1. (Uea 2023) Examine a tela O Casamento, de Tarsila do Amaral, de 1940.
a)
mestiçagem, que propiciou o respeito cultural de diversos grupos sociais
e assegurou, até os dias de hoje, a harmonia e a democracia racial no país.
b)
miscigenação, que promoveu a unidade cultural entre indígenas, negros e
brancos e permitiu a implementação do ciclo colonial da borracha na região
Amazônica.
c)
miscigenação, que deu origem a inúmeros povos com características
físicas próprias e marcou o fim da ancestralidade cultural.
d)
mestiçagem, que estabeleceu a negação dos valores tribais dos povos
originários pelos brancos e propiciou, até os dias de hoje, a convivência
tolerante entre as pessoas.
e) mestiçagem, que viabilizou a formação de cafuzos e de mamelucos e consolidou hábitos e costumes de um modo de vida.
2.
(Enem 2022) Eu estava pagando o sapateiro e conversando com um
preto que estava lendo um jornal. Ele estava revoltado com um guarda civil que
espancou um preto e amarrou numa árvore. O guarda civil é branco. E há certos
brancos que transforma o preto em bode expiatório. Quem sabe se guarda civil
ignora que já foi extinta a escravidão e ainda estamos em regime de chibata?
JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014.
O
texto que guarda a grafia original da autora, expõe uma característica da
sociedade brasileira, que é o(a):
a)
Racismo estrutural.
b)
Desemprego latente.
c)
Concentração de renda.
d)
Exclusão informacional.
e) Precariedade da educação.
3. (Uft 2023) Texto I
Contam
que, num tempo muito antigo, os Kayapó moravam no céu. Lá, muito acima do teto
do céu, havia tudo o que se pode imaginar. Tinha batata-doce, macaxeira,
inhame, mandioca, milho, inajá, banana, caça das mais diversas e tartarugas da
terra. Enfim, era um lugar com muita fartura.
Fonte: MUNDURUKU, Daniel. Outras tantas histórias indígenas de origem das coisas e do universo. São Paulo: Global, 2008, p. 34. (fragmento)
Texto II
Contam
os antigos que, no princípio, não havia fogo. As pessoas eram obrigadas a comer
frutas e raízes se não quisessem comer carne crua. Mas elas tinham uma vaga
noção de que existia algo que aquecia o corpo e tornava a comida deliciosa.
Fonte: MUNDURUKU, Daniel. Outras tantas histórias indígenas de origem das coisas e do universo. São Paulo: Global, 2008, p. 20. (fragmento)
Os
fragmentos de Daniel Munduruku apresentam histórias indígenas. A partir da
leitura desses fragmentos, é CORRETO afirmar que:
a)
aludem aos mesmos mitos e cosmogonia dos povos originários.
b)
retratam as culturas indígenas e a ausência de valores ligados ao meio
ambiente.
c)
consideram elementos das culturas indígenas e enfatizam a organização
social complexa dessas comunidades.
d) remetem à transmissão de saberes e aos bens culturais dos povos indígenas.
4.
(Unesp 2023) Nenhum grupo de mulheres brancas conheceu melhor a
diferença entre seu próprio status e o status das mulheres negras do que o
grupo de mulheres brancas politicamente conscientes e ativistas na luta pelos
direitos civis. Ainda assim, várias dessas mulheres deslocaram-se das lutas
pelos direitos civis para as lutas pela libertação da mulher e lideraram um
movimento feminista em que suprimiram e negaram a consciência sobre as
diferenças que viram e ouviram.
Elas
entraram para o movimento feminista apagando e negando a diferença, sem pensar
em raça e gênero juntos, mas eliminando raça do cenário.
(bell hooks. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras, 2018. Adaptado.)
Ao
abordar aspectos do Movimento pelos Direitos Civis nos Estados Unidos da década
de 1960, o excerto
a)
aponta o insucesso das reivindicações de igualdade de raça e gênero e a
persistência de padrões históricos de desigualdade na sociedade
norte-americana.
b)
lamenta a ausência de uma história de mobilizações feministas e negras e
de uma disposição das mulheres brancas para atuar em defesa das conquistas de
direitos sociais.
c)
identifica a ocorrência em paralelo de ações afirmativas das mulheres e
dos negros e a falta de conexão entre esses dois campos de reivindicação de
direitos.
d)
caracteriza a mudança radical por que passou a sociedade norte-americana
no período e o nascimento de interconexões entre os movimentos negro e
feminista.
e) enfatiza a importância da estratégia política do ativismo feminista e sua influência sobre as mobilizações posteriores de reivindicação de direitos da população negra.
5.
(Enem 2022) O povo Kambeba é o povo das águas. Os mais velhos
costumam contar que o povo nasceu de uma gota-d’água que caiu do céu em uma
grande chuva. Nessa gota estavam duas gotículas: o homem e a mulher. “Por essa
narrativa e cosmologia indígena de que nós somos o povo das águas é que o rio
nos tem fundamental importância”, diz Márcia Wayna Kambeba, mestre em Geografia
e escritora. Todos os dias, ela ia com o pai observar o rio. Ia em silêncio e,
antes que tomasse para si a palavra, era interrompida. “Ouço o rio”, o pai
dizia. Depois de cerca de duas horas a ouvir as águas do Solimões, ela
mergulhava. “Confie no rio e aprenda com ele”. “Fui entender mais tarde, com
meus estudos e vivências, que meu pai estava me apresentando à sabedoria
milenar do rio”.
Rios amazônicos influenciam no agro e em reservatórios do Sudeste. Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 14 out. 2021.
Pelo
descrito no texto, o povo Kambeba tem o rio como um(a)
a)
objeto tombado e museográfico.
b)
herança religiosa e sacralizada.
c)
cenário bucólico e paisagístico.
d)
riqueza individual e efêmera.
e) patrimônio cultural e afetivo.
6. (Fgv 2022)
O
assassinato do congolês Moïse Kabagambe trouxe à tona o debate sobre o racismo
que está presente e vivo na base de nossa sociedade, manifestando-se nas mais
diversas áreas de atuação do Estado e da sociedade civil: na saúde, na
educação, na oferta de trabalho e serviços, nos dados de nascimento e morte e
no modo como tratamos e recebemos refugiados africanos ou como selecionamos
funcionários no mercado de trabalho. Esse tipo de racismo não se resume a atos
isolados de pessoas ou grupos, mas faz parte da própria lógica e da base social
de uma determinada nação, conferindo desvantagens, oferecendo privilégios e
naturalizando a violência pautando-se na ideia de raça.
Adaptado de Lilia Schwarcz, nexojornal, 31/01/2022.
Com
base no texto, é correto afirmar que o assassinato de Moïse Kabagambe
representou um episódio de:
a)
discriminação racial.
b)
supremacismo negro.
c)
racismo reverso.
d)
racismo estrutural.
e) preconceito racial.
7. (Ufpr 2023) Considere o trecho a seguir:
Os
problemas de diversidade e pluralismo colocados em pauta pelas sociedades
multiculturais, a partir da década de 1980, obrigaram-nos a uma nova reflexão
sobre o reconhecimento universalista proposto pela Modernidade. Os movimentos
sociais organizados por homossexuais, negros, mulheres, entre outros grupos,
passaram a reivindicar a efetiva realização da igualdade de oportunidades e o
fim dos princípios discriminatórios. Deu-se, então, o estabelecimento de
políticas públicas que ficaram conhecidas como políticas de ação afirmativa.
(O’DONNEL, Julia et al. Tempos modernos, tempos de sociologia. Rio de Janeiro: Editora do Brasil, 2018.)
Com
base na argumentação das autoras, pode-se afirmar que:
a)
em termos práticos, a defesa desse novo tipo de reconhecimento social
estimula diferentes ações de inclusão social, com exceção da “política de
cotas”.
b)
as políticas de ação afirmativa constituem uma estratégia ideológica
pouco eficaz, correspondendo a uma agenda globalista.
c)
movimentos sociais organizados por homossexuais, negros e negras (entre
outras minorias) estão hiper-representados na sociedade em virtude das recentes
políticas públicas de ação afirmativa, gerando grandes distorções e privilégios
para estes grupos favorecidos.
d)
é necessário amplo debate sobre os temas da diversidade e representação
social, atitude imperativa para atualização de categorias fundamentadas em
pressupostos pré-modernistas.
e) ações afirmativas se baseiam em um pressuposto que leva em conta as condições desiguais de determinados grupos sociais para acesso às oportunidades sociais.
8. (Ufpr 2023) Sobre o tema do racismo na sociedade brasileira, considere o excerto a seguir:
A
visão de convívio harmonioso entre as raças foi desconstruída pelos estudos de
Florestan Fernandes, que participou com Roger Bastide das pesquisas financiadas
pela Unesco, e redundaram no livro A integração do negro na sociedade de
classes (1965).
(SILVA, Afrânio et. al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016. p. 121.)
Qual
é, dentre as afirmativas a seguir, a que sintetiza a contribuição do sociólogo
Florestan Fernandes para os estudos das relações raciais no Brasil?
a)
O autor demonstra que uma das particularidades do caso brasileiro é a
vigência da ideia de que somos uma democracia racial, o que não é senão um mito
que assegura a manutenção da desigualdade entre brancas e brancos por um lado e
negras e negros de outro.
b)
O racismo reverso é seu argumento analítico para a crítica da imagem de
que as relações raciais são harmoniosas no Brasil.
c)
O autor elabora o conceito de racismo estrutural ainda na década de
1960, num momento em que o Brasil era impactado pelas conquistas do movimento
pelos direitos civis, nos EUA.
d)
Sua proposta foi o estabelecimento de uma política de cotas, encaminhada
como projeto ao governo militar instaurado em 1964 visando à crítica das noções
idealizadas do racismo.
e)
O autor elabora normativas para a criação de organizações não
governamentais (ONGs) atuantes como instrumentos para exercer a crítica e
combater o racismo no Brasil.
9. (Uece 2023) Para Gilberto Freyre, a miscigenação que ocorreu desde o início do processo de colonização do Brasil corrigiu, ao longo do tempo, a distância social entre os brancos conquistadores e senhores de engenho e os indígenas e os negros escravizados. São dois polos, duas classes ou dois grupos sociais antagônicos de dominantes-dominados, mas que teriam sido aproximados na formação da sociedade brasileira pela mestiçagem. É aqui que se fundamenta o mito da democracia racial. Segundo Freyre, os mestiços desde a colonização brasileira ocasionaram efeitos sociais que equilibraram diferenças e desigualdades. E foram, principalmente, a mulher índia, a negra-mina e depois a mulata, aponta Freyre, as categorias de mulheres que agiram poderosamente no sentido dessa “democratização social no Brasil”. Faltou a Freyre, todavia, ressaltar que essas mulheres estavam, em grande maioria, na condição de escravizadas ou subalternizadas na relação com seus senhores e donos e foi assim que conceberam a mestiçagem na história brasileira. Essa concepção mitológica foi fortalecida pelos séculos de dominação patriarcalista e branca sobre indígenas, negros e mestiços. Trata-se de um mito ou uma ideologia que persiste sem maior reflexão, conhecimento histórico, consciência crítica e tanto disfarça a existência do racismo na sociedade brasileira contemporânea como não contribui para o debate público das lutas políticas e sociais dos movimentos negros e dos povos tradicionais indígenas.
A
partir do exposto, é correto afirmar que
a)
diferentemente da sociedade norte-americana, a formação social
brasileira é oriunda de três raças que contribuíram para uma luta étnico-racial
equilibrada.
b)
para Freyre, as mulheres negras e as indígenas eram valorosas e
resistiram aos antagonismos estabelecidos pelo domínio da sociedade patriarcal
branca.
c)
a dominação patriarcal e branca na história brasileira explica a força
ideológica de mitos como o da democracia racial, que se difunde
irrefletidamente.
d) tal mito, na verdade, esconde um equilíbrio histórico entre as raças e demonstra que já não somos mais negros, índios ou brancos, mas, sim, mestiços.
10.
(Ufpr 2022) A idade avançada e os problemas de saúde de uma
empregada doméstica de 63 anos não a impediam de percorrer semanalmente 120 km
de sua casa humilde em Miguel Pereira, no sul fluminense, até o apartamento
onde trabalhava no Alto Leblon, bairro da zona sul do Rio que tem o metro quadrado
mais valorizado do país...
(Disponível em: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/03/19/primeira-vitima-do-rj-eradomestica-e-pegou-coronavirus-da-patroa.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em: 05/11/2021.)
A
notícia do site UOL retrata a primeira morte registrada na pandemia do novo
coronavírus no Brasil. Uma senhora de 63 anos contraiu o vírus de sua patroa
que voltava da Itália para o Rio de Janeiro. O exemplo dessa fatalidade, com
uma mulher negra e empregada doméstica, revela um processo mais amplo, que vai
além da pandemia e simboliza um cenário marcado por:
a)
injustiças sociais, em que determinados grupos sofrem
desproporcionalmente as crises sanitárias, ambientais e econômicas.
b)
uma injustiça ambiental, que não pode ser associada às dimensões de
injustiça econômica ou racial.
c)
injustiças socioambientais, em que a tragédia revela que apenas a
população de baixa renda foi vítima, refém de uma fragilidade do sistema de
saúde.
d)
um racismo estrutural, em que as políticas públicas conseguiram reverter
os indicadores de desigualdade social.
e) um racismo conjuntural, em que os reflexos sociais e sanitários da pandemia podem ser identificados.
11.
(Unicamp 2021) As feridas da discriminação racial se exibem ao
mais superficial olhar sobre a realidade social do país. Até 1950, a
discriminação em empregos era uma prática corrente, sancionada pelas práticas
sociais do país. Em geral, os anúncios de vagas de trabalho eram publicados com
a explícita advertência: “não se aceitam pessoas de cor.” Mesmo após a Lei
Afonso Arinos, de 1951, proibindo categoricamente a discriminação racial, tudo
continuou na mesma. Depois da lei, os anúncios se tornaram mais sofisticados
que antes, e passaram a requerer: “pessoas de boa aparência”. Basta substituir
“pessoas de boa aparência” por “branco” para se obter a verdadeira significação
do eufemismo.
(Adaptado de Abdias do Nascimento, O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva, 2018, p. 97.)
A partir do excerto, é correto afirmar:
a) Apesar
da Lei Afonso Arinos de 1951, o racismo que existia há muitos anos no mercado
de trabalho brasileiro permaneceu por meio de estratégias camufladas.
b) A Lei
Afonso Arinos de 1951 possibilitou a eliminação do racismo no mercado de
trabalho do mundo da moda, que exigia a boa aparência das pessoas brancas.
c) Em 1951,
o conceito de “pessoas de boa aparência”, ditado pelo mundo da moda e
reproduzido nos anúncios de vagas de trabalho, privilegiava o asseio no vestir.
d) O racismo foi eliminado das relações sociais brasileiras somente na década de 1990, com a consolidação do conjunto de leis da democracia racial.
12. (Enem (Libras) 2017) Os guaranis encontram-se hoje distribuídos pela
Bolívia, Paraguai, Uruguai, Brasil e Argentina. A condição de guarani remete
diretamente para a ideia de pertencimento e para as relações de parentesco. Daí
a importância da concepção de território como espaço de comunicação. Eles têm
parentes nos diversos países e seguem se visitando regularmente. Os guaranis seguem
com noções e conceitos próprios de fronteira, uma ideia mais sociológica e
ideológica, que inclui, exclui e define quem pertence e quem não pertence a
determinado grupo social.
O dilema das fronteiras na trajetória guarani. Entrevista especial com Antônio Brand. Disponível em: www.ihuonline.unisinos.br. Acesso em: 15 ago. 2013 (adaptado).
De acordo com o texto, o processo de demarcação das
terras reivindicadas por esse povo enfrenta como dificuldade o(a)
a) valor de
desapropriação das áreas legalizadas.
b) engajamento
de jovens na luta pela reforma agrária.
c) escassez
de zonas cultiváveis nas regiões contíguas.
d) tensão
entre identidade coletiva e normatizações das nações limítrofes.
e) contradição entre sustento extrativista e desmatamento das florestas tropicais.
13. (Uerj 2019)
Com mais de cinquenta anos de existência, o personagem “Pantera Negra”
esteve associado a debates sobre as condições de vida de populações
afrodescendentes na sociedade norte-americana.
Tendo em vista as transformações ocorridas entre a década de 1960 e o
momento atual, a comparação entre as imagens aponta para a seguinte mudança
acerca do protagonismo afrodescendente:
a) equiparação do poder
aquisitivo
b) fortalecimento da inclusão
social
c) reconhecimento dos direitos civis
d) homogeneização das diferenças raciais
14. (Udesc 2019) Leia o trecho a seguir:
“Não existe democracia racial efetiva, onde o
intercâmbio entre indivíduos pertencentes a ‘raças’ distintas começa e termina
no plano da tolerância convencionalizada. Esta pode satisfazer as exigências do
bom-tom, de um discutível espírito cristão e da necessidade prática de ‘manter
cada um no seu lugar’. Contudo, ela não aproxima realmente os homens senão na
base da mera coexistência no mesmo espaço social e, onde isso chega a
acontecer, da convivência restritiva, regulada por um código que consagra a
desigualdade, disfarçando-a e justificando-a acima dos princípios de integração
da ordem social democrática”.
Florestan Fernandes, 1960.
Florestan Fernandes se refere à ideia de
“democracia racial” que, durante um período, foi considerada constitutiva da
identidade nacional brasileira. Esta tese era caracterizada por:
a) pressupor
uma miscigenação harmoniosa entre os diferentes grupos étnicos constitutivos da
nação brasileira.
b) apregoar
que representantes de todos os grupos étnicos deveriam ter representatividade
política em âmbito legislativo.
c) promover
a denúncia de práticas racistas contra negros, mulheres e indígenas.
d) reivindicar
a instauração de processos e eventuais julgamentos dos responsáveis pelo
processo de favelização nas grandes capitais brasileiras, a partir de fins do
século XIX.
e) defender as candidaturas plurirraciais nos processos eleitorais, pós 1964.
15. (Uerj 2019) As caravanas
Na letra da canção, o compositor estabelece vínculos entre diferentes temporalidades.
Esses vínculos explicitam uma relação de
causalidade entre os seguintes elementos:
a) processo
histórico e estrutura social
b) origem
geográfica e violência urbana
c) doutrina
religiosa e fundamentação ideológica
d) movimento pendular e segregação residencial
16. (Enem PPL 2019) Para dar conta do movimento histórico do processo
de inserção dos povos indígenas em contextos urbanos, cuja memória reside na
fala dos seus sujeitos, foi necessário construir um método de investigação,
baseado na História Oral, que desvelasse essas vivências ainda não estudadas
pela historiografia, bem como as conflitivas relações de fronteira daí
decorrentes. A partir da história oral foi possível entender a dinâmica de
deslocamento e inserção dos índios urbanos no contexto da sociedade nacional,
bem como perceber os entrelugares construídos por estes grupos étnicos na luta
pela sobrevivência e no enfrentamento da sua condição de invisibilidade.
MUSSI, P. L. V. Tronco velho ou ponta da rama? A mulher indígena terena nos entrelugares da fronteira urbana. Patrimônio e Memória, n. 1, 2008.
O uso desse método para compreender as condições
dos povos indígenas nas áreas urbanas brasileiras justifica-se por
a) focalizar
a empregabilidade de indivíduos carentes de especialização técnica.
b) permitir
o recenseamento de cidadãos ausentes das estatísticas oficiais.
c) neutralizar
as ideologias de observadores imbuídos de viés acadêmico.
d) promover
o retorno de grupos apartados de suas nações de origem.
e) registrar
as trajetórias de sujeitos distantes das práticas de escrita.
17. (Enem 2017)
A fotografia, datada de 1860, é um indício da
cultura escravista no Brasil, ao expressar a
a) ambiguidade
do trabalho doméstico exercido pela ama de leite, desenvolvendo uma relação de
proximidade e subordinação em relação aos senhores.
b) integração
dos escravos aos valores das classes médias, cultivando a família como pilar da
sociedade imperial.
c) melhoria
das condições de vida dos escravos observada pela roupa luxuosa, associando o
trabalho doméstico a privilégios para os cativos.
d) esfera da
vida privada, centralizando a figura feminina para afirmar o trabalho da mulher
na educação letrada dos infantes.
e) distinção étnica entre senhores e escravos, demarcando a convivência entre estratos sociais como meio para superar a mestiçagem.
18. (Enem PPL 2019) Os pesquisadores que trabalham com sociedades
indígenas centram sua atenção em documentos do tipo jurídico-administrativo
(visitas, testamentos, processos) ou em relações e informes e têm deixado em
segundo plano as crônicas. Quando as utilizam, dão maior importância àquelas
que foram escritas primeiro e que têm caráter menos teórico e intelectualizado,
por acharem que estas podem oferecer informações menos deformadas. Contrariamos
esse posicionamento, pois as crônicas são importantes fontes etnográficas,
independentemente de serem contemporâneas ao momento da conquista ou de terem
sido redigidas em período posterior. O fato de seus autores serem verdadeiros
humanistas ou pouco letrados não desvaloriza o conteúdo dessas crônicas.
PORTUGAL, A. R. O ayllu andino nas crônicas quinhentistas: um polígrafo na literatura brasileira do século XIX (1885-1897). São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.
As fontes valorizadas no texto são relevantes para
a reconstrução da história das sociedades pré-colombianas porque
a) sintetizam
os ensinamentos da catequese.
b) enfatizam
os esforços de colonização.
c) tipificam
os sítios arqueológicos.
d) relativizam
os registros oficiais.
e) substituem as narrativas orais.
19. (Enem 2017) Art. 231. São reconhecidos aos índios sua
organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos
originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União
demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov. br. Acesso em: 27 abr. 2017.
A persistência das reivindicações relativas à
aplicação desse preceito normativo tem em vista a vinculação histórica
fundamental entre
a) etnia e
miscigenação racial.
b) sociedade
e igualdade jurídica.
c) espaço e
sobrevivência cultural.
d) progresso
e educação ambiental.
e) bem-estar e modernização econômica.
20. (Enem PPL 2017) No primeiro semestre do ano de 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte judicial brasileira, prolatou decisão referente ao polêmico caso envolvendo a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, onde habitam aproximadamente dezenove mil índios aldeados nas tribos Macuxi, Wapixana, Taurepang, Ingarikó e Paramona – em julgamento paradigmático que estabeleceu uma série de conceitos e diretrizes válidas não só para o caso em questão, mas para todas as reservas indígenas demarcadas ou em processo de demarcação no Brasil.
A demarcação de terras indígenas, conforme o texto,
evidencia a
a) ampliação
da população indígena na região.
b) função
do Direito na organização da sociedade.
c) mobilização
da sociedade civil pela causa indígena.
d) diminuição
do preconceito contra os índios no Brasil.
e) pressão de organismos internacionais em defesa dos índios brasileiros.
21. (Uece 2019) Considerando o que se entende por “relações
étnico-raciais”, assinale a afirmação verdadeira.
a) Os seres
humanos não têm raça, apenas são biologicamente diferentes por sua cor de pele,
embora sejam todos culturalmente iguais.
b) As
relações étnico-raciais revelam a globalização das sociedades, com a superação
das diferenças raciais e de pertencimentos culturais entre os povos.
c) Raça é
compreendida como a construção social estabelecida nas tensas relações entre
brancos e negros, muitas vezes simuladas como harmoniosas; e etnia se refere a
grupos que estão juntos devido a sua cultura e seus interesses historicamente
comuns.
d) As
relações étnico-raciais expressam diferenças e interesses entre as classes
sociais, e como cada classe se posiciona na organização da produção material da
vida cotidiana.
22. (Unesp 2020) Leia o texto e observe o mapa para responder à questão a seguir.
Nem existia Brasil no
começo dessa história. Existiam o Peru e o México, no contexto pré-colombiano,
mas Argentina, Brasil, Chile, Estados Unidos, Canadá, não. No que seria o
Brasil, havia gente no Norte, no Rio, depois no Sul, mas toda essa gente tinha
pouca relação entre si até meados do século XVIII. E há aí a questão da
navegação marítima, torna-se importante aprender bem história marítima, que é
ligada à geografia. [...] Essa compreensão me deu muita liberdade para ver as
relações que Rio, Pernambuco e Bahia tinham com Luanda. Depois a Bahia tem
muito mais relação com o antigo Daomé, hoje Benin, na Costa da Mina. Isso
formava um todo, muito mais do que o Brasil ou a América portuguesa. [...]
Nunca os missionários
entraram na briga para saber se o africano havia sido ilegalmente escravizado
ou não, mas a escravidão indígena foi embargada pelos missionários desde o
começo, e isso também é um pouco interesse dos negreiros, ou seja, que a
escravidão africana predomine. [...] A escravização tem dois processos: o
primeiro é a despersonalização, e o segundo é a dessocialização.
(Luiz Felipe de Alencastro. Entrevista a
Mariluce Moura. “O observador do Brasil no Atlântico Sul”. In: Revista
Pesquisa Fapesp, no 188, outubro de 2011.)
A “despersonalização” e a “dessocialização” dos
escravizados podem ser associadas, respectivamente,
a) ao fato
de que os escravos eram identificados por números marcados a ferro e à
interdição do contato entre os cativos e seus senhores.
b) à noção
do escravo como mercadoria e ao fato de que os africanos eram extraídos de sua
comunidade de origem.
c) à noção
do escravo como tolerante ao trabalho compulsório e ao fato de que ele era
proibido de fazer amizades ou constituir família.
d) ao fato
de que os escravos eram etnologicamente indistintos e à proibição de realização
de festas e cultos.
e) à noção do escravo como desconhecedor do território colonial e ao fato de que ele não era reconhecido como brasileiro.
23. (Enem PPL 2019) O frevo é uma forma de expressão musical,
coreográfica e poética, enraizada no Recife e em Olinda, no estado de
Pernambuco. O frevo é formado pela grande mescla de gêneros musicais, danças,
capoeira e artesanato. É uma das mais ricas expressões da inventividade e
capacidade de realização popular na cultura brasileira. Possui a capacidade de
promover a criatividade humana e também o respeito à diversidade cultural. No
ano de 2012, a Unesco proclamou o frevo como Patrimônio Imaterial da Humanidade.
PORTAL BRASIL. Disponível em: www.brasil.gov.br. Acesso em: 10 fev. 2013.
A característica da manifestação cultural descrita
que justifica a sua condição de Patrimônio Imaterial da Humanidade é a
a) conversão
dos festejos em produto da elite.
b) expressão
de sentidos construídos coletivamente.
c) dominação
ideológica de um grupo étnico sobre outros.
d) disseminação
turística internacional dos eventos festivos.
e) identificação de simbologias presentes nos monumentos artísticos.
24. (Unesp 2018) No Brasil, para uma população 54% negra (incluídos
os pardos), apenas 14% dos juízes e 2% dos procuradores e promotores públicos
são negros. Juízes devem ser imparciais em relação a cor, credo, gênero, e os
mais sensíveis desenvolvem empatia que lhes permite colocar-se no lugar dos
mais desfavorecidos socialmente. Nos Estados Unidos, várias ONGs dedicam-se a
defender réus já condenados. Como resultado do trabalho de apenas uma delas,
353 presos foram inocentados em novos julgamentos desde 1989. Desses, 219 eram
negros. No Brasil, é uma incógnita o avanço social que seria obtido por uma
justiça cega à cor.
(Mylene Pereira Ramos. “A justiça tem cor?”. Veja, 24.01.2018. Adaptado.)
Sobre o funcionamento da justiça, pode-se afirmar
que
a) o preconceito étnico é fenômeno exclusivamente subjetivo e sem implicações na esfera pública.
b) a
neutralidade e objetividade no julgamento não estão sujeitas a fatores de
natureza psicológica.
c) a
disparidade da composição étnica entre réus e juízes é um fator de crítica à
atuação do Judiciário.
d) a
isenção jurídica é garantida por critérios objetivos que independem da origem
étnica ou social.
e) a imparcialidade nos julgamentos é fator que torna desnecessária a adoção de políticas afirmativas.
25. (Enem (Libras) 2017) A miscigenação que largamente se praticou aqui
corrigiu a distância social que de outro modo se teria conservado enorme entre
a casa-grande e a mata tropical; entre a casa-grande e a senzala. O que a
monocultura latifundiária e escravocrata realizou no sentido de
aristocratização, extremando a sociedade brasileira em senhores e escravos, com
uma rala e insignificante lambujem de gente livre sanduichada entre os extremos
antagônicos, foi em grande parte contrariado pelos efeitos sociais da
miscigenação.
FREYRE, G. Casa-grande & senzala. Rio de Janeiro: Record, 1999.
A temática discutida é muito presente na obra de
Gilberto Freyre, e a explicação para essa recorrência está no empenho do autor
em
a) defender
os aspectos positivos da mistura racial.
b) buscar
as causas históricas do atraso social.
c) destacar
a violência étnica da exploração colonial.
d) valorizar
a dinâmica inata da democracia política.
e) descrever as debilidades fundamentais da colonização portuguesa.
26. (Enem PPL 2017) O racismo institucional é a negação coletiva de uma
organização em prestar serviços adequados para pessoas por causa de sua cor,
cultura ou origem étnica. Pode estar associado a formas de preconceito
inconsciente, desconsideração e reforço de estereótipos que colocam algumas
pessoas em situações de desvantagem.
GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012 (adaptado).
O argumento apresentado no texto permite o questionamento de pressupostos de universalidade e justifica a institucionalização de políticas antirracismo.
No Brasil, um exemplo desse tipo de política é a
a) reforma do Código Penal.
b) elevação
da renda mínima.
c) adoção
de ações afirmativas.
d) revisão
da legislação eleitoral.
e) censura aos meios de comunicação.
27. (Enem PPL 2017) Pude entender o discurso do cacique Aniceto, na
assembleia dos bispos, padres e missionários, em que exigia nada mais, nada
menos que os índios fossem batizados. Contestava a pastoral da Igreja, de não
interferir nos costumes tribais, evitando missas e batizados. Para Aniceto, o
batismo aparecia como sinal do branco, que dava reconhecimento de cristão, isto
é, de humano, ao índio.
MARTINS, J. S. A chegada do estranho. São Paulo: Hucitec, 1993 (adaptado).
O objetivo do posicionamento do cacique xavante em
relação ao sistema religioso externo às tribos era
a) flexibilizar
a crença católica e seus rituais como forma de evolução cultural.
b) acatar a
cosmologia cristã e suas divindades como orientação ideológica legítima.
c) incorporar
a religiosidade dominante e seus sacramentos como estratégia de aceitação
social.
d) prevenir
retaliações de grupos missionários como defesa de práticas religiosas
sincréticas.
e) reorganizar os comportamentos tribais como instrumento de resistência da comunidade indígena.
28. (Enem PPL 2017) TEXTO I
Frantz Fanon publicou pela primeira vez, em 1952, seu estudo sobre
colonialismo e racismo, Pele negra, máscaras brancas. Ao dizer que “para
o negro, há somente um destino” e que esse destino é branco, Fanon revelou que
as aspirações de muitos povos colonizados foram formadas pelo pensamento
colonial predominante.
BUCKINGHAM, W. et al. O livro da filosofia. São Paulo: Globo, 2011 (adaptado).
TEXTO II
Mesmo que não queiramos cobrar desses estabelecimentos (salões de
beleza) uma eficácia política nos moldes tradicionais da militância, uma vez
que são estabelecimentos comerciais e não entidades do movimento negro, o fato
é que, ao se autodenominarem “étnicos” e se apregoarem como divulgadores de uma
autoimagem positiva do negro em uma sociedade racista, os salões se colocam no
cerne de uma luta política e ideológica.
GOMES, N. Corpo e cabelo como símbolos da identidade negra. Disponível em: www.rizoma.ufsc.br. Acesso em: 13 fev. 2013.
Os textos apresentam uma mudança relevante na
constituição identitária frente à discriminação racial. No Brasil, o
desdobramento dessa mudança revela o(a)
a) valorização
de traços culturais.
b) utilização
de resistência violenta.
c) fortalecimento
da organização partidária.
d) enfraquecimento
dos vínculos comunitários.
e) aceitação
de estruturas de submissão social.
29. (Enem PPL 2016) Flor da negritude
Nascido numa casa antiga, pequena, com grande
quintal arborizado, localizada no subúrbio de Lins de Vasconcelos, o Renascença
Clube foi fundado por 29 sócios, todos negros. Buscava-se instaurar, por meio
do Renascença, um campo de relações em que os filhos de famílias negras
bem-sucedidas pudessem encontrar pessoas consideradas do mesmo nível social e
cultural, para fins de amizade ou casamento. Os homens usavam trajes
obrigatoriamente formais, flores na lapela, às vezes de summer ou até de fraque. As mulheres se vestiam com muitas sedas,
cetins e rendas, não esquecendo as luvas e os chapéus.
GIACOMINI, S. M. Revista de História da Biblioteca Nacional, 19 set 2007 (adaptado).
No início dos anos 1950, a fundação do Renascença
Clube, como espaço de convivência, demonstra o(a)
a) inexperiência
associativa que levou a elite negra a imitar os clubes dos brancos.
b) isolamento
da comunidade destacada que ignorava a democracia racial brasileira.
c) interesse
de um grupo de negros na afirmativa social para se livrar do preconceito.
d) existência
de uma elite negra imune ao preconceito pela posição social que ocupava.
e) criação de um racismo invertido que impedia a presença de pessoas brancas nesses clubes.
30. (Ufu 2015) A questão da demarcação de terras indígenas tem ao longo do tempo suscitado diversos conflitos. Mais recentemente, observou-se a possibilidade de modificar os critérios de demarcação, pois, conforme seus críticos, os regulamentos vigentes possibilitariam a ação de “indígenas civilizados”, ou seja, aqueles que supostamente teriam perdido sua identidade indígena, e que agora a reivindicavam com o intuito de obter terras. No centro deste debate, encontra-se a definição do que é ser indígena, enfim, a definição dos critérios definidores de uma etnia.
Para os estudos antropológicos atuais,
define-se uma etnia por meio da
a) identificação da presença de traços fenotípicos
comuns a uma população, atrelados ao cultivo de uma tradição cultural.
b) ocupação territorial de um país específico e
pela persistência de traços culturais tradicionais.
c) identificação de uma concepção, partilhada por
uma população, da existência de uma trajetória histórica comum que funda uma
identidade.
d) identificação de traços raciais comuns a uma população, aliados a elementos culturais específicos.
31. (Uem 2014) “[...] Protegidos por
sua retirada para regiões de difícil acesso, os Jê do Sul do Brasil
sobreviveram por alguns séculos aos Tupi, logo liquidados pelos colonizadores.
Nas florestas dos estados meridionais, Paraná e Santa Catarina, pequenos bandos
selvagens mantiveram-se até o século XX; talvez ainda subsistissem alguns em
1935, tão ferozmente perseguidos nos últimos cem anos que se mantinham invisíveis;
porém, a maioria fora aldeada e assentada pelo governo brasileiro, por volta de
1914, em vários centros”
(LÉVI-STRAUSS, C. Tristes Trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 144).
A partir dos significados da cultura
segundo a antropologia, da história dos conflitos entre populações indígenas e
outros grupos humanos e do texto de Lévi- Strauss, é correto afirmar que
01) a inferioridade cultural dos índios Jê frente a
outros grupos humanos foi o principal fator que contribuiu para o seu
desaparecimento.
02) a perseguição feroz a grupos étnicos distintos
do grupo socialmente dominante pode levar à invisibilidade social dos grupos
perseguidos.
04) a perseguição e o massacre dos índios Jê no Sul
do Brasil foram fortemente motivados por pontos de vista etnocêntricos,
interesses de Estado e ação de grupos sociais diversos.
08) já não existiam grupos indígenas no Sul do
Brasil no início do século XX.
16) o etnocentrismo, o preconceito, os interesses econômicos e as relações de poder influenciaram a maioria dos estados modernos no desrespeito aos direitos e às culturas das populações nativas que habitam seus territórios.
32. (Unicentro 2012) A suposição de que
havia um consenso absoluto sobre a organização social e a vida cultural de cada
tribo só era possível através da ideia que os administradores e cientistas
europeus tinham da “tradição”. As sociedades “tribais” (ou “primitivas”)
seriam, para eles, “sociedades tradicionais” — não só as regras de conduta eram
pautadas rigidamente pelo costume, como esse costume era transmitido, oralmente
e de forma imutável, de geração a geração, desde o princípio dos tempos. Os
europeus não admitiam que os africanos pudessem refletir criticamente sobre a
sua própria cultura”.
FIGUEIREDO, Fábio Baqueiro. História da África. Brasília: Ministério da Educação; Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais, 2010. 144.
O texto pontua a construção do olhar
europeu sobre a África, no período colonial.
A partir dos debates atuais sobre as
relações étnicas no Brasil, identifique com V ou F, conforme sejam verdadeiras
ou falsas as afirmativas sobre o texto.
(aa) O resultado sociopolítico dessa visão
estereotipada ainda hoje pode ser observado em relação à população
afro-brasileira.
(aa) Os conflitos raciais resultam de
estereótipos sociais, e não de fatos científicos.
(aa) Um indivíduo etnocêntrico não tem capacidade de observar outras culturas nas próprias condições em que elas se mostram.
A alternativa que contém a sequência correta,
de cima para baixo, é a
b) F V V
c) V F F
d) F V F
e) V V F
33. (Uem-pas 2012) Segundo a autora
Valéria Pilão, “Há um grupo no estado de São Paulo chamado ‘Carecas do ABC’,
cuja atividade coletiva chegou ao extremo de jogarem um garoto pela janela do
trem, pois o mesmo era punk. As manifestações homofóbicas também estão
presentes, o preconceito contra o negro é outra característica que permeia
estes movimentos. Na cidade de Curitiba, capital do estado do Paraná,
recentemente (set/2005) um grupo pregando ‘o orgulho branco’ agrediu um negro
na região denominada setor histórico. Suas atitudes não pararam por aí,
panfletos cujo conteúdo propunha o preconceito ao homossexual e ao negro foram
afixados nos postes do local.”
(PILÃO, V. Movimentos sociais. In: LORENSETTI, E. et al. Sociologia. Curitiba: SEED-PR, 2006, p. 241-242).
Levando em consideração o texto acima,
é correto afirmar que
a) a discriminação contra os grupos sociais
considerados minoritários, como aparece no texto citado, respeita o ordenamento
jurídico brasileiro.
b) as situações de violência descritas no texto
expressam a persistência de preconceitos contra homossexuais e negros na
sociedade brasileira.
c) no Brasil, após a promulgação da Constituição de
1988, o preconceito e a discriminação contra grupos minoritários deixaram de
existir.
d) o preconceito e a discriminação contra homossexuais e negros contribuem para tornar a sociedade brasileira homogênea, saudável e pacífica.
34. (Uem 2012) Leia o texto a seguir e
assinale o que for correto sobre o tema da diversidade étnica.
“[...] Na verdade, raça, no Brasil
jamais foi um termo neutro; ao contrário, associou-se com frequência a uma
imagem particular do país. Muitas vezes, na vertente mais negativa de finais do
século XIX, a mestiçagem existente no país parecia atestar a falência da nação
[...]”
(SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nem preto nem branco,
muito pelo contrário: cor e raça na intimidade. In: NOVAIS, Fernando &
SCHWARCZ, Lilia Moritz (orgs.) História da Vida Privada no Brasil. Contrastes
da intimidade contemporânea,. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 177).
a) Os termos raça e etnia se equivalem. Ambos fazem
referência à composição de grupos de pessoas com características fisiológicas e
biológicas comuns.
b) Os estudos centrados na noção de raça
classificam a humanidade por meio da seleção natural e da organização
genética.
c) Por ser o Brasil o país com o maior número de
negros e afrodescendentes depois do continente africano, não é pertinente
discutir no Brasil o racismo.
d) Nas décadas seguintes à abolição da escravatura, a integração dos negros à sociedade brasileira foi marcada pela adoção de mecanismos de inclusão que resultaram, recentemente, na implantação das chamadas políticas de ação afirmativa.
35. (Unisc 2012) “Em um
contexto nacional em que o desenvolvimento econômico é institucionalmente
defendido como a solução para todos os males sociais, se faz necessário
refletir sobre a forma como os indígenas são representados nos meios de mídia
de massa na atualidade. A evidente emergência de discursos anti-indigenistas
nestes meios tem consequência direta na vida destas coletividades, na forma
como são tratadas cotidianamente pelas populações não índias, com as quais,
inevitavelmente, convivem e compartilham espaços.
Assim como nos séculos passados, não são poucos os episódios de perseguição a
minorias autóctones e quilombolas no Brasil do século XXI. Há uma recorrência
de manifestações anti-indigenistas, estas não se dão de forma regular, estável,
mas oscilam, surgem entre extremos situados entre o esquecimento/apagamento e o
revisionismo/memória de uma construção de nação que destina um lugar aos
indígenas apenas e tão somente no seu passado.”
Fonte: PRADELLA, L. G.; ELTZ, D. Mídia de massa e
anti-indigenismo no sul do Brasil do século XXI. In: RIO GRANDE DO SUL.
Coletivos guaranis no Rio Grande do Sul. Assembleia Legislativa do Rio Grande
do Sul/Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, 2010, p. 50).
I. O texto defende o fenômeno da aculturação para
resolução e integração dos povos indígenas na sociedade nacional.
II. Segundo os autores, os meios de comunicação de
massa são responsáveis pela fiscalização de políticas indigenistas,
representando todos os pontos de vista em seus discursos midiáticos.
III. Conforme o texto, a mídia, de forma
recorrente, nega a atualidade dos direitos indígenas na nação brasileira.
IV. Para os autores, discursos anti-indigenistas baseiam-se na defesa do valor histórico das populações indígenas.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa I está correta.
b) Somente a afirmativa III está correta.
c) Somente as afirmativas I e IV estão
corretas.
d) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.
e) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
36. (Unioeste 2011) “Na segunda metade
do século XX, a tendência à superação das ideias racistas permitiu que
diferentes povos e culturas fossem percebidos a partir de suas especificidades.
Grupos de negros pressionaram pela adoção de medidas legais que garantissem a
eles igualdade de condições e combatessem a segregação racial. Chegamos então
ao ponto em que nos encontramos, tendo que tirar o atraso de décadas de descaso
por assuntos referentes à África”.
Marina de Mello e Souza. A descoberta da África. RHBN, ano 4, n. 38, novembro de 2008, p.72-75.
A partir deste texto e do conhecimento
da sociologia a respeito da questão racial em nosso país, é possível afirmar
que
a) autores como Gilberto Freyre, Florestan
Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Darcy Ribeiro, entre outros tantos
autores, são importantes por chamarem a atenção do país para o papel dos negros
na construção do Brasil e da brasilidade, e as formas de exclusão explícitas e
implícitas que sofreram.
b) apesar de relevante a luta contra o preconceito
racial, o estudo da África só diria respeito ao conhecimento do passado, do
período do Descobrimento do Brasil até a abolição da escravidão entre
nós.
c) estudar a África só nos indicaria a captura e a
escravidão de diferentes povos africanos, tendo em vista que raça e o racismo
são categorias ideológicas as quais servem para encobrir as fortes tensões
sociais existentes entre a imensa classe de pobres e o seu oposto à dos
ricos.
d) a autora quer dizer que devemos hoje operar cada vez mais com categorias tais como a especificidade da raça negra, da raça branca, da raça amarela e outras mais.
37. (Unioeste 2011) Quanto aos índios
brasileiros, a partir dos estudos sociológicos já feitos e existentes hoje,
está correto dizer que
a) estão em via de extinção posto serem culturas
primitivas e atrasadas com relação à sociedade brasileira, daí se
inviabilizarem como grupo social.
b) não há mais índios no país, posto que só
existiriam índios quando da descoberta do Brasil e no período Colonial, quando
pelas guerras, doenças e outros fatores advindo do contato com os
colonizadores, vieram a se extinguir.
c) apesar das desigualdades sociais imensas que
sofreram e sofrem, marginalizando-os, eles continuam presentes marcando,
atualmente, muito melhor suas identidades e pertencimentos culturais
específicos, abrindo e conquistando espaços políticos dentro da sociedade
brasileira.
d) não mais existem índios no Brasil, pois que todos eles já entraram na sociedade brasileira, adquirindo os bens e serviços desta, daí não haver mais nenhuma cultura indígena pura, verdadeira, a qual possamos nos referir como legitimamente indígena.
38. (Uenp 2010) Do ponto de vista sociológico, no Brasil se constituiu sobre o mito da democracia racial principalmente depois da publicação de Casa grande e senzala de Gilberto Freyre (2003). De acordo com Florestan Fernandes (1965) o ideal de miscigenação fora difundido como mecanismo de absorção do mestiço não para a ascensão social do negro, mas para a hegemonia da classe dominante. O mito da democracia racial assentou-se sobre dois fundamentos: 1) o mito do bom senhor; 2) o mito do escravo submisso.
Analise as afirmações:
I. A crença no bom senhor exalta a vulgaridade das
elites modernas, como diria Contardo Calligaris, e juntamente com uma espécie
de pseudocordialidade seriam responsáveis pela manutenção e o aprofundamento
das diferenças sociais.
II. O mito do escravo submisso fez com que a
sociedade de um modo geral não encarasse de frente a violência da escravidão,
fez com que os ouvidos se ensurdecessem aos clamores do movimento negro, por
direitos e por justiça.
III. As proposições legislativas sobre a inclusão de negros vão desde o Projeto de Lei que reserva aos negros um percentual fixo de cargos da administração pública, aos que instituem cotas para negros nas universidades públicas e nos meios de comunicação.
Assinale a alternativa correta:
b) apenas a afirmação II e verdadeira.
c) as afirmações I e III são verdadeiras.
d) as afirmações I e II são falsas.
e) todas as afirmações são falsas.
39. (Uenp 2010) Leia o trecho da música Haiti, de Caetano Veloso e Gilberto Gil:
Quando você for convidado pra subir no adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
Assinale a alternativa correta.
a) Não existe, na música, uma referência indireta
ao haitianismo.
b) A música faz referência a um processo de
exclusão seletiva que atinge de forma mais gravosa a população negra.
c) É possível afirmar que os processos de exclusão
atingem, da mesma forma, brancos e negros.
d) A alusão ao Haiti é para fazer contraposição à
situação brasileira.
e) O texto faz referência ao processo de miscigenação racial pela qual passa o Brasil.
40. (Unesp 2013) Hoje, a melhor ciência
informa que as etnias são variações cosméticas do núcleo genético humano,
incapazes sozinhas de determinar a superioridade de um indivíduo ou grupo sobre
outros. Segundo o médico Sérgio Pena, não somos todos iguais, somos igualmente
diferentes. É uma beleza, do ponto de vista da antropologia genética, esperar
que, um dia, ela ajude a desvendar o enigma clássico da condição humana que é a
eterna desconfiança do outro, do diferente, do estrangeiro. O DNA nada sabe
desse sentimento. No seu coração genético, a espécie humana é tão mais forte e sadia
quanto mais variações apresenta.
(Fábio Altman. Unidos pelo futebol … e pelo DNA. Veja, 09.06.2010. Adaptado.)
Esta reportagem aborda o tema das
diferenças entre as etnias humanas sob um ponto de vista contrastante em
relação a outras abordagens vigentes ao longo da história. Em termos éticos,
trata-se de uma abordagem promissora, pois
a) opõe-se às teorias antropológicas que criticaram
o etnocentrismo ocidental em seu papel de justificação ideológica do
colonialismo.
b) apresenta argumentos científicos que provam o
caráter prejudicial da miscigenação para o progresso da humanidade.
c) fornece uma fundamentação científica para
justificar estereótipos racistas presentes no pensamento cotidiano e no senso
comum.
d) permite um questionamento radical dos ideais
universalistas inspiradores de políticas de preservação dos direitos
humanos.
e) estabelece uma ruptura com teorias eugenistas
que defenderam a purificação racial como meio de aperfeiçoamento da
humanidade.
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