofree.com/pt/astrology/stone/?IdSign=6#point>. Acesso em: 6 set. 2011.)
Com
base no texto e nos conhecimentos sobre senso comum e senso científico,
considere as afirmativas a seguir.
I. A complexidade da vida cotidiana
produz, no ser social, a busca de respostas, ainda que se valendo das dimensões
místicas.
II. O avanço recente da ciência tornou
possível compreender objetivamente o destino humano mediante o estudo dos
astros.
III. Na consulta ao horóscopo, aos
astros e às melhores pedras para cada signo do zodíaco, o senso comum substitui
o científico.
IV. Enquanto área de conhecimento, o esoterismo é fundamental para desfetichizar a vida social ao esclarecer ao homem o que é sua existência real.
Assinale
a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e II são
corretas.
b) Somente as afirmativas I e III são
corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são
corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e IV
são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV
são corretas.
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