1. (Uea 2023) Examine a tela O Casamento, de Tarsila do Amaral, de 1940. 


Considerando a formação étnico-cultural da população brasileira, a tela retrata um processo de

a) mestiçagem, que propiciou o respeito cultural de diversos grupos sociais e assegurou, até os dias de hoje, a harmonia e a democracia racial no país.   

b) miscigenação, que promoveu a unidade cultural entre indígenas, negros e brancos e permitiu a implementação do ciclo colonial da borracha na região Amazônica.   

c) miscigenação, que deu origem a inúmeros povos com características físicas próprias e marcou o fim da ancestralidade cultural.   

d) mestiçagem, que estabeleceu a negação dos valores tribais dos povos originários pelos brancos e propiciou, até os dias de hoje, a convivência tolerante entre as pessoas.   

e) mestiçagem, que viabilizou a formação de cafuzos e de mamelucos e consolidou hábitos e costumes de um modo de vida.   

2. (Enem 2022) Eu estava pagando o sapateiro e conversando com um preto que estava lendo um jornal. Ele estava revoltado com um guarda civil que espancou um preto e amarrou numa árvore. O guarda civil é branco. E há certos brancos que transforma o preto em bode expiatório. Quem sabe se guarda civil ignora que já foi extinta a escravidão e ainda estamos em regime de chibata?

JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014.

O texto que guarda a grafia original da autora, expõe uma característica da sociedade brasileira, que é o(a):

a) Racismo estrutural.   

b) Desemprego latente.   

c) Concentração de renda.   

d) Exclusão informacional.   

e) Precariedade da educação.   

3. (Uft 2023) Texto I

Contam que, num tempo muito antigo, os Kayapó moravam no céu. Lá, muito acima do teto do céu, havia tudo o que se pode imaginar. Tinha batata-doce, macaxeira, inhame, mandioca, milho, inajá, banana, caça das mais diversas e tartarugas da terra. Enfim, era um lugar com muita fartura.

Fonte: MUNDURUKU, Daniel. Outras tantas histórias indígenas de origem das coisas e do universo. São Paulo: Global, 2008, p. 34. (fragmento)

Texto II

Contam os antigos que, no princípio, não havia fogo. As pessoas eram obrigadas a comer frutas e raízes se não quisessem comer carne crua. Mas elas tinham uma vaga noção de que existia algo que aquecia o corpo e tornava a comida deliciosa.

Fonte: MUNDURUKU, Daniel. Outras tantas histórias indígenas de origem das coisas e do universo. São Paulo: Global, 2008, p. 20. (fragmento)

Os fragmentos de Daniel Munduruku apresentam histórias indígenas. A partir da leitura desses fragmentos, é CORRETO afirmar que:

a) aludem aos mesmos mitos e cosmogonia dos povos originários.   

b) retratam as culturas indígenas e a ausência de valores ligados ao meio ambiente.   

c) consideram elementos das culturas indígenas e enfatizam a organização social complexa dessas comunidades.   

d) remetem à transmissão de saberes e aos bens culturais dos povos indígenas.   

4. (Unesp 2023) Nenhum grupo de mulheres brancas conheceu melhor a diferença entre seu próprio status e o status das mulheres negras do que o grupo de mulheres brancas politicamente conscientes e ativistas na luta pelos direitos civis. Ainda assim, várias dessas mulheres deslocaram-se das lutas pelos direitos civis para as lutas pela libertação da mulher e lideraram um movimento feminista em que suprimiram e negaram a consciência sobre as diferenças que viram e ouviram.

Elas entraram para o movimento feminista apagando e negando a diferença, sem pensar em raça e gênero juntos, mas eliminando raça do cenário.

(bell hooks. O feminismo é para todo mundo: políticas arrebatadoras, 2018. Adaptado.)

Ao abordar aspectos do Movimento pelos Direitos Civis nos Estados Unidos da década de 1960, o excerto

a) aponta o insucesso das reivindicações de igualdade de raça e gênero e a persistência de padrões históricos de desigualdade na sociedade norte-americana.   

b) lamenta a ausência de uma história de mobilizações feministas e negras e de uma disposição das mulheres brancas para atuar em defesa das conquistas de direitos sociais.   

c) identifica a ocorrência em paralelo de ações afirmativas das mulheres e dos negros e a falta de conexão entre esses dois campos de reivindicação de direitos.   

d) caracteriza a mudança radical por que passou a sociedade norte-americana no período e o nascimento de interconexões entre os movimentos negro e feminista.   

e) enfatiza a importância da estratégia política do ativismo feminista e sua influência sobre as mobilizações posteriores de reivindicação de direitos da população negra.   

5. (Enem 2022) O povo Kambeba é o povo das águas. Os mais velhos costumam contar que o povo nasceu de uma gota-d’água que caiu do céu em uma grande chuva. Nessa gota estavam duas gotículas: o homem e a mulher. “Por essa narrativa e cosmologia indígena de que nós somos o povo das águas é que o rio nos tem fundamental importância”, diz Márcia Wayna Kambeba, mestre em Geografia e escritora. Todos os dias, ela ia com o pai observar o rio. Ia em silêncio e, antes que tomasse para si a palavra, era interrompida. “Ouço o rio”, o pai dizia. Depois de cerca de duas horas a ouvir as águas do Solimões, ela mergulhava. “Confie no rio e aprenda com ele”. “Fui entender mais tarde, com meus estudos e vivências, que meu pai estava me apresentando à sabedoria milenar do rio”.

Rios amazônicos influenciam no agro e em reservatórios do Sudeste. Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 14 out. 2021.

Pelo descrito no texto, o povo Kambeba tem o rio como um(a)

a) objeto tombado e museográfico.   

b) herança religiosa e sacralizada.   

c) cenário bucólico e paisagístico.   

d) riqueza individual e efêmera.   

e) patrimônio cultural e afetivo.   

6. (Fgv 2022) 

O assassinato do congolês Moïse Kabagambe trouxe à tona o debate sobre o racismo que está presente e vivo na base de nossa sociedade, manifestando-se nas mais diversas áreas de atuação do Estado e da sociedade civil: na saúde, na educação, na oferta de trabalho e serviços, nos dados de nascimento e morte e no modo como tratamos e recebemos refugiados africanos ou como selecionamos funcionários no mercado de trabalho. Esse tipo de racismo não se resume a atos isolados de pessoas ou grupos, mas faz parte da própria lógica e da base social de uma determinada nação, conferindo desvantagens, oferecendo privilégios e naturalizando a violência pautando-se na ideia de raça.

Adaptado de Lilia Schwarcz, nexojornal, 31/01/2022.

Com base no texto, é correto afirmar que o assassinato de Moïse Kabagambe representou um episódio de: 

a) discriminação racial.    

b) supremacismo negro.    

c) racismo reverso.    

d) racismo estrutural.    

e) preconceito racial.   

7. (Ufpr 2023) Considere o trecho a seguir:

Os problemas de diversidade e pluralismo colocados em pauta pelas sociedades multiculturais, a partir da década de 1980, obrigaram-nos a uma nova reflexão sobre o reconhecimento universalista proposto pela Modernidade. Os movimentos sociais organizados por homossexuais, negros, mulheres, entre outros grupos, passaram a reivindicar a efetiva realização da igualdade de oportunidades e o fim dos princípios discriminatórios. Deu-se, então, o estabelecimento de políticas públicas que ficaram conhecidas como políticas de ação afirmativa.

(O’DONNEL, Julia et al. Tempos modernos, tempos de sociologia. Rio de Janeiro: Editora do Brasil, 2018.)

Com base na argumentação das autoras, pode-se afirmar que:

a) em termos práticos, a defesa desse novo tipo de reconhecimento social estimula diferentes ações de inclusão social, com exceção da “política de cotas”.   

b) as políticas de ação afirmativa constituem uma estratégia ideológica pouco eficaz, correspondendo a uma agenda globalista.   

c) movimentos sociais organizados por homossexuais, negros e negras (entre outras minorias) estão hiper-representados na sociedade em virtude das recentes políticas públicas de ação afirmativa, gerando grandes distorções e privilégios para estes grupos favorecidos.   

d) é necessário amplo debate sobre os temas da diversidade e representação social, atitude imperativa para atualização de categorias fundamentadas em pressupostos pré-modernistas.   

e) ações afirmativas se baseiam em um pressuposto que leva em conta as condições desiguais de determinados grupos sociais para acesso às oportunidades sociais.   

8. (Ufpr 2023) Sobre o tema do racismo na sociedade brasileira, considere o excerto a seguir:

A visão de convívio harmonioso entre as raças foi desconstruída pelos estudos de Florestan Fernandes, que participou com Roger Bastide das pesquisas financiadas pela Unesco, e redundaram no livro A integração do negro na sociedade de classes (1965).

(SILVA, Afrânio et. al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2016. p. 121.)

Qual é, dentre as afirmativas a seguir, a que sintetiza a contribuição do sociólogo Florestan Fernandes para os estudos das relações raciais no Brasil?

a) O autor demonstra que uma das particularidades do caso brasileiro é a vigência da ideia de que somos uma democracia racial, o que não é senão um mito que assegura a manutenção da desigualdade entre brancas e brancos por um lado e negras e negros de outro.   

b) O racismo reverso é seu argumento analítico para a crítica da imagem de que as relações raciais são harmoniosas no Brasil.   

c) O autor elabora o conceito de racismo estrutural ainda na década de 1960, num momento em que o Brasil era impactado pelas conquistas do movimento pelos direitos civis, nos EUA.   

d) Sua proposta foi o estabelecimento de uma política de cotas, encaminhada como projeto ao governo militar instaurado em 1964 visando à crítica das noções idealizadas do racismo.   

e) O autor elabora normativas para a criação de organizações não governamentais (ONGs) atuantes como instrumentos para exercer a crítica e combater o racismo no Brasil.   

9. (Uece 2023) Para Gilberto Freyre, a miscigenação que ocorreu desde o início do processo de colonização do Brasil corrigiu, ao longo do tempo, a distância social entre os brancos conquistadores e senhores de engenho e os indígenas e os negros escravizados. São dois polos, duas classes ou dois grupos sociais antagônicos de dominantes-dominados, mas que teriam sido aproximados na formação da sociedade brasileira pela mestiçagem. É aqui que se fundamenta o mito da democracia racial. Segundo Freyre, os mestiços desde a colonização brasileira ocasionaram efeitos sociais que equilibraram diferenças e desigualdades. E foram, principalmente, a mulher índia, a negra-mina e depois a mulata, aponta Freyre, as categorias de mulheres que agiram poderosamente no sentido dessa “democratização social no Brasil”. Faltou a Freyre, todavia, ressaltar que essas mulheres estavam, em grande maioria, na condição de escravizadas ou subalternizadas na relação com seus senhores e donos e foi assim que conceberam a mestiçagem na história brasileira. Essa concepção mitológica foi fortalecida pelos séculos de dominação patriarcalista e branca sobre indígenas, negros e mestiços. Trata-se de um mito ou uma ideologia que persiste sem maior reflexão, conhecimento histórico, consciência crítica e tanto disfarça a existência do racismo na sociedade brasileira contemporânea como não contribui para o debate público das lutas políticas e sociais dos movimentos negros e dos povos tradicionais indígenas.

A partir do exposto, é correto afirmar que

a) diferentemente da sociedade norte-americana, a formação social brasileira é oriunda de três raças que contribuíram para uma luta étnico-racial equilibrada.   

b) para Freyre, as mulheres negras e as indígenas eram valorosas e resistiram aos antagonismos estabelecidos pelo domínio da sociedade patriarcal branca.   

c) a dominação patriarcal e branca na história brasileira explica a força ideológica de mitos como o da democracia racial, que se difunde irrefletidamente.   

d) tal mito, na verdade, esconde um equilíbrio histórico entre as raças e demonstra que já não somos mais negros, índios ou brancos, mas, sim, mestiços.   

10. (Ufpr 2022) A idade avançada e os problemas de saúde de uma empregada doméstica de 63 anos não a impediam de percorrer semanalmente 120 km de sua casa humilde em Miguel Pereira, no sul fluminense, até o apartamento onde trabalhava no Alto Leblon, bairro da zona sul do Rio que tem o metro quadrado mais valorizado do país...

(Disponível em: https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/03/19/primeira-vitima-do-rj-eradomestica-e-pegou-coronavirus-da-patroa.htm?cmpid=copiaecola. Acesso em: 05/11/2021.)

A notícia do site UOL retrata a primeira morte registrada na pandemia do novo coronavírus no Brasil. Uma senhora de 63 anos contraiu o vírus de sua patroa que voltava da Itália para o Rio de Janeiro. O exemplo dessa fatalidade, com uma mulher negra e empregada doméstica, revela um processo mais amplo, que vai além da pandemia e simboliza um cenário marcado por:

a) injustiças sociais, em que determinados grupos sofrem desproporcionalmente as crises sanitárias, ambientais e econômicas.   

b) uma injustiça ambiental, que não pode ser associada às dimensões de injustiça econômica ou racial.   

c) injustiças socioambientais, em que a tragédia revela que apenas a população de baixa renda foi vítima, refém de uma fragilidade do sistema de saúde.   

d) um racismo estrutural, em que as políticas públicas conseguiram reverter os indicadores de desigualdade social.   

e) um racismo conjuntural, em que os reflexos sociais e sanitários da pandemia podem ser identificados.   

11. (Unicamp 2021) As feridas da discriminação racial se exibem ao mais superficial olhar sobre a realidade social do país. Até 1950, a discriminação em empregos era uma prática corrente, sancionada pelas práticas sociais do país. Em geral, os anúncios de vagas de trabalho eram publicados com a explícita advertência: “não se aceitam pessoas de cor.” Mesmo após a Lei Afonso Arinos, de 1951, proibindo categoricamente a discriminação racial, tudo continuou na mesma. Depois da lei, os anúncios se tornaram mais sofisticados que antes, e passaram a requerer: “pessoas de boa aparência”. Basta substituir “pessoas de boa aparência” por “branco” para se obter a verdadeira significação do eufemismo.

(Adaptado de Abdias do Nascimento, O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Perspectiva, 2018, p. 97.)

A partir do excerto, é correto afirmar:

a) Apesar da Lei Afonso Arinos de 1951, o racismo que existia há muitos anos no mercado de trabalho brasileiro permaneceu por meio de estratégias camufladas.   

b) A Lei Afonso Arinos de 1951 possibilitou a eliminação do racismo no mercado de trabalho do mundo da moda, que exigia a boa aparência das pessoas brancas.   

c) Em 1951, o conceito de “pessoas de boa aparência”, ditado pelo mundo da moda e reproduzido nos anúncios de vagas de trabalho, privilegiava o asseio no vestir.   

d) O racismo foi eliminado das relações sociais brasileiras somente na década de 1990, com a consolidação do conjunto de leis da democracia racial.   

12. (Enem (Libras) 2017) Os guaranis encontram-se hoje distribuídos pela Bolívia, Paraguai, Uruguai, Brasil e Argentina. A condição de guarani remete diretamente para a ideia de pertencimento e para as relações de parentesco. Daí a importância da concepção de território como espaço de comunicação. Eles têm parentes nos diversos países e seguem se visitando regularmente. Os guaranis seguem com noções e conceitos próprios de fronteira, uma ideia mais sociológica e ideológica, que inclui, exclui e define quem pertence e quem não pertence a determinado grupo social.

O dilema das fronteiras na trajetória guarani. Entrevista especial com Antônio Brand. Disponível em: www.ihuonline.unisinos.br. Acesso em: 15 ago. 2013 (adaptado).

De acordo com o texto, o processo de demarcação das terras reivindicadas por esse povo enfrenta como dificuldade o(a)

a) valor de desapropriação das áreas legalizadas.    

b) engajamento de jovens na luta pela reforma agrária.    

c) escassez de zonas cultiváveis nas regiões contíguas.   

d) tensão entre identidade coletiva e normatizações das nações limítrofes.    

e) contradição entre sustento extrativista e desmatamento das florestas tropicais.    

13. (Uerj 2019)

Com mais de cinquenta anos de existência, o personagem “Pantera Negra” esteve associado a debates sobre as condições de vida de populações afrodescendentes na sociedade norte-americana.

Tendo em vista as transformações ocorridas entre a década de 1960 e o momento atual, a comparação entre as imagens aponta para a seguinte mudança acerca do protagonismo afrodescendente: 

a) equiparação do poder aquisitivo    

b) fortalecimento da inclusão social    

c) reconhecimento dos direitos civis    

d) homogeneização das diferenças raciais   

14. (Udesc 2019) Leia o trecho a seguir:

“Não existe democracia racial efetiva, onde o intercâmbio entre indivíduos pertencentes a ‘raças’ distintas começa e termina no plano da tolerância convencionalizada. Esta pode satisfazer as exigências do bom-tom, de um discutível espírito cristão e da necessidade prática de ‘manter cada um no seu lugar’. Contudo, ela não aproxima realmente os homens senão na base da mera coexistência no mesmo espaço social e, onde isso chega a acontecer, da convivência restritiva, regulada por um código que consagra a desigualdade, disfarçando-a e justificando-a acima dos princípios de integração da ordem social democrática”.

Florestan Fernandes, 1960.

Florestan Fernandes se refere à ideia de “democracia racial” que, durante um período, foi considerada constitutiva da identidade nacional brasileira. Esta tese era caracterizada por:

a) pressupor uma miscigenação harmoniosa entre os diferentes grupos étnicos constitutivos da nação brasileira.    

b) apregoar que representantes de todos os grupos étnicos deveriam ter representatividade política em âmbito legislativo.    

c) promover a denúncia de práticas racistas contra negros, mulheres e indígenas.    

d) reivindicar a instauração de processos e eventuais julgamentos dos responsáveis pelo processo de favelização nas grandes capitais brasileiras, a partir de fins do século XIX.    

e) defender as candidaturas plurirraciais nos processos eleitorais, pós 1964.    

15. (Uerj 2019) As caravanas

É um dia de real grandeza, tudo azul
Um mar turquesa à la Istambul enchendo os olhos
Um sol de torrar os miolos
Quando pinta em Copacabana
A caravana do Arará, do Caxangá, da Chatuba
A caravana do Irajá, o comboio da Penha
Não há barreira que retenha esses estranhos
Suburbanos tipo muçulmanos do Jacarezinho
A caminho do Jardim de Alá
É o bicho, é o buchicho, é a charanga
(...)
Com negros torsos nus deixam em polvorosa
A gente ordeira e virtuosa que apela
Pra polícia despachar de volta
O populacho pra favela
Ou pra Benguela, ou pra Guiné

Sol
A culpa deve ser do sol que bate na moleira
O sol que estoura as veias
O suor que embaça os olhos e a razão
E essa zoeira dentro da prisão
Crioulos empilhados no porão

De caravelas no alto mar
Tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria
Filha do medo, a raiva é mãe da covardia
Ou doido sou eu que escuto vozes
Não há gente tão insana
Nem caravana do Arará
Não há, não há
(...)
CHICO BUARQUE. letras.mus.br

 

Na letra da canção, o compositor estabelece vínculos entre diferentes temporalidades.

Esses vínculos explicitam uma relação de causalidade entre os seguintes elementos: 

a) processo histórico e estrutura social    

b) origem geográfica e violência urbana    

c) doutrina religiosa e fundamentação ideológica    

d) movimento pendular e segregação residencial   

16. (Enem PPL 2019) Para dar conta do movimento histórico do processo de inserção dos povos indígenas em contextos urbanos, cuja memória reside na fala dos seus sujeitos, foi necessário construir um método de investigação, baseado na História Oral, que desvelasse essas vivências ainda não estudadas pela historiografia, bem como as conflitivas relações de fronteira daí decorrentes. A partir da história oral foi possível entender a dinâmica de deslocamento e inserção dos índios urbanos no contexto da sociedade nacional, bem como perceber os entrelugares construídos por estes grupos étnicos na luta pela sobrevivência e no enfrentamento da sua condição de invisibilidade.

MUSSI, P. L. V. Tronco velho ou ponta da rama? A mulher indígena terena nos entrelugares da fronteira urbana. Patrimônio e Memória, n. 1, 2008.

O uso desse método para compreender as condições dos povos indígenas nas áreas urbanas brasileiras justifica-se por

a) focalizar a empregabilidade de indivíduos carentes de especialização técnica.   

b) permitir o recenseamento de cidadãos ausentes das estatísticas oficiais.   

c) neutralizar as ideologias de observadores imbuídos de viés acadêmico.   

d) promover o retorno de grupos apartados de suas nações de origem.   

e) registrar as trajetórias de sujeitos distantes das práticas de escrita.   

17. (Enem 2017) 

A fotografia, datada de 1860, é um indício da cultura escravista no Brasil, ao expressar a

a) ambiguidade do trabalho doméstico exercido pela ama de leite, desenvolvendo uma relação de proximidade e subordinação em relação aos senhores.   

b) integração dos escravos aos valores das classes médias, cultivando a família como pilar da sociedade imperial.   

c) melhoria das condições de vida dos escravos observada pela roupa luxuosa, associando o trabalho doméstico a privilégios para os cativos.   

d) esfera da vida privada, centralizando a figura feminina para afirmar o trabalho da mulher na educação letrada dos infantes.   

e) distinção étnica entre senhores e escravos, demarcando a convivência entre estratos sociais como meio para superar a mestiçagem.   

18. (Enem PPL 2019) Os pesquisadores que trabalham com sociedades indígenas centram sua atenção em documentos do tipo jurídico-administrativo (visitas, testamentos, processos) ou em relações e informes e têm deixado em segundo plano as crônicas. Quando as utilizam, dão maior importância àquelas que foram escritas primeiro e que têm caráter menos teórico e intelectualizado, por acharem que estas podem oferecer informações menos deformadas. Contrariamos esse posicionamento, pois as crônicas são importantes fontes etnográficas, independentemente de serem contemporâneas ao momento da conquista ou de terem sido redigidas em período posterior. O fato de seus autores serem verdadeiros humanistas ou pouco letrados não desvaloriza o conteúdo dessas crônicas.

PORTUGAL, A. R. O ayllu andino nas crônicas quinhentistas: um polígrafo na literatura brasileira do século XIX (1885-1897). São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.

As fontes valorizadas no texto são relevantes para a reconstrução da história das sociedades pré-colombianas porque

a) sintetizam os ensinamentos da catequese.   

b) enfatizam os esforços de colonização.   

c) tipificam os sítios arqueológicos.   

d) relativizam os registros oficiais.   

e) substituem as narrativas orais.   

19. (Enem 2017) Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov. br. Acesso em: 27 abr. 2017.

A persistência das reivindicações relativas à aplicação desse preceito normativo tem em vista a vinculação histórica fundamental entre

a) etnia e miscigenação racial.    

b) sociedade e igualdade jurídica.    

c) espaço e sobrevivência cultural.    

d) progresso e educação ambiental.    

e) bem-estar e modernização econômica.    

20. (Enem PPL 2017) No primeiro semestre do ano de 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte judicial brasileira, prolatou decisão referente ao polêmico caso envolvendo a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, onde habitam aproximadamente dezenove mil índios aldeados nas tribos Macuxi, Wapixana, Taurepang, Ingarikó e Paramona – em julgamento paradigmático que estabeleceu uma série de conceitos e diretrizes válidas não só para o caso em questão, mas para todas as reservas indígenas demarcadas ou em processo de demarcação no Brasil.

SALLES, D. J. P. C. Disponível em: www.ambito-juridico.com.br. Acesso em: 30 jul. 2013 (adaptado).

A demarcação de terras indígenas, conforme o texto, evidencia a

a) ampliação da população indígena na região.   

b) função do Direito na organização da sociedade.   

c) mobilização da sociedade civil pela causa indígena.    

d) diminuição do preconceito contra os índios no Brasil.    

e) pressão de organismos internacionais em defesa dos índios brasileiros.    

21. (Uece 2019) Considerando o que se entende por “relações étnico-raciais”, assinale a afirmação verdadeira.

a) Os seres humanos não têm raça, apenas são biologicamente diferentes por sua cor de pele, embora sejam todos culturalmente iguais.   

b) As relações étnico-raciais revelam a globalização das sociedades, com a superação das diferenças raciais e de pertencimentos culturais entre os povos.   

c) Raça é compreendida como a construção social estabelecida nas tensas relações entre brancos e negros, muitas vezes simuladas como harmoniosas; e etnia se refere a grupos que estão juntos devido a sua cultura e seus interesses historicamente comuns.   

d) As relações étnico-raciais expressam diferenças e interesses entre as classes sociais, e como cada classe se posiciona na organização da produção material da vida cotidiana.   

 

22. (Unesp 2020) Leia o texto e observe o mapa para responder à questão a seguir.

Nem existia Brasil no começo dessa história. Existiam o Peru e o México, no contexto pré-colombiano, mas Argentina, Brasil, Chile, Estados Unidos, Canadá, não. No que seria o Brasil, havia gente no Norte, no Rio, depois no Sul, mas toda essa gente tinha pouca relação entre si até meados do século XVIII. E há aí a questão da navegação marítima, torna-se importante aprender bem história marítima, que é ligada à geografia. [...] Essa compreensão me deu muita liberdade para ver as relações que Rio, Pernambuco e Bahia tinham com Luanda. Depois a Bahia tem muito mais relação com o antigo Daomé, hoje Benin, na Costa da Mina. Isso formava um todo, muito mais do que o Brasil ou a América portuguesa. [...]

Nunca os missionários entraram na briga para saber se o africano havia sido ilegalmente escravizado ou não, mas a escravidão indígena foi embargada pelos missionários desde o começo, e isso também é um pouco interesse dos negreiros, ou seja, que a escravidão africana predomine. [...] A escravização tem dois processos: o primeiro é a despersonalização, e o segundo é a dessocialização.

(Luiz Felipe de Alencastro. Entrevista a Mariluce Moura. “O observador do Brasil no Atlântico Sul”. In: Revista Pesquisa Fapesp, no 188, outubro de 2011.)


A “despersonalização” e a “dessocialização” dos escravizados podem ser associadas, respectivamente,

a) ao fato de que os escravos eram identificados por números marcados a ferro e à interdição do contato entre os cativos e seus senhores.    

b) à noção do escravo como mercadoria e ao fato de que os africanos eram extraídos de sua comunidade de origem.    

c) à noção do escravo como tolerante ao trabalho compulsório e ao fato de que ele era proibido de fazer amizades ou constituir família.    

d) ao fato de que os escravos eram etnologicamente indistintos e à proibição de realização de festas e cultos.   

e) à noção do escravo como desconhecedor do território colonial e ao fato de que ele não era reconhecido como brasileiro.    

23. (Enem PPL 2019) O frevo é uma forma de expressão musical, coreográfica e poética, enraizada no Recife e em Olinda, no estado de Pernambuco. O frevo é formado pela grande mescla de gêneros musicais, danças, capoeira e artesanato. É uma das mais ricas expressões da inventividade e capacidade de realização popular na cultura brasileira. Possui a capacidade de promover a criatividade humana e também o respeito à diversidade cultural. No ano de 2012, a Unesco proclamou o frevo como Patrimônio Imaterial da Humanidade.

PORTAL BRASIL. Disponível em: www.brasil.gov.br. Acesso em: 10 fev. 2013. 

A característica da manifestação cultural descrita que justifica a sua condição de Patrimônio Imaterial da Humanidade é a

a) conversão dos festejos em produto da elite.   

b) expressão de sentidos construídos coletivamente.   

c) dominação ideológica de um grupo étnico sobre outros.   

d) disseminação turística internacional dos eventos festivos.   

e) identificação de simbologias presentes nos monumentos artísticos.   

24. (Unesp 2018) No Brasil, para uma população 54% negra (incluídos os pardos), apenas 14% dos juízes e 2% dos procuradores e promotores públicos são negros. Juízes devem ser imparciais em relação a cor, credo, gênero, e os mais sensíveis desenvolvem empatia que lhes permite colocar-se no lugar dos mais desfavorecidos socialmente. Nos Estados Unidos, várias ONGs dedicam-se a defender réus já condenados. Como resultado do trabalho de apenas uma delas, 353 presos foram inocentados em novos julgamentos desde 1989. Desses, 219 eram negros. No Brasil, é uma incógnita o avanço social que seria obtido por uma justiça cega à cor.

(Mylene Pereira Ramos. “A justiça tem cor?”. Veja, 24.01.2018. Adaptado.)

Sobre o funcionamento da justiça, pode-se afirmar que

a) o preconceito étnico é fenômeno exclusivamente subjetivo e sem implicações na esfera pública. 

b) a neutralidade e objetividade no julgamento não estão sujeitas a fatores de natureza psicológica.   

c) a disparidade da composição étnica entre réus e juízes é um fator de crítica à atuação do Judiciário.   

d) a isenção jurídica é garantida por critérios objetivos que independem da origem étnica ou social.   

e) a imparcialidade nos julgamentos é fator que torna desnecessária a adoção de políticas afirmativas.   

25. (Enem (Libras) 2017) A miscigenação que largamente se praticou aqui corrigiu a distância social que de outro modo se teria conservado enorme entre a casa-grande e a mata tropical; entre a casa-grande e a senzala. O que a monocultura latifundiária e escravocrata realizou no sentido de aristocratização, extremando a sociedade brasileira em senhores e escravos, com uma rala e insignificante lambujem de gente livre sanduichada entre os extremos antagônicos, foi em grande parte contrariado pelos efeitos sociais da miscigenação.

FREYRE, G. Casa-grande & senzala. Rio de Janeiro: Record, 1999.

A temática discutida é muito presente na obra de Gilberto Freyre, e a explicação para essa recorrência está no empenho do autor em

a) defender os aspectos positivos da mistura racial.   

b) buscar as causas históricas do atraso social.   

c) destacar a violência étnica da exploração colonial.    

d) valorizar a dinâmica inata da democracia política.    

e) descrever as debilidades fundamentais da colonização portuguesa.    

26. (Enem PPL 2017) O racismo institucional é a negação coletiva de uma organização em prestar serviços adequados para pessoas por causa de sua cor, cultura ou origem étnica. Pode estar associado a formas de preconceito inconsciente, desconsideração e reforço de estereótipos que colocam algumas pessoas em situações de desvantagem.

GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012 (adaptado).

O argumento apresentado no texto permite o questionamento de pressupostos de universalidade e justifica a institucionalização de políticas antirracismo.

No Brasil, um exemplo desse tipo de política é a

a) reforma do Código Penal.    

b) elevação da renda mínima.    

c) adoção de ações afirmativas.    

d) revisão da legislação eleitoral.    

e) censura aos meios de comunicação.    

27. (Enem PPL 2017) Pude entender o discurso do cacique Aniceto, na assembleia dos bispos, padres e missionários, em que exigia nada mais, nada menos que os índios fossem batizados. Contestava a pastoral da Igreja, de não interferir nos costumes tribais, evitando missas e batizados. Para Aniceto, o batismo aparecia como sinal do branco, que dava reconhecimento de cristão, isto é, de humano, ao índio.

MARTINS, J. S. A chegada do estranho. São Paulo: Hucitec, 1993 (adaptado).

O objetivo do posicionamento do cacique xavante em relação ao sistema religioso externo às tribos era

a) flexibilizar a crença católica e seus rituais como forma de evolução cultural.   

b) acatar a cosmologia cristã e suas divindades como orientação ideológica legítima.    

c) incorporar a religiosidade dominante e seus sacramentos como estratégia de aceitação social.    

d) prevenir retaliações de grupos missionários como defesa de práticas religiosas sincréticas.    

e) reorganizar os comportamentos tribais como instrumento de resistência da comunidade indígena.    

28. (Enem PPL 2017) TEXTO I

Frantz Fanon publicou pela primeira vez, em 1952, seu estudo sobre colonialismo e racismo, Pele negra, máscaras brancas. Ao dizer que “para o negro, há somente um destino” e que esse destino é branco, Fanon revelou que as aspirações de muitos povos colonizados foram formadas pelo pensamento colonial predominante.

BUCKINGHAM, W. et al. O livro da filosofia. São Paulo: Globo, 2011 (adaptado).

 

TEXTO II

Mesmo que não queiramos cobrar desses estabelecimentos (salões de beleza) uma eficácia política nos moldes tradicionais da militância, uma vez que são estabelecimentos comerciais e não entidades do movimento negro, o fato é que, ao se autodenominarem “étnicos” e se apregoarem como divulgadores de uma autoimagem positiva do negro em uma sociedade racista, os salões se colocam no cerne de uma luta política e ideológica.

GOMES, N. Corpo e cabelo como símbolos da identidade negra. Disponível em: www.rizoma.ufsc.br. Acesso em: 13 fev. 2013.

Os textos apresentam uma mudança relevante na constituição identitária frente à discriminação racial. No Brasil, o desdobramento dessa mudança revela o(a)

a) valorização de traços culturais.   

b) utilização de resistência violenta.   

c) fortalecimento da organização partidária.    

d) enfraquecimento dos vínculos comunitários.    

e) aceitação de estruturas de submissão social.    

29. (Enem PPL 2016) Flor da negritude

Nascido numa casa antiga, pequena, com grande quintal arborizado, localizada no subúrbio de Lins de Vasconcelos, o Renascença Clube foi fundado por 29 sócios, todos negros. Buscava-se instaurar, por meio do Renascença, um campo de relações em que os filhos de famílias negras bem-sucedidas pudessem encontrar pessoas consideradas do mesmo nível social e cultural, para fins de amizade ou casamento. Os homens usavam trajes obrigatoriamente formais, flores na lapela, às vezes de summer ou até de fraque. As mulheres se vestiam com muitas sedas, cetins e rendas, não esquecendo as luvas e os chapéus.

GIACOMINI, S. M. Revista de História da Biblioteca Nacional, 19 set 2007 (adaptado).

No início dos anos 1950, a fundação do Renascença Clube, como espaço de convivência, demonstra o(a)

a) inexperiência associativa que levou a elite negra a imitar os clubes dos brancos.   

b) isolamento da comunidade destacada que ignorava a democracia racial brasileira.   

c) interesse de um grupo de negros na afirmativa social para se livrar do preconceito.   

d) existência de uma elite negra imune ao preconceito pela posição social que ocupava.   

e) criação de um racismo invertido que impedia a presença de pessoas brancas nesses clubes.   

30. (Ufu 2015) A questão da demarcação de terras indígenas tem ao longo do tempo suscitado diversos conflitos. Mais recentemente, observou-se a possibilidade de modificar os critérios de demarcação, pois, conforme seus críticos, os regulamentos vigentes possibilitariam a ação de “indígenas civilizados”, ou seja, aqueles que supostamente teriam perdido sua identidade indígena, e que agora a reivindicavam com o intuito de obter terras. No centro deste debate, encontra-se a definição do que é ser indígena, enfim, a definição dos critérios definidores de uma etnia.

Para os estudos antropológicos atuais, define-se uma etnia por meio da

a) identificação da presença de traços fenotípicos comuns a uma população, atrelados ao cultivo de uma tradição cultural.   

b) ocupação territorial de um país específico e pela persistência de traços culturais tradicionais.   

c) identificação de uma concepção, partilhada por uma população, da existência de uma trajetória histórica comum que funda uma identidade.   

d) identificação de traços raciais comuns a uma população, aliados a elementos culturais específicos.   

31. (Uem 2014) “[...] Protegidos por sua retirada para regiões de difícil acesso, os Jê do Sul do Brasil sobreviveram por alguns séculos aos Tupi, logo liquidados pelos colonizadores. Nas florestas dos estados meridionais, Paraná e Santa Catarina, pequenos bandos selvagens mantiveram-se até o século XX; talvez ainda subsistissem alguns em 1935, tão ferozmente perseguidos nos últimos cem anos que se mantinham invisíveis; porém, a maioria fora aldeada e assentada pelo governo brasileiro, por volta de 1914, em vários centros” 

(LÉVI-STRAUSS, C. Tristes Trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 144).

A partir dos significados da cultura segundo a antropologia, da história dos conflitos entre populações indígenas e outros grupos humanos e do texto de Lévi- Strauss, é correto afirmar que 

01) a inferioridade cultural dos índios Jê frente a outros grupos humanos foi o principal fator que contribuiu para o seu desaparecimento. 

02) a perseguição feroz a grupos étnicos distintos do grupo socialmente dominante pode levar à invisibilidade social dos grupos perseguidos. 

04) a perseguição e o massacre dos índios Jê no Sul do Brasil foram fortemente motivados por pontos de vista etnocêntricos, interesses de Estado e ação de grupos sociais diversos. 

08) já não existiam grupos indígenas no Sul do Brasil no início do século XX. 

16) o etnocentrismo, o preconceito, os interesses econômicos e as relações de poder influenciaram a maioria dos estados modernos no desrespeito aos direitos e às culturas das populações nativas que habitam seus territórios. 

32. (Unicentro 2012) A suposição de que havia um consenso absoluto sobre a organização social e a vida cultural de cada tribo só era possível através da ideia que os administradores e cientistas europeus tinham da “tradição”. As sociedades “tribais” (ou “primitivas”) seriam, para eles, “sociedades tradicionais” — não só as regras de conduta eram pautadas rigidamente pelo costume, como esse costume era transmitido, oralmente e de forma imutável, de geração a geração, desde o princípio dos tempos. Os europeus não admitiam que os africanos pudessem refletir criticamente sobre a sua própria cultura”. 

FIGUEIREDO, Fábio Baqueiro. História da África. Brasília: Ministério da Educação; Salvador: Centro de Estudos Afro-Orientais, 2010. 144.

O texto pontua a construção do olhar europeu sobre a África, no período colonial.

A partir dos debates atuais sobre as relações étnicas no Brasil, identifique com V ou F, conforme sejam verdadeiras ou falsas as afirmativas sobre o texto.

(aa) O resultado sociopolítico dessa visão estereotipada ainda hoje pode ser observado em relação à população afro-brasileira.

(aa) Os conflitos raciais resultam de estereótipos sociais, e não de fatos científicos.

(aa) Um indivíduo etnocêntrico não tem capacidade de observar outras culturas nas próprias condições em que elas se mostram.

A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a

a) V V V
b) F V V
c) V F F
d) F V F
e) V V F

33. (Uem-pas 2012) Segundo a autora Valéria Pilão, “Há um grupo no estado de São Paulo chamado ‘Carecas do ABC’, cuja atividade coletiva chegou ao extremo de jogarem um garoto pela janela do trem, pois o mesmo era punk. As manifestações homofóbicas também estão presentes, o preconceito contra o negro é outra característica que permeia estes movimentos. Na cidade de Curitiba, capital do estado do Paraná, recentemente (set/2005) um grupo pregando ‘o orgulho branco’ agrediu um negro na região denominada setor histórico. Suas atitudes não pararam por aí, panfletos cujo conteúdo propunha o preconceito ao homossexual e ao negro foram afixados nos postes do local.” 

(PILÃO, V. Movimentos sociais. In: LORENSETTI, E. et al. Sociologia. Curitiba: SEED-PR, 2006, p. 241-242).

Levando em consideração o texto acima, é correto afirmar que

a) a discriminação contra os grupos sociais considerados minoritários, como aparece no texto citado, respeita o ordenamento jurídico brasileiro. 

b) as situações de violência descritas no texto expressam a persistência de preconceitos contra homossexuais e negros na sociedade brasileira. 

c) no Brasil, após a promulgação da Constituição de 1988, o preconceito e a discriminação contra grupos minoritários deixaram de existir. 

d) o preconceito e a discriminação contra homossexuais e negros contribuem para tornar a sociedade brasileira homogênea, saudável e pacífica. 

34. (Uem 2012) Leia o texto a seguir e assinale o que for correto sobre o tema da diversidade étnica. 

“[...] Na verdade, raça, no Brasil jamais foi um termo neutro; ao contrário, associou-se com frequência a uma imagem particular do país. Muitas vezes, na vertente mais negativa de finais do século XIX, a mestiçagem existente no país parecia atestar a falência da nação [...]” 

(SCHWARCZ, Lilia Moritz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na intimidade. In: NOVAIS, Fernando & SCHWARCZ, Lilia Moritz (orgs.) História da Vida Privada no Brasil. Contrastes da intimidade contemporânea,. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 177).

a) Os termos raça e etnia se equivalem. Ambos fazem referência à composição de grupos de pessoas com características fisiológicas e biológicas comuns. 

b) Os estudos centrados na noção de raça classificam a humanidade por meio da seleção natural e da organização genética. 

c) Por ser o Brasil o país com o maior número de negros e afrodescendentes depois do continente africano, não é pertinente discutir no Brasil o racismo. 

d) Nas décadas seguintes à abolição da escravatura, a integração dos negros à sociedade brasileira foi marcada pela adoção de mecanismos de inclusão que resultaram, recentemente, na implantação das chamadas políticas de ação afirmativa. 

35. (Unisc 2012) “Em um contexto nacional em que o desenvolvimento econômico é institucionalmente defendido como a solução para todos os males sociais, se faz necessário refletir sobre a forma como os indígenas são representados nos meios de mídia de massa na atualidade. A evidente emergência de discursos anti-indigenistas nestes meios tem consequência direta na vida destas coletividades, na forma como são tratadas cotidianamente pelas populações não índias, com as quais, inevitavelmente, convivem e compartilham espaços.
Assim como nos séculos passados, não são poucos os episódios de perseguição a minorias autóctones e quilombolas no Brasil do século XXI. Há uma recorrência de manifestações anti-indigenistas, estas não se dão de forma regular, estável, mas oscilam, surgem entre extremos situados entre o esquecimento/apagamento e o revisionismo/memória de uma construção de nação que destina um lugar aos indígenas apenas e tão somente no seu passado.”
 

Fonte: PRADELLA, L. G.; ELTZ, D. Mídia de massa e anti-indigenismo no sul do Brasil do século XXI. In: RIO GRANDE DO SUL. Coletivos guaranis no Rio Grande do Sul. Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul/Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, 2010, p. 50). 

 

I. O texto defende o fenômeno da aculturação para resolução e integração dos povos indígenas na sociedade nacional.

II. Segundo os autores, os meios de comunicação de massa são responsáveis pela fiscalização de políticas indigenistas, representando todos os pontos de vista em seus discursos midiáticos.

III. Conforme o texto, a mídia, de forma recorrente, nega a atualidade dos direitos indígenas na nação brasileira.

IV. Para os autores, discursos anti-indigenistas baseiam-se na defesa do valor histórico das populações indígenas.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente a afirmativa I está correta. 

b) Somente a afirmativa III está correta. 

c) Somente as afirmativas I e IV estão corretas. 

d) Somente as afirmativas III e IV estão corretas. 

e) Somente as afirmativas I e II estão corretas. 

36. (Unioeste 2011) “Na segunda metade do século XX, a tendência à superação das ideias racistas permitiu que diferentes povos e culturas fossem percebidos a partir de suas especificidades. Grupos de negros pressionaram pela adoção de medidas legais que garantissem a eles igualdade de condições e combatessem a segregação racial. Chegamos então ao ponto em que nos encontramos, tendo que tirar o atraso de décadas de descaso por assuntos referentes à África”. 

Marina de Mello e Souza. A descoberta da África. RHBN, ano 4, n. 38, novembro de 2008, p.72-75.

A partir deste texto e do conhecimento da sociologia a respeito da questão racial em nosso país, é possível afirmar que

a) autores como Gilberto Freyre, Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, Darcy Ribeiro, entre outros tantos autores, são importantes por chamarem a atenção do país para o papel dos negros na construção do Brasil e da brasilidade, e as formas de exclusão explícitas e implícitas que sofreram. 

b) apesar de relevante a luta contra o preconceito racial, o estudo da África só diria respeito ao conhecimento do passado, do período do Descobrimento do Brasil até a abolição da escravidão entre nós. 

c) estudar a África só nos indicaria a captura e a escravidão de diferentes povos africanos, tendo em vista que raça e o racismo são categorias ideológicas as quais servem para encobrir as fortes tensões sociais existentes entre a imensa classe de pobres e o seu oposto à dos ricos. 

d) a autora quer dizer que devemos hoje operar cada vez mais com categorias tais como a especificidade da raça negra, da raça branca, da raça amarela e outras mais. 

37. (Unioeste 2011) Quanto aos índios brasileiros, a partir dos estudos sociológicos já feitos e existentes hoje, está correto dizer que

a) estão em via de extinção posto serem culturas primitivas e atrasadas com relação à sociedade brasileira, daí se inviabilizarem como grupo social. 

b) não há mais índios no país, posto que só existiriam índios quando da descoberta do Brasil e no período Colonial, quando pelas guerras, doenças e outros fatores advindo do contato com os colonizadores, vieram a se extinguir. 

c) apesar das desigualdades sociais imensas que sofreram e sofrem, marginalizando-os, eles continuam presentes marcando, atualmente, muito melhor suas identidades e pertencimentos culturais específicos, abrindo e conquistando espaços políticos dentro da sociedade brasileira. 

d) não mais existem índios no Brasil, pois que todos eles já entraram na sociedade brasileira, adquirindo os bens e serviços desta, daí não haver mais nenhuma cultura indígena pura, verdadeira, a qual possamos nos referir como legitimamente indígena. 

38. (Uenp 2010) Do ponto de vista sociológico, no Brasil se constituiu sobre o mito da democracia racial principalmente depois da publicação de Casa grande e senzala de Gilberto Freyre (2003). De acordo com Florestan Fernandes (1965) o ideal de miscigenação fora difundido como mecanismo de absorção do mestiço não para a ascensão social do negro, mas para a hegemonia da classe dominante. O mito da democracia racial assentou-se sobre dois fundamentos: 1) o mito do bom senhor; 2) o mito do escravo submisso.

Analise as afirmações: 

I. A crença no bom senhor exalta a vulgaridade das elites modernas, como diria Contardo Calligaris, e juntamente com uma espécie de pseudocordialidade seriam responsáveis pela manutenção e o aprofundamento das diferenças sociais.

II. O mito do escravo submisso fez com que a sociedade de um modo geral não encarasse de frente a violência da escravidão, fez com que os ouvidos se ensurdecessem aos clamores do movimento negro, por direitos e por justiça.

III. As proposições legislativas sobre a inclusão de negros vão desde o Projeto de Lei que reserva aos negros um percentual fixo de cargos da administração pública, aos que instituem cotas para negros nas universidades públicas e nos meios de comunicação. 

Assinale a alternativa correta:

a) todas as afirmações são verdadeiras.
b) apenas a afirmação II e verdadeira.
c) as afirmações I e III são verdadeiras.
d) as afirmações I e II são falsas.
e) todas as afirmações são falsas.

39. (Uenp 2010) Leia o trecho da música Haiti, de Caetano Veloso e Gilberto Gil: 


Quando você for convidado pra subir no adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)
E aos quase brancos pobres como pretos
Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados

Assinale a alternativa correta.

a) Não existe, na música, uma referência indireta ao haitianismo. 

b) A música faz referência a um processo de exclusão seletiva que atinge de forma mais gravosa a população negra. 

c) É possível afirmar que os processos de exclusão atingem, da mesma forma, brancos e negros. 

d) A alusão ao Haiti é para fazer contraposição à situação brasileira. 

e) O texto faz referência ao processo de miscigenação racial pela qual passa o Brasil. 

40. (Unesp 2013) Hoje, a melhor ciência informa que as etnias são variações cosméticas do núcleo genético humano, incapazes sozinhas de determinar a superioridade de um indivíduo ou grupo sobre outros. Segundo o médico Sérgio Pena, não somos todos iguais, somos igualmente diferentes. É uma beleza, do ponto de vista da antropologia genética, esperar que, um dia, ela ajude a desvendar o enigma clássico da condição humana que é a eterna desconfiança do outro, do diferente, do estrangeiro. O DNA nada sabe desse sentimento. No seu coração genético, a espécie humana é tão mais forte e sadia quanto mais variações apresenta. 

(Fábio Altman. Unidos pelo futebol … e pelo DNA. Veja, 09.06.2010. Adaptado.) 

Esta reportagem aborda o tema das diferenças entre as etnias humanas sob um ponto de vista contrastante em relação a outras abordagens vigentes ao longo da história. Em termos éticos, trata-se de uma abordagem promissora, pois

a) opõe-se às teorias antropológicas que criticaram o etnocentrismo ocidental em seu papel de justificação ideológica do colonialismo. 

b) apresenta argumentos científicos que provam o caráter prejudicial da miscigenação para o progresso da humanidade. 

c) fornece uma fundamentação científica para justificar estereótipos racistas presentes no pensamento cotidiano e no senso comum. 

d) permite um questionamento radical dos ideais universalistas inspiradores de políticas de preservação dos direitos humanos. 

e) estabelece uma ruptura com teorias eugenistas que defenderam a purificação racial como meio de aperfeiçoamento da humanidade. 

 




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